Cidades do Norte de Minas fecham estradas e controlam acesso da popula��o

Colocar um amontoado de terra em vias p�blicas foi a medida adotada pelas prefeituras de Salinas e Lassance, no Norte de Minas, para fechar entradas das cidades e controlar o acesso de pessoas como a��o preventiva contra a propaga��o do coronav�rus. Os dois munic�pios s�o cortados por rodovias que d�o acesso a outra regi�es, o que aumenta a preocupa��o para conter o avan�o da Covid-19. Na mesma regi�o, em Mirabela, a “capital da carne de sol”, a prefeitura instalou obst�culos em 10 pontos de acesso � cidade.

Salinas (41,3 mil habitantes), a “capital da cacha�a”, fica �s margens da BR-251, que tem um grande fluxo de caminh�es e carretas que viajam do Sul/Sudeste para o Nordeste. J� Lassance (6,5 mil moradores) � cortada pela MGT- 496, usada por motoristas que viajam de Belo Horizonte para Pirapora (�s margens do Rio S�o Francisco). Lassance tornou-se conhecida por ser a cidade onde, em 1909, o pesquisador Carlos Chagas, fazendo exames em pacientes em um vag�o de trem da extinta Rede Ferrovi�ria Federal (RFFSA), descobriu o Trypanosoma cruzi, causador da doen�a de Chagas.

Na “capital da cacha�a”, com o uso de tratores, a prefeitura colocou terra em seis vias de acesso da cidade para impedir a entrada de pessoas oriundas de outros munic�pios. Foram instaladas tr�s barreiras sanit�rias, na quais os visitantes s�o abordados por profissionais de sa�de. Uma delas est� situada perto da rodovi�ria de Salinas, onde � feita a triagem de motoristas e passageiros que chegam pela BR 251.

A Prefeitura de Salinas adotou ainda uma s�rie de medidas contra a propaga��o da COVID-19, determinando o fechamento de estabelecimentos comerciais. De acordo com o �ltimo boletim da Secretaria de Sa�de do munic�pio, divulgado na tarde de segunda-feira, a cidade conta somente com um caso suspeito de coronav�rus, que est� sendo monitorado.

Em Lassance, os motoristas podem entrar na cidade pela MGT-496 passando apenas por dois acessos – um pelo lado direito e outro pelo lado esquerdo da rodovia, que atravessa a �rea urbana. Os demais acessos � estrada, ao longo de 1,4 quil�metro da �rea urbana, foram interditados pela prefeitura, que usou uma m�quina patrol para abrir valas e movimentar amontoados de terra.

Nos dois acessos (dos lados direito e esquerdo da MGT-496), a Secretaria Municipal de Sa�de montou uma barreira sanit�ria. Todos os visitantes respondem a um question�rio sobre a origem e as condi��es de sa�de, sendo orientados sobre os cuidados que devem adotar para a preven��o contra a COVID-19. A orienta��o para aqueles que apresentarem algum sintoma, como febre, falta de ar e tosse � que devem procurar o Centro de Sa�de. At� esta ter�a-feira, Lassance n�o teve nenhum caso suspeito de coronav�rus. 

O prefeito de Lassance, Paulo Elias Rodrigues (PDT), justifica que adotou medidas de controle mais rigorosas para a entrada na cidade porque o munic�pio recebe visitantes de v�rias regi�es de Minas e de outros estados, como S�o Paulo e Rio de Janeiro – “principais focos do coronav�rus no Brasil”.

Em Lassance, o funcionamento das balsas da travessia do Rio da Velhas, no acesso a comunidades rurais do munic�pio e cachoeiras, tamb�m est� restrito. As balsas s� podem fazer a travessia do rio at� as 18h – ap�s esse hor�rio, funcionam somente em casos de emerg�ncia. O com�rcio da cidade tamb�m foi fechado, exceto padarias, farm�cias, supermercados, a�ougues e peixarias, pet shops,  postos de combust�veis, oficinas mec�nicas, borracharias, ag�ncias banc�rias e similares.

“Desculpe-nos o transtorno. Esta barreira � para o combate ao novo coronav�rus”.  Este s�o os dizeres espalhados em diversas partes de Mirabela, cidade de 13,5 mil habitantes, no Norte de Minas. Como medida para impedir a transmiss�o da COVID-19, a prefeitura fechou 10 entradas da cidade, impedindo o tr�nsito em algumas delas com o uso de madeiras. O acesso � cidade  est� sendo poss�vel  somente por uma avenida, onde motoristas e passageiros que chegam s�o submetidos a uma triagem por equipe da Secretaria Municipal de Sa�de.

Mirabela � conhecida como a “capital da carne de sol” e as restri��es aos visitantes e demais medidas contra a transmiss�o do coronav�rus atingiram de cheio a venda do produto que d� fama � cidade. Enquanto estabelecimentos de outros ramos do com�rcio est�o fechados, os a�ougues do munic�pio (assim como supermercados, padarias e farm�cias) continuam abertos. Mas, sem a presen�a  de pessoas de outras cidades – sua principal clientela –, as vendas de carne de Mirabela tiveram uma grande queda no movimento.

“As nossas vendas ca�ram em torno de 50% depois das barreiras contra o coronav�rus, afirma Marcos Pereira de Souza, que trabalha em um a�ougue de Mirabela. “N�s dependemos dos viajantes”, diz o vendedor, lembrando que em torno de 60% a 70% das vendas das casas de carne do munic�pio s�o feitas para pessoas que passam pela BR-135 (estrada Montes Claros/Janu�ria) ou que visitam Mirabela. 

Atualmente, a carne de sol de Mirabela � comercializado a R$ 30 o quilo. Grande parte do produto tem como destino Montes Claros, Belo Horizonte e outras cidades, como “encomenda” ou “lembran�a” do Norte de Minas.

Marcos Pereira ressalta, por�m, que mesmo lamentando a queda no faturamento dos a�ougue, � a favor das medidas preventivas contra a transmiss�o do coronav�rus, que restringiu a circula��o de pessoas  e as  visitas a Mirabela. “Est� ruim para todo mundo. Se esta situa��o continuar por muito tempo, acho que muitos com�rcios v�o fechar. Mas � prefer�vel a vida do que o risco de morte”, assegura o vendedor.

Dono de uma lanchonete em Mirabela, Mardison Wesley Soares Martins, disse que ap�s ado��o de medidas preventivas contra a transmiss�o do coronav�rus por parte da prefeitura da cidade est� vendendo somente pelo sistema delivery. “As vendas ca�ram muito. Mais de 50%. Mas apoio as medidas (de preven��o contra a COVID-19). N�s temos que nos proteger”, disse Mardison, que tamb�m aprova a barreira sanit�ria na entrada da cidade.