
Essa � a avalia��o do diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Carlos Ernesto Ferreira Starling, coordenador dos servi�os de controle de infec��es hospitalares dos hospitais Vera Cruz, Baleia, Life Center, Maria Am�lia Lins e Hospital de Olhos Rui Marinho, em Belo Horizonte. Em sua primeira proje��o, sem qualquer cuidado a Grande BH poder� registrar at� 8 mil interna��es pela doen�a respirat�ria, um n�mero que baixaria para 1.500 caso medidas como o isolamento social consigam erradicar 50% da transmiss�o.
Para o especialista, n�o � uma realidade isolar idosos e pessoas que t�m condi��es imunol�gicas mais vulner�veis para que os jovens e adultos voltem a trabalhar. “Isso n�o tem como. � um erro de racioc�nio, pois a doen�a n�o � apenas uma doen�a que atinge idosos. A COVID-19 acomete todas as faixas et�rias. Mesmo que boa parte das pessoas n�o desenvolva fases mais comprometedoras da doen�a, ela mata entre 0,4% ou 0,3% de pacientes jovens.

O infectologista volta a frisar que as medidas de isolamento s�o as mais efetivas para este momento. “A medida a ser adotada, hoje, � isolamento. O pico da epidemia ainda nem come�ou. Temos que ir monitorando a evolu��o da epidemia para tomar uma decis�o t�cnica acertada sobre o momento ideal de se relaxar com as medidas de conten��o social”, afirma.
Enquanto isso, o m�dico avalia ser necess�rio manter os setores produtivos que s�o imprescind�veis. “O que tem que funcionar � a prote��o social e de setores que s�o importantes. Precisamos evitar um colapso total do sistema de sa�de. Se liberar, n�o teremos como tratar os doentes por falta de meios”, alerta.
Um aspecto que o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia afirma ser primordial � que as pessoas percebam que aos poucos adapta��es v�o sendo realizadas para que o pa�s n�o fique completamente parado. “Ajustes devem ser feitos a todo momento, e esses ajustes v�o manter a economia rodando. Tudo com base t�cnica. N�o se acaba com uma epidemia com discurso, nem por decreto”, disse. A��es necess�rios seriam, por exemplo, manter os postos de gasolina e mec�nicas funcionando para que os ve�culos de transporte de cargas n�o cessem o abastecimento das cidades. “Ajustes ser�o para economia, mas isso deve ser uma coisa paulatina e respons�vel”.
Isolamento
Certos trabalhadores n�o poder�o deixar de ir aos seus empregos e com isso se tornar�o uma fonte perigosa de contamina��o para toda a sua fam�lia. Para esses casos, o m�dico infectologista recomenda uma compartimenta��o do isolamento. “Se for poss�vel, se afastar dos idosos e pessoas com baixa imunidade. Quando voltar do trabalho, isso ser� necess�rio. Seria bom providenciar um quarto separado, banheiro separado com muita ventila��o. Ter muitos cuidados com a higiene. Lavar bem as m�os e as roupas, os utens�lios que podem entrar em contato com as pessoas nessas condi��es”.
Ao menor sintoma de gripe ou resfriado, o m�dico recomenda o afastamento completo. “A�, teria de ficar isolado mesmo. Se puder se mudar de casa por um tempo, tamb�m seria bom”. As altera��es nos ritmos de trabalho tamb�m s�o formas de aliviar a situa��o econ�mica e manter um isolamento m�nimo e racional, na opini�o do m�dico. “Tem gente que passou a dormir no trabalho. H� de se combinar com os patr�es tamb�m. Uma empregada dom�stica, por exemplo, que ia todos os dias, pode reduzir suas idas a duas vezes por semana nesse per�odo. Mudar o hor�rio de trabalho para pegar um transporte p�blico mais vazio. Tudo pode ser ajustado sem prejudicar o isolamento social que � necess�rio”, disse.
A condi��o das pessoas mais pobres, que vivem em favelas dormindo em casas onde por vezes toda a fam�lia divide um mesmo quarto � realmente mais preocupante. “Esse grupo � o mais vulner�vel a essa doen�a, como � a v�rias outras, e infelizmente precisar�o de adotar esfor�os maiores para se preservar dentro de sua realidade. A epidemia n�o come�ou pelas classes C, D e E, mas chegou l�. E ainda n�o come�ou a face mais cruel da doen�a”, alerta Starling.