
Imagine uma viagem do Brasil � Fran�a para visitar a filha e, numa escala, ser proibido de seguir viagem. Pior que isso, sem conseguir retornar para casa. Pois isso ocorreu com a aposentada, ex-funcion�ria p�blica, a goiana K�tia Regina Mundim, de 58 anos, que � de fam�lia mineira, do Tri�ngulo, acompanhada de uma neta.
Ambas foram obrigadas a permanecer em Portugal. Ao lado de Giovanna, de 12 anos, ela agora afirma passar dificuldades e apreens�o, pois sofre de depress�o e depende de rem�dios que est�o acabando e que s� podem ser adquiridos com receita m�dica.
K�tia saiu de Goi�nia para S�o Paulo e de l� voou rumo a Paris, para passar uns dias com a filha, Marcella Mundim Martins Barbosa, com escala em Lisboa. Na capital portuguesa come�ou seu sofrimento. Apenas com a bagagem de m�o, pois a principal havia sido despachada para Paris, n�o teve o embarque permitido para a capital francesa.
Como n�o residia na cidade, n�o estava autorizada a tomar o voo, de acordo com funcion�rio da TAP que a atendeu. “O homem me disse que n�o poderia embarcar, pois somente poderiam entrar na Fran�a quem fosse nativo ou tivesse resid�ncia l�”.
Sem dinheiro e sem malas, K�tia recorreu � empresa a�rea. “Fui � TAP e eles n�o quiseram pagar o hotel. Liguei para a minha filha, que mandou que fosse para um hotel. Ela pagou a di�ria absurda de 60 euros. Ficamos l� uma semana”.
Sofrimento em Paris
Em Paris, Marcella, que � casada com um portugu�s e que trabalha como cuidadora de idosos, se desespera. “N�o sabia o que poderia fazer para ajudar minha m�e. Queria busc�-la, mas se sair da Fran�a n�o poderia mais voltar, pois minha nacionalidade agora � portuguesa”.Ela recorreu �s redes sociais e conseguiu a indica��o da casa de um homem para hospedar a sua m�e e a sobrinha. “A Giovanna � minha afilhada. Paguei 500 euros para elas ficarem l�, por pelo menos uma semana. Foi o pre�o que ele cobrou. Mas havia outro problema, a mala despachada para Paris. E aqui est� frio. Elas n�o t�m roupas de frio”.
A solu��o encontrada por Marcella, mais uma vez, estava nas redes sociais. “Coloquei um aviso, contando que minha m�e estava com problemas e como as lojas est�o fechadas, n�o havia como comprar roupa de frio. Uma senhora, muito cordata, respondeu e pediu o endere�o onde ela estava. Passei e ela levou agasalhos usados l�”.
Surgiu da� um novo problema. O dono da casa, segundo K�tia, n�o gostou do epis�dio e a colocou para fora. “Ele s� avisou pra minha filha, depois de reclamar que ela n�o deveria ter falado nada nas redes sociais, que estava nos colocando para fora. Fomos pra rua”, conta K�tia.
Novamente nas redes sociais, Marcella escreve pedindo ajuda e aparece uma senhora, Leni, que se disp�e a ajudar K�tia e a neta. Ambas foram levadas para a casa dela, onde permaneciam at� esta segunda-feira (6).
E como a receita para a m�e, que sofre de depress�o, estava na mala enviada a Paris, al�m de parte dos medicamentos, Marcella teve de encontrar mais uma solu��o: pediu a um psiquiatra amigo da fam�lia para prescrever uma receita, enviada a K�tia por WhatsApp. S� assim conseguiu adquirir os rem�dios. “Mas j� est�o acabando novamente. Precisarei comprar mais ainda nesta semana. Estou preocupada. N�o sei o que ser� de mim e da minha neta”.
�ltima cartada
Marcella conta que tenta entrar em contato com a TAP, para tentar pelo menos, que a m�e volte para o Brasil. “Est� muito caro, pois at� agora paguei tudo. E estou sem servi�o, pois com a pandemia meus clientes cancelaram. Se ela estivesse aqui, estaria amparada e n�o estar�amos gastando. Mas longe, n�o posso deixar que lhe falte nada”.No domingo, Marcella tomou uma medida radical. Decidiu escrever uma carta para o presidente Jair Bolsonaro, enviada por meio de seu perfil no Instagram, pedindo ajuda. “Gostaria que ele intercedesse em favor da minha m�e. � a �nica esperan�a que tenho agora”.


