
Renata � moradora do edif�cio JK, um dos maiores e mais antigos condom�nios de Belo Horizonte, onde moram 5 mil pessoas, grande parte delas sozinhas e com grande contingente de idosos. “A m�sica sempre esteve presente na minha vida. Meu pai era m�sico e minha fam�lia tinha momentos de “audi��o” em que sent�vamos todos em torno do toca-discos e ele ia explicando cada acorde, a fun��o dos instrumentos e a hist�ria da composi��o.
Tenho o h�bito de, todos os domingos � tarde, ir ao cinema. Por�m, diante do isolamento social, tenho ficado em casa. Atendo meus pacientes e alunos por v�deo e ou�o muita m�sica. As tardes de domingo me chamam especialmente a aten��o. Pensei em 17h porque � um momento em que, normalmente, ‘cai a ficha’ do final de semana chegando ao fim, um tom melanc�lico. A maioria das pessoas do meu andar mora s� e tive a ideia de fazer um convite para algo que n�o as incomodasse.”
Renata escreveu de pr�prio punho e colocou uma cartinha debaixo da porta de cada apartamento, teve o carinho de chamar um por um e perguntar se n�o haveria inc�modo para os vizinhos.

“Escolhi m�sica cl�ssica de cinema, de um CD da Orquestra Ouro Preto, coloquei a caixinha na porta e, aos pouco, as pessoas foram saindo. Escolhi meia hora para que n�o se transformasse em uma festa ou ‘au�’ e para que nos v�ssemos e sent�ssemos que, mesmo cada um em seu canto, estamos mais pr�ximos que imaginamos”.
A tradutora argentina Julieta Sueldo Boedo, radicada em BH, disse que ficou comovia com a iniciativa da vizinha. “Apesar de sermos 30 moradores no mesmo andar, quase nunca nos vemos ou interagimos. Foi um momento simples, t�o lindo, de estarmos ali, juntos, compartilhando nossa presen�a na m�sica naquele espa�o de passagem (corredor). M�gico!"