
Para retornar ao Brasil, Gabriel viveu uma verdadeira saga, que incluiu "morar "no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, dormir no carro, no estacionamento, comer o que fosse poss�vel, ficar sem banho e aprender uma artimanha que permitisse o retorno para casa.
O drama de Gabriel come�ou quando ele soube das not�cias sobre o Coronav�rus e decidiu que era hora de voltar ao Brasil. Seus planos eram visitar a fam�lia e a cidade-natal, Coluna, somente em julho, mas preferiu antecip�-los.
“Comprei passagem, primeiro para o dia 23, mas o voo foi cancelado e o remarcaram para o dia 27. Foi, de novo, cancelado, passando para o dia 31. Passei a pensar no que fazer. J� fazia parte de grupos de brasileiros que estavam na mesma situa��o que eu. L�, ouvi dizerem que as pessoas que estavam indo para o aeroporto, conseguiam embarcar. Foi o que decidi fazer no �ltimo s�bado”, conta Gabriel.
Ele foi de carro para o aeroporto. Achou mais seguro, pois evitaria contato no transporte. “Foi o melhor que fiz. Mas, ao chegar ao Humberto Delgado, levei um susto: estava lotado.”
Nos grupos de brasileiros pelo WhatsUp, segundo Gabriel, a maioria das pessoas queria fazer o mesmo, mas tinham medo. “Tnham medo, por exemplo, de entregar seu im�vel e ficar na rua.”
Uma vez no aeroporto, Gabriel logo se entrosou com outros brasileiros e come�ou a perceber que n�o seria t�o f�cil embarcar. “O melhor era dormir l� e, ainda de madrugada, ir para � frente do acesso ao embarque. Se houvesse vaga em voo, eles chamariam os primeiros dessa lista.”
Gabriel peregrinou pelo aeroporto e tentou dormir no carro. Antes de amanhecer, ele foi ao embarque. “Dividimos-nos em dois grupos, de 20 pessoas, para tentar o embarque. Come�aram a chamar os nomes, mas, como era um voo Latam, somente as pessoas que tinham passagem da companhia puderam embarcar.”
Da entrada na sala de embarque, at� entrar no avi�o, ainda havia a incerteza. Mas o avi�o partiu �s 19h30, em Lisboa, 13h30 de domingo, no Brasil. “N�o foi uma boa viagem. Eu sentia dores no corpo inteiro. N�o conseguia ficar quieto”, conta Gabriel.
O avi�o chegou a S�o Paulo por volta de 23h. Gabriel e o grupo, que tinha mais nove brasileiros, festejaram muito, mas ele ainda precisava chegar a BH. Outros, ao Rio de Janeiro e a Curitiba.
“N�o tinha mais voo para Confins. O que fizeram foi me mandar de Cumbica para o Aeroporto de Congonhas. Colocaram-me num voo, de madrugada. Enfim, eram 3h e tinha chegado. Fui direto para a casa de minha amiga”, desabafou.
Medo da fam�lia
Gabriel descansou e, ao tentar em falar com a fam�lia, teve outra surpresa. “Minha fam�lia est� com medo de que eu esteja contaminado. Conversaram comigo como se eu estivesse com o v�rus”, diz o pintor, que resolveu permanecer em Belo Horizonte, para cumprir quarentena. “Aqui n�o tem problema. Vou ficar num quarto da casa da minha amiga. Depois da quarentena, a�, sim, vou pra casa.”
O desejo, no entanto, � voltar a Portugal. "Vou esperar passar esse problema todo e voltar a Portugal. L� ,tenho clientela e muito servi�o. Tenho de voltar.”
Esperan�a oficial para quem est� na �frica do Sul
O grupo de mineiros retido na �frica do Sul foi informado nesta segunda-feira (30) de que deve voltar ao Brasil em 1 de abril. A not�cia do acordo intermediado pelo Itamaraty os encheu de esperan�a. “Acho que vou dormir melhor hoje. Sem hora para acordar. Alivia um pouco a cabe�a da gente. Mas vamos esperar que esse voo aconte�a”, diz a advogada Marina Machado, que est� com o noivo, Israel Catizani, na Cidade do Cabo.
A psic�loga Luciana Gaudio, que est� sozinha em Johanesburgo, tamb�m festejou. “N�o vejo a hora de ir embora, chegar em casa e encontrar meus filhos, Ian, de 10 anos e Luana, de 9.”