P�scoa: Lojas de chocolate de Belo Horizonte peitam decreto de quarentena
Fechada na sexta pela Guarda Municipal, unidade das Lojas Americanas abriu neste s�bado e foi novamente interditada. Outros estabelecimentos funcionaram com portas semicerradas e atendimento na cal�ada
postado em 11/04/2020 18:41 / atualizado em 12/04/2020 13:02
Loja de chocolates na Avenida Afonso Pena funcionou com as portas semicerradas e anota��o de pedidos na cal�ada (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A despeito da recomenda��o do prefeito Alexandre Kalil de que “� hora de tentar comer arroz e feij�o”, a popula��o de Belo Horizonte saiu atr�s dos ovos dos P�scoa neste s�bado (11). Nas ruas da capital, n�o faltaram lojas de chocolates dispostas a atender o desejo da clientela, contrariando odecreto municipal 17.328/2020, que fechou o com�rcio n�o essencial da cidade a partir de 9 de abril, por tempo indeterminado. No Centro e na Regi�o da Pampulha, o Estado de Minas flagrou ao menos oito estabelecimentos abertos. A maioria, com filas formadas nas portas e ao longo de cal�adas.
� o caso da unidade das Lojas Americanas da Rua S�o Paulo, no Centro de BH, cujoalvar� estava cassado desde sexta-feira(10), ap�s den�ncia de furo � quarentena e aglomera��o de clientes. A empresa voltou a funcionar neste s�bado - desta vez, sem permitir a entrada das pessoas. Segundo constatou a reportagem, que esteve no local por volta de 13h, os fregueses eram orientados a realizar as compras via aplicativo para smartphone e retirar os produtos na porta. A Guarda Municipal voltou a interditar o com�rcio. De acordo com a Secretaria Municipal de Seguran�a e Preven��o, o gerente foi encaminhado � 1ª Central de Flagrantes da Pol�cia Civil para registro de novo boletim de ocorr�ncia.
Na Avenida Oleg�rio Maciel, pr�ximo do Mercado Novo, a 1001 festas, empresa tradicional do segmento de doces, balas, bombons e artigos para festas tamb�m ignorou o decreto de Kalil. Os clientes foram, inclusive, liberados para circular dentro da loja. A entrada era controlada por um seguran�a a fim de evitar aglomera��es. A limita��o, no entanto, gerou filas. O Estado de Minas contou ao menos 20 pessoas reunidas no entorno do com�rcio in�cio desta tarde.
Loja de doces e artigos para festas no Centro permitiu a entrada de clientes. Houve forma��o de filas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A corrida aos ovos de p�scoas gerou movimento ainda em unidades da Cacau Show e da Chocolates Brasil Cacau, localizadas no Centro, na Savassi e no bairro Dona Clara, na Regi�o da Pampulha. Os funcion�rios tomavam nota dos pedidos na cal�ada. Em seguida, entravam nos estabelecimentos para pegar os produtos e entregar � freguesia. A equipe de jornalistas tentou conversar com propriet�rios e funcion�rios dos empreendimentos citados, sem sucesso.
Do�ura e economia
Entre os consumidores que sa�ram �s ruas neste s�bado (11), a disposi��o para gastar dinheiro parecia moderada. Boa parte relatou ter aproveitado promo��es.
Flavia Gomes comprou 6 ovos de P�scoa. Ela diz que vai dar de presente � filha, sobrinhos e afilhados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Caso da cabeleireira Flavia Gomes de Almeida, de 27 anos, que comprou seis ovos de p�scoa nas Lojas Americanas via aplicativo. No in�cio da tarde, ela veio retirar os produtos na porta do estabelecimento estabelecimento. Ela diz que gastou cerca de R$ 150. “Vou dar de presente para minha filha, sobrinhos e afilhados. N�o achei os ovos que eu queria, que s�o os mais procurados. Mas achei alguns com um bom desconto”, comemora.
A dona de casa Andreia Amaral, por sua vez, veio � loja 1001 festas comprar os insumos para produzir os ovos com que vai presentear as crian�as da fam�lia. Ela e o marido, o porteiro Bruno Amaral, afirmam ter gastado cerca de R$ 200 em chocolates, embalagens e formas. “Sai mais barato. Todo ano eu fa�o”, observa Andreia.
Aparecida Michele dos Santos produz ovos de P�scoa para venda. Investiu R$ 800 em insumos, espera lucrar R$ 2 mil (foto: Gladyston Rorigues/EM/D.A Press)
J� para enfermeira Aparecida Michele dos Santos, as compras de P�scoa s�o um investimento. Ela diz ter comprado R$ 800 em ingredientes para a confec��o de ovos, atividade que realiza h� 26 anos para complementar a renda. “Investi R$ 800, espero fazer pelo menos uns R$ 2 mil. Essa p�scoa foi, pra mim, bem melhor do que eu esperava. Eu j� tinha um estoque de chocolate em casa. Achei que ele ficaria encalhado. Eu n�o s� vendi, como vim aqui agora, comprar mais para atender as encomendas que recebi”, relata.
Supermercado
No supermercado EPA - unidade da avenida Nossa Senhora do Carmo, na Regi�o Centro-Sul de BH, a procura por ovos de chocolate era pequena no in�cio da tarde deste s�bado (11). A empresa, que est� autorizada a funcionar durante o per�odo de isolamento social, uma vez que se enquadra na categoria de com�rcio essencial, estabeleceu parcerias com lojas de chocolates finos, como a Cacau Show.
G�ndolas do supermercado EPA: supermercado, que est� autorizado a funcionar durante a quarentena, fez parceria com loja de chocolates finos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Segundo a gerente do estabelecimento, Gilda Santos, a novidade tem despertado o interesse dos clientes. A procura pelos ovos, no entanto, seria significativamente menor em rela��o ao ano passado. “Ah, caiu....N�o consigo puxar aqui o comparativo agora, mas diminuiu”, comenta a profissional.
Interior
No interior, as cenas de aglomera��o nas portas das lojas de chocolates eram comuns neste s�bado (11). Em Mariana, na Regi�o Central de Minas, houve fila no quarteir�o da Cacau Show. Os clientes procuravam respeitar certa dist�ncia uns dos outros, mas a quantidade de pessoas reunidas chamava a aten��o. Esta manh�, eram cerca de 30 na franquia da rua Cl�udio Manuel, no centro hist�rico da cidade.
Clientes formam fila na porta de uma loja de chocolates em Mariana, na Regi�o Central de Minas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
A auxiliar administrativa Tainara Rodrigues, de 20 anos, foi ao local acompanhada da m�e e do irm�o. “A gente n�o esperava que iria encontrar essas filas. Em todo lugar encontramos", afirmou a jovem.
Questionada sobre o risco de ir �s ruas em meio � pandemia da COVID-19, sobretudo em um grupo de pessoas da mesma fam�lia, Tainara deu a entender que a vontade de degustar chocolates na P�scoa foi maior do que o receio de contrair a doen�a. “Tenho medo... Mas estou aqui”, confessou.