postado em 30/04/2020 16:03 / atualizado em 30/04/2020 17:36
(foto: Luiz Ribeiro/ EM )
Filas quilom�tricas foram formadas em uma ag�ncia da Caixa Econ�mica Federal no Centro de Montes Claros, nesta quinta-feira (30), para o recebimento do aux�lio emergencial de R$ 600, pago pelo governo federal durante a crise da pandemia do coronav�rus (COVID-19). Pela manh�, havia ocupa��o de pelo menos quatro quarteir�es.
Tamb�m houve aglomera��es em frente a outras ag�ncias banc�rias da �rea central dessa cidade do Norte de Minas, com a maioria usando m�scaras, obrigatoriedade prevista em decreto municipal. No entanto, era flagrantemente desrespeitada a recomenda��o sanit�ria de distanciamento m�nimo de um metro, para diminuir a possibilidade de propaga��o do coronav�rus.
Ouvidas pelo Estado de Minas, pessoas que enfrentaram as longas filas para o recebimento dos R$ 600 afirmaram que o aux�lio chega em boa hora, n�o somente para garantir a sobreviv�ncia, mas para quitar d�vidas, incluindo d�bitos em atraso de aluguel. A proposta original do governo era de pagamento de R$ 200 e foi alterada no Congresso.
Montes Claros � a terra natal de Ad�lio Bispo de Oliveira, de 41 anos, que esfaqueou Bolsonaro em Juiz de Fora (Zona da Mata), durante a campanha eleitoral de 2018.
Um dos moradores que encararam o “sacrif�cio” para receber a ajuda governamental foi o auxiliar de servi�os gerais Alexsandro Alves, de 40 anos, que disse que est� sempre com emprego “fichado”, mas que h� um ano vinha sobrevivendo de bicos. Ele disse que vai usar o dinheiro para o pagamento do aluguel da casa onde mora, que est� atrasado h� quatro meses.
Alexsandro Alves, auxiliar de servi�os gerais (foto: Luiz Ribeiro/ EM )
“Esse dinheiro vai me ajudar muito. Eu estava vivendo s� de 'bicos', sem condi��es de pagar o aluguel”, alegou Alexsandro, que, como os outros benefici�rios ter� direito a mais duas parcelas do aux�lio, ambas no valor de R$ 600.
Por outro lado, o “aut�nomo/desempregado” reclamou do mau funcionamento do aplicativo disponibilizado pela Caixa Econ�mica Federal para o pagamento. “Tentei fazer a transfer�ncia para minha conta, sem precisar ir � ag�ncia da Caixa, mas n�o consegui”, lamenta.
O trabalhador J�lio de Souza de Oliveira, de 60, encarou a fila em companhia da mulher, Maria dos Reis Oliveira, de 53 – que n�o iria receber o aux�lio. “Esse dinheiro, pra mim, � aben�oado. Vai servir para comprar a feira l� de casa”, afirmou J�lio, cuja fam�lia tem cinco pessoas. Ele revelou est� desempregado h� seis anos e que, desde ent�o, passou a viver de “biscates” (bico). Foi contratado formalmente pela �ltima vez em um servi�o bra�al.
TrabalhadorJulio Souza de Oliveira e a mulher Maria dos Reis Oliveira (foto: Luiz Ribeiro/ EM )
Pagamento de conta de luz e de feira
Tamb�m na fila para o recebimento, a design Brenda Gabriela de Souza, de 21, disse que o aux�lio oficial veio como um al�vio para as contas vencidas. “Com o isolamento (social) do coronav�rus, os clientes desapareceram e tenho contas para pagar. Esse dinheiro vai servir para pagar as despesas de �gua e luz e tamb�m pagar a feira”, revelou Brenda, que � solteira.
Oper�rio que h� dois anos perdeu o emprego numa ind�stria de Montes Claros, Cyro Gomes de Freitas, 38, afirmou que a “ajuda” chegou numa boa hora. “Esse benef�cio foi muito bom para a ajudar a gente a sobreviver”, declarou o morador, afirmando que vinha se “virando nos 30” com “bicos”.
O servente de pedreiro Luiz Carlos Gomes Pinto, de 43 anos, tamb�m considerou os R$ 600 como ajuda salvadora. “Com a crise, parou tudo e ficamos sem servi�o. E n�o temos como receber nada sem trabalhar”, disse o servente de pedreiro.
Para enfrentar a fila de quatro quarteir�es e tentar o recebimento do benef�cio, ele ele deixou a comunidade carente de Belvedere, onde mora, na zona rural de Francisco S� (distante 25 quil�metros de Montes Claros. Ele estava com Eliana Cardoso dos Santos, de 41, que se deslocou para auxiliar o servente a receber o pagamento na CEF.
Como outras pessoas, ela protestou sobre a dificuldade de acesso ao aplicativo da Caixa Econ�mica Federal para o saque ou transfer�ncia. Tamb�m reclamou que a aglomera��o de pessoas na fila em torno da ag�ncia da CEF era um risco diante da pandemia de coronav�rus. “Isso est� perigoso. � uma covardia colocar as pessoas numa fila dessa”, disse Eliana.