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Estado de Minas ECONOMIA

Um ano ap�s Brumadinho, alta c�pula da Vale tenta se defender de acusa��es


postado em 19/01/2020 16:00

Foi dentro de um jato particular da Vale, durante a viagem de volta ao Brasil, depois de participar do F�rum Econ�mico de Davos, na Su��a, que Fabio Schvartsman, ent�o presidente da mineradora, recebeu a not�cia do rompimento da barragem do C�rrego do Feij�o, em Brumadinho (MG). Um ano ap�s a trag�dia de 25 de janeiro, um dos maiores acidentes ambientais do mundo, que deixou 259 pessoas mortas - 11 ainda est�o desaparecidas -, o executivo est� imerso na prepara��o de sua defesa.

O voo de Davos tinha S�o Paulo como destino final. Ele passaria o fim de semana com a fam�lia. Ainda no ar, recebeu um telefonema do diretor de sustentabilidade e rela��es institucionais da Vale, Luiz Eduardo Os�rio. Na mesma hora, decidiu pousar no Rio. A liga��o mudou a rota de sua carreira.

Aos 65 anos, o ex-principal executivo da Vale tinha dito que coroaria sua trajet�ria profissional � frente da mineradora. Agora, tenta se livrar de potenciais processos de neglig�ncia que possam recair sobre ele. A expectativa � de que o Minist�rio P�blico de Minas Gerais apresente nos pr�ximos dias as den�ncias criminais contra a Vale e seus principais gestores.

Considerado um dos maiores executivos do Pa�s, ap�s passagens pela empresa de papel Klabin e pelo grupo Ultra, Schvartsman assumiu o comando da Vale em maio de 2017, sob o lema "Mariana nunca mais". Em fun��o da trag�dia de Brumadinho, est� afastado do grupo desde mar�o de 2019 a pedido do Minist�rio P�blico Federal e de Minas Gerais.

O executivo n�o aceitou ser amparado pela �rea jur�dica da mineradora. Contratou uma equipe estrelada de advogados criminalistas, entre eles a banca de Pierpaolo Bottini, que defendeu o empres�rio Joesley Batista, um dos donos da Friboi.

A defesa de Schvartsman tamb�m chamou o escrit�rio Barbosa, Mussnich e Arag�o (BMA) para fazer uma investiga��o interna a pedido do pr�prio executivo para vasculhar milhares de e-mails, trocas de mensagens de celular e atas de reuni�o que o executivo participou para mostrar que ele n�o teve responsabilidade direta no acidente.

Com perfil discreto, mas posicionamento firme em grandes negocia��es, Schvartsman est� recolhido nos �ltimos meses, mas n�o saiu totalmente de cena. Costuma ser visto nos principais restaurantes da regi�o da Faria Lima, principal corredor do mercado financeiro do Pa�s. Neste m�s, viajou com sua fam�lia para os Estados Unidos.

Procurados, o executivo e a defesa n�o quiseram conceder entrevista. A Vale informou que coloca � disposi��o assessoria jur�dica a seus empregados por se tratar de uma investiga��o sobre fatos ocorridos durante o exerc�cio de suas atividades profissionais.

'Seguro reputa��o'

Para se defenderem de potenciais acusa��es de neglig�ncia pela trag�dia ambiental de Brumadinho, executivos da Vale acionaram o seguro de responsabilidade civil de diretores e Administradores (D&O;), conhecido no mercado como "seguro de reputa��o". Comum nos EUA, essa cobertura � concedida ao alto escal�o de grandes empresas que t�m riscos ambientais ou que podem enfrentar processos de corrup��o.

No caso da Vale, esse seguro garante n�o s� a defesa jur�dica, mas a prote��o do patrim�nio pessoal dos principais executivos, de atos e decis�es tomadas por eles em suas fun��es em cerca de US$ 150 milh�es. Antes do desastre de Mariana, essa cobertura, feita pela seguradora Zurich, era de US$ 200 milh�es.

Ap�s a trag�dia de Brumadinho, quatro executivos da Vale foram afastados. Al�m de Fabio Schvartsman, sa�ram Peter Poppinga, diretor da �rea de ferrosos e carv�o do grupo, L�cio Fl�vio Gallon Cavalli, de planejamento, e Silmar Magalh�es Silva, de opera��es do corredor sudeste. Todos continuam recebendo sal�rios da Vale.

Respons�vel pelas opera��es da mineradora, Peter Poppinga corre o risco de ser responsabilizado criminalmente pelo acidente, dizem fontes.

Apesar do afastamento de Poppinga ter sido anunciado como tempor�rio, seu contrato com a Vale terminou no ano passado. Fora do mercado, ele vive em compasso de espera de uma eventual den�ncia. Representado pelo escrit�rio David Rechulski, Poppinga tem adotado postura colaborativa com as autoridades. Tamb�m entregou seus passaportes - brasileiro e alem�o, j� que tem dupla nacionalidade - depois que o Minist�rio P�blico Federal tentou pedir sua pris�o alegando a possibilidade de fuga do Pa�s.

O executivo j� enfrentava a��o penal relativa ao rompimento da barragem da Samarco, joint venture entre Vale e BHP, em Mariana, em novembro de 2015, por ser conselheiro de administra��o do grupo. Em setembro passado, contudo, o juiz do caso Samarco rejeitou a den�ncia do MPF contra os membros do conselho.

Uma an�lise t�cnica sobre barragens preparada pelo especialista em minera��o, Juarez Saliba, que � executivo da Vale, e um relat�rio de governan�a e risco e compliance da auditoria Delloite, que foram pedidos por Fabio Schvartsman antes do acidente de Brumadinho, ser�o usados pelas defesas dos executivos.

Procurados, Zurich, Delloite e Rechulski n�o comentam.

Queda na arrecada��o

A paralisa��o de opera��es de minas da Vale ap�s Brumadinho gerou perda de R$ 22,3 bilh�es em receitas para a economia de Minas Gerais no ano passado. A estimativa Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) leva em conta perdas na ind�stria extrativa e em outros setores da economia. A retra��o do setor e a crise fiscal no Estado levaram a entidade a projetar uma queda de 1,24% do PIB mineiro em 2019, contra estimativa de crescimento de 3,3% antes do desastre. Os impactos negativos devem continuar em 2020.

A��es voltam a patamar de antes de Brumadinho

O rompimento da barragem de Brumadinho arranhou a reputa��o da Vale, imp�s um freio �s suas metas de produ��o, mas, diante das propor��es da trag�dia, o estrago foi limitado do ponto de vista operacional.

Ap�s perder R$ 74 bilh�es em valor de mercado no preg�o seguinte ao desastre, quando era avaliada em R$ 290 bilh�es, as a��es da Vale j� est�o no mesmo patamar de antes do acidente. Na sexta-feira, 17, os pap�is fecharam a R$ 57, alta de 1,5% sobre dia 24 de janeiro de 2019, um dia antes do rompimento da barragem.

Com a redu��o da produ��o de min�rio da Vale, por causa do desastre, a oferta global da commodity diminuiu. Com isso, o pre�o do min�rio teve sustenta��o no patamar de US$ 100 a tonelada, atingindo um pico, no ano passado, de US$ 120, ante uma faixa de US$ 70 por tonelada antes do desastre.

Nos primeiros nove meses de 2019, a receita operacional da Vale totalizou US$ 27,6 bilh�es, alta de 3,2% sobre mesmo per�odo do ano anterior. A companhia registrou, contudo, preju�zo de US$ 121 milh�es, ante um ganho de US$ 3 bilh�es em rela��o aos nove primeiros meses de 2018. A Vale reportou provis�es e despesas de US$ 6,3 bilh�es relacionadas � ruptura da barragem de Brumadinho. Broadcast, sistema de not�cias em tempo real do Grupo Estado. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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