
Hospitais e funer�rias de Belo Horizonte sentem a multiplica��o dos infectados pelo novo coronav�rus (Sars-Cov-2). Num universo de quase 30 mil casos de mineiros suspeitos de estar com a COVID-19, h� mortes que ainda poder�o ser confirmadas e um fluxo ininterrupto de pacientes. Ontem, no dia em que o primeiro �bito pela doen�a foi confirmado em Minas, a rede Santa Casa informou j� ter enterrado 16 pessoas com suspeita de terem morrido pela COVID-19. Os n�meros levam em conta enterros realizados desde o dia 23.
O avan�o dos casos confirmados em Minas Gerais segue ampliando e mais que dobrou nos �ltimos sete dias, saltando de 130 no dia 24 para os 261 divulgados ontem pela SES-MG. O ritmo de pacientes infectados em Minas � semelhante ao de S�o Paulo e mais lento que no Rio de Janeiro, estado que dobrou seus �ltimos n�meros num espa�o de seis dias. A maior parte dos doentes mineiros, 163, se encontra em Belo Horizonte. Na capital, o ritmo de dobra dos �ltimos casos � um pouco maior que no estado, com oito dias, sendo que no dia 23 foram computados 85 doentes confirmados.
Uma centena de pacientes foi recebida no Hospital Eduardo de Menezes, mas nem todos em estado cr�tico. Gerente assistencial do hospital, a m�dica Tatiane Fereguetti afirma que a unidade vive uma expectativa de enfrentamento cont�nuo e racionaliza��o de insumos, mas que est� preparada para ondas mais volumosas de pacientes: “O hospital passou por diversas mudan�as para viabilizar um grande volume de atendimentos simult�neos com a pandemia. Todos os recursos humanos deixaram ambulat�rios e demais �reas e est�o na interna��o, linha de frente. Foi necess�rio organizar as alas para dar maior seguran�a aos trabalhadores e doentes. Leitos tiveram reconfigura��o, entradas e sa�das foram redesenhadas. Uma nova rotina de equipamentos de prote��o individual foi concebida, bem como um treinamento intenso".
De acordo com a m�dica, o hospital ainda aguarda a remessa da cloroquina prometida pelo Minist�rio da Sa�de para iniciar o tratamento de doentes com a droga que est� em estudos, mas isso n�o � o principal desafio no momento. “Temos pacientes que est�o sim aptos a receber a medica��o quando ela chegar. Mas o maior desafio, por enquanto, � preparar para receber um n�mero absurdo de pacientes ao mesmo tempo, tentando ampliar os leitos e rever os processos internos para preparar as equipes”, salienta.
Insumos
A situa��o da rede suplementar, composta pelos hospitais particulares, ainda � de oferta confort�vel de leitos, segundo a Central dos Hospitais de Minas Gerais. Mas a falta de insumos pode comprometer nos momentos em que as unidades enfrentarem volume maior de doentes. “Hoje, em m�dia, todos os hospitais t�m capacidade para receber os doentes. Est� confort�vel. Mas falta uma coordena��o. Um ajudando o outro. Se falta m�dico ou equipamentos em um, os outros poderiam ajudar, por exemplo”, disse o presidente da entidade que representa os hospitais e cl�nicas do estado, Reginaldo Te�fanes. “No hospital que dirijo, o Santa Rita, temos 70% das vagas desocupadas e respiradores para todos os leitos de pacientes cr�ticos. Mas estamos com falta de m�scaras, porque todo mundo saiu comprando, levou para casa. O governo quer se apoderar das produ��es de �lcool em gel e nos deixou na chuva”, afirma.
Preocupa��o redobrada nos funerais

A aten��o com a transmiss�o do novo coronav�rus n�o termina nem mesmo depois que os m�dicos perdem a batalha contra a infec��o e o paciente sucumbe. De acordo os procedimentos definidos pelo protocolo de enfrentamento � COVID-19 do Minist�rio da Sa�de, tanto doentes confirmados quanto casos suspeitos precisam ser desentubados completamente no hospital e seus corpos s�o fechados no interior de dois sacos imperme�veis, seguindo diretamente para os necrot�rios das funer�rias. “Todos os vel�rios precisam ser feitos de forma segura. N�o podem durar mais do que duas horas e a lota��o m�xima � de 10 pessoas, podendo haver revezamento”, afirma o coordenador administrativo da Funer�ria Santa Casa, Anselmo Nunes.
Desde o dia 23, a funer�ria j� realizou 16 enterros de pessoas com suspeitas de ter contra�do a COVID-19. “Tanto no transporte quanto no manuseio dos corpos a equipe tem de estar completamente paramentada com gorros, �culos, m�scaras, aventais e luvas. Mesmo sendo a caix�o fechado, o morto n�o pode ser retirado de dentro do saco duplo. Com isso, a probabilidade de contamina��o � muito pequena”, afirma.
O trabalho nas funer�rias que orbitam o Instituto M�dico-Legal (IML) da Pol�cia Civil de Minas Gerais, em Belo Horizonte, tamb�m teve sua rotina afetada com a chegada do novo coro- nav�rus. Na Funer�ria S�o Crist�v�o, os atendimentos s�o feitos do lado de fora, para evitar aglomera��es. Segundo informa��es da funer�ria, nenhum caso de COVID-19 foi tratado por l�, mas os funcion�rios trabalham de macac�o, luvas, tocas, m�scaras e h� material para higieniza��o de clientes e funcion�rios.
Na Funer�ria Emitra, todos tomam as mesmas precau��es com equipamentos de prote��o. L�, a higieniza��o de m�os e instrumentos � feita roti- neiramente. De acordo com a funer�ria, os procedimentos exigem manter uma dist�ncia segura entre funcion�rios e clientes. Logo que as fam�lias chegam, � fornecido �lcool em gel para a limpeza das m�os. O mesmo procedimento ocorre na sa�da, quando at� a caneta que foi usada precisa ser desinfetada.
Expectativa pelo aumento de demanda

Emergencista no pronto-atendimento do Hospital Vera Cruz e na UTI Cardiovascular do Hospital Life Center, Lauro Henrique Carneiro tamb�m afirma que por enquanto s�o poucos os atendimentos de pacientes com a COVID-19 nos hospitais em que trabalha. “O movimento que se apresenta ainda � pequeno. Existe uma prepara��o grande, com mudan�a substancial na defini��o de espa�os reservados para atendimento de pacientes com sintomas respirat�rios e uma mudan�a funcional importante nos hospitais, por exemplo, com redu��o na escala de cirurgias eletivas e uma redu��o importante tamb�m no pronto socorro”, disse.
Segundo Carneiro, o sentimento dos pacientes e dos profissionais de sa�de � de apreens�o. “O que se aguarda � um tsunami de casos e o colapso do sistema de sa�de, que vem trabalhando sempre sobrecarregado. J� estou com saudades da rotina dos atendimentos dos pacientes sem sintomas respirat�rios. Todos os profissionais de sa�de t�m mostrado apreens�o com o atendimento de pacientes em maior ou menor escala. Ainda que eu esteja trabalhando na sa�de suplementar, como se trata do Brasil tememos a falta de insumos, no caso os equipamentos de prote��o individual (EPIs) para a nossa seguran�a. A torcida � para que tudo isso passe o mais r�pido poss�vel”, afirma.
O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.
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