Falta de alimentos, risco de contamina��o e um cen�rio de incertezas. Desde que a expans�o do coronav�rus tomou conta do pa�s, as dificuldades da aldeia Na� Xoh�, localizada no munic�pio de S�o Joaquim de Bicas, na Grande BH, tomaram propor��o ainda maior. Preocupadas com o risco de propaga��o, as lideran�as pedem amparo da Funda��o Nacional do �ndio (Funai) e da Secretaria Especial de Sa�de Ind�gena (Sesai) para ajudar nas quest�es financeiras e conservar a sa�de durante o per�odo da pandemia.
Um v�deo obtido pelo Estado de Minas nesta sexta-feira mostra um desabafo do cacique Aracu� acerca do perigo de viver na comunidade com a expans�o do coronav�rus. A Na� Xoh� vive �s margens do Rio Paraopeba e cinco quil�metros distante do munic�pio de Brumadinho. H� um ano e tr�s meses, eles foram prejudicados pelo rompimento da barragem da Vale no C�rrego do Feij�o, que matou quase 300 pessoas, tornando as �guas impr�prias para o consumo e para a pesca.
A comunidade teve esta semana um caso suspeito de COVID-19. Uma adolescente de 15 anos apresentou os sintomas da doen�a e, segundo as lideran�as da aldeia, foi imediatamente isolada para evitar a contamina��o de outras pessoas. Na comunidade de pouco mais de 200 pessoas, pelo menos 18 fam�lias foram postas em quarentena como medida de preven��o. Desde ent�o, eles paralisaram as atividades de artesanato, principal ganha-p�o das centenas de pessoas que vivem na tribo.
“Estamos passando por momento cr�tico, porque temos nosso primeiro caso suspeito. Somos uma aldeia distante e longe do com�rcio. H� uma neglig�ncia da Funai de n�o ter dado cestas b�sicas para permanecermos na quarentena. Muitas pessoas t�m sa�do para comprar alimento. � preocupante passar por esse momento, j� que nossas fam�lias vivem sob risco”, ressalta o cacique Aracu�.
Uma das lideran�as da Na� Xoh�, o �ndio Te H� entende que a falta de informa��o tamb�m � um problema: “Ningu�m da Funai n�o se mobilizou e n�o entrou em contato conosco para nos passar orienta��es de como devemos prever a doen�a. � dever da Sesai cuidar da sa�de de todos os �ndios".
Ele disse que a pr�pria comunidade vem tomando provid�ncias para tentar minimizar o problema: "At� fechamos as portas da comunidade para ficarmos isolados. Estamos com muito medo. Mas � preciso que nos forne�am cestas, �lcool em gel, luvas e m�scaras para nos protegermos”.
Promessa n�o cumprida
H� 15 dias, o EM publicou reportagem afirmando que a Funai “articula junto a diferentes setores do governo a aquisi��o e distribui��o de cestas b�sicas a ind�genas em situa��o de vulnerabilidade”. Segundo a funda��o, o objetivo � garantir a seguran�a alimentar dessas popula��es em meio � pandemia da COVID-19. Participam das tratativas o Minist�rio da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos (MMFDH), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Secretaria Especial de Sa�de Ind�gena (Sesai), entre outros.
Procurada pelo EM, a Funai diz que a comunidade j� vem sendo acompanhada pela Vale: "De acordo com a Secretaria Especial de Sa�de Ind�gena (Sesai), por meio do DSEI/MG-ES (Distrito Sanit�rio Especial Ind�gena), est� sendo realizado o acompanhamento da aldeia Na� Xoh� e a situa��o na comunidade est� sob controle. Atua naquela aldeia uma equipe de sa�de contratada pela Vale, em fun��o de medidas de repara��o do Desastre de Brumadinho, pelo qual a aldeia foi atingida. O trabalho dessa equipe � feito em coordena��o com a Sesai".
J� a prefeitura de S�o Joaquim de Bicas, por meio de sua assessoria, garantiu que os habitantes aldeia Na� Xoh� teriam o mesmo amparo com sa�de, educa��o e quest�es sociais que os demais cidad�os. "Informamos que a Prefeitura de S�o Joaquim de Bicas em parceira com a empresa Vale e o Estado, realiza o suporte � Unidade de Sa�de da Fam�lia, que fica dentro da aldeia Na� Xoh�, e tem feito o trabalho necess�rio de conscientiza��o, preven��o e combate ao Coronav�rus junto dos ind�genas patax�s-h�-h�-h�es. Na oportunidade, esclarecemos que a Prefeitura sempre apoiou a aldeia dentro das possibilidades do munic�pio, mas a responsabilidade das a��es junto aos ind�genas s�o dos �rg�os governamentais Sesai e da Funai".