Coronav�rus: passageiro relata tens�o em �nibus interceptado em BH

O operador de m�quinas Ramon da Cruz, de 29 anos, trabalha em Ipatinga e vem a Belo Horizonte apenas uma vez por m�s. Ele era um dos 29 passageiros que estavam no �nibus da Via��o Presidente interceptado na tarde desta quarta-feira depois de deixar Caratinga, no Vale do Rio Doce.

O bloqueio foi motivado por decreto do prefeito Alexandre Kalil que determina a proibi��o da circula��o no munic�pio de transporte p�blico coletivo oriundo de munic�pios que interromperem as medidas de isolamento social em meio � pandemia de coronav�rus.

O �nibus foi bloqueado por agentes da BHTrans, Guarda Municipal e Pol�cia Militar quando passava pela Avenida Ant�nio Carlos, sob o viaduto S�o Francisco, na Regi�o da Pampulha, em BH.

"Fomos amea�adas de ser detidos, caso desembarc�ssemos do �nibus", contou Cruz. "Por que o governo faz todo esfor�o para buscar seus patriotas em outros pa�ses e trata os cidad�os como lixo em sua pr�pria cidade? Pois fomos tratados como esc�ria", questionou, ainda irritado com a situa��o.

Obedecendo ao decreto municipal, o ve�culo foi escoltado rumo � sa�da, at� o km-13, da BR-381,em Sabar� na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.

Ele contou que comprou a passagem do �nibus na manh� desta quarta-feira (8) no Terminal Rodovi�rio de Ipatinga e que n�o sabia do decreto assinado pelo prefeito de Belo Horizonte. N�o havia nada informando sobre a situa��o.

"Este � o �nico tempo que tenho para me deslocar at� meus familiares. Tenho ci�ncia das quest�es da quarentena, mas para trabalhar temos que sair de casa. S�o dois pesos, duas medidas", acrescentou. Em sua vis�o, a passagem nem deveria ter sido vendida pela empresa.

Ele diz ter ficado por mais de duas horas num posto de combust�vel aguardando um posicionamento da Via��o Presidente. E afirma n�o ter tido nenhum tipo de aux�lio. "Nem um caf�, nem um lanche. O �nibus foi impedido de entrar na cidade e a empresa n�o deu nenhum posicionamento oficial", reclamou. Entre os passageiros, idosos e crian�as aos quais, conforme Cruz, n�o foi oferecida nem sequer �gua.

A informa��o posteriore era de que a empresa enviaria outro �nibus. "Mas pod�amos ser barrados novamente", questionou. Ent�o, ele decidiu n�o esperar e fez o deslocamento de carro at� Belo Horizonte junto com uma parente. 

Cruz acionou um advogado e foi orientando a fazer um Boletim de Ocorr�ncia. "Fica um sentimento de descaso, de abandono", lamentou. Al�m disso, sugeriu que seria infrut�fero o bloqueio determinado pela Prefeitura de Belo Horizonte. "O que adianta bloquear o �nibus se todos os passageiros v�o entrar na cidade, cada um por um meio? Queremos, sim, cumprir a quarentena, mas por que n�o paralisaram as grandes empresas?".

O Estado de Minas tentou contato com a empresa de �nibus, mas n�o obteve resposta at� a publica��o desta mat�ria