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Estado de Minas 'QUARENTENADOS'

Unidos do distanciamento: como vivem fam�lias que seguem � risca a quarentena

Enquanto o pa�s n�o tem consenso sobre o isolamento social e pol�mica derrubou at� ministro, moradores da Grande BH d�o exemplo de reclus�o volunt�ria e minuciosa


postado em 03/05/2020 08:15 / atualizado em 03/05/2020 08:22

Maria Lídia, Gerson e os filhos adolescentes, Letícia e Mateus: regras rígidas, alimentos no forno e batalha para lidar com
Maria L�dia, Gerson e os filhos adolescentes, Let�cia e Mateus: regras r�gidas, alimentos no forno e batalha para lidar com "explos�o de horm�nios" (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)

Na sala do apartamento, a fam�lia est� reunida. O pai acabou de chegar da rua com o p�o, a m�e trabalha a dist�ncia e os filhos cumprem, no computador, tarefas de escola ou estudam ingl�s. Desde que a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) declarou a pandemia da COVID-19, causada pelo novo coronavirus, o casal Gerson Adriano da Cunha, aut�nomo, e Maria L�dia da Mota, com os filhos Mateus, de 16 anos, e Let�cia, de 13, segue religiosamente as normas: o quarteto fica em casa, s� Gerson vai ao com�rcio, e desde 17 de abril todos usam m�scaras quando colocam “o nariz do lado de fora” do pr�dio onde moram, no Bairro Cidade Nova. A exemplo dos moradores da Regi�o Nordeste de Belo Horizonte, outros da capital optaram por obedecer � risca a rotina de quarentena, em vez de criticar os inconvenientes da medida, e usam da criatividade para se manter longe do risco de cont�gio.

 

Indo para a cozinha com a sacola de p�o, Gerson e Maria L�dia revelam parte da rotina da fam�lia, que est� atenta ao notici�rio, mas indiferente � queda de bra�o entre defensores e opositores do isolamento social, que come�a em Bras�lia - tendo inclusive feito entre suas v�timas o ex-ministro da Sa�de Luiz Henrique Mandetta, demitido por seguir linha diferente da defendida pelo presidente Bolsonaro -, se espalha pelo pa�s e acaba envolvendo a rotina de todos os brasileiros. “Estamos a favor da vida, por isso entendemos ser necess�ria a prote��o”, afirma Gerson, com toda a aprova��o da mulher e dos filhos.

 

J� partindo o p�o, Gerson mostra os novos h�bitos alimentares para afastar qualquer contamina��o. “Chego da rua e coloco o p�o direto no forno. Decidimos tamb�m n�o comer mais sandu�ches frios entregues em domic�lio. Fazemos aqui mesmo. Da mesma forma, se compramos uma pizza, higienizamos a embalagem e depois, mesmo pronta, ela tamb�m passa pelo forno. Essa � a forma que criamos para nos proteger”, afirma.

 

O sandu�che da tarde est� � mesa e Gerson brinca que passar a quarentena com dois adolescentes em casa n�o consiste em tarefa das mais f�ceis. “� uma explos�o de horm�nios, eles t�m muita energia para gastar e ficam impedidos, principalmente o Mateus. N�o pode encontrar os amigos, ir � academia, enfim fazer as atividades t�picas dos jovens. At� come�ou a malhar em casa, mas n�o deu certo. J� a Let�cia estuda ingl�s virtualmente. Os dois fazem as tarefas da escola a dist�ncia, mas n�o existe aquela exig�ncia de uma aula normal da escola.”

 

A prote��o da fam�lia ganhou um refor�o: quatro m�scaras feitas pela irm� de Gerson, Jeanete Aparecida da Cunha, moradora do Bairro Piraj�, na mesma regi�o, onde ela mora com a m�e Terezinha, de 92. Para visit�-la, Gerson criou um sistema muito particular: quando chega � casa, fica no quintal e a m�e, na janela. “A� podemos conversar. Mas, se ela vem atr�s de mim, saio correndo. N�o deixo chegar perto. Tenho muito medo, por causa da idade.”

 

Comida que abra�a

Prote��o dentro de casa, solidariedade do lado de fora. Em tempos de isolamento, � cada vez maior o grupo de pessoas que se unem para ajudar quem n�o tem um teto para se abrigar. � o caso da empres�ria Renata Camargo, de 48 anos, que concebeu e colocou em pr�tica o “Comida que abra�a”. Mesmo sem poder manter aberto o restaurante Hortel�, que funciona dentro do BHTec, ela decidiu seguir com as atividades, mas com outros fins: cozinhar para alimentar moradores de rua. H� mais de 10 dias, distribui 100 marmitas diariamente, seis dias por semana, nas ruas de Belo Horizonte. Na Internet, foi lan�ada uma campanha de arrecada��o em que qualquer um pode colaborar. Basta acessar o https://www.vakinha.com.br/vaquinha/comida-que-abraca e fazer a doa��o. 

 

Bruno e Mayara se desdobram para dar conta da energia de Murilo:
Bruno e Mayara se desdobram para dar conta da energia de Murilo: "Desde que come�ou o isolamento, o treino � correr atr�s dele" (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS)
 

 

A maratona agora � dentro de casa

 

Se Gerson e Maria L�dia est�o em casa com os adolescentes, o casal Bruno C�ndido Silva, contador, e Mayara Moraes Ara�jo, farmac�utica, tem sempre diante dos olhos o filho Murilo, de 1 ano e 8 meses. “Desde que come�ou o isolamento, meu treino � correr atr�s ele. Pula, sobe, anda, j� faz de tudo”, conta Bruno, que tem trabalhado remotamente. “Como agora estou em casa o tempo todo, Murilo quer ficar muito comigo”, conta o pai.

 

Para distrair o pequeno nesta quarentena ainda sem data para terminar, Bruno e Mayara, que se mudaram h� sete anos para a capital, vindos de Dores do Indai�, na Regi�o Centro-Oeste de Minas, esbanjam criatividade. Haja desenho para colorir, programa de tev� para assistir, brincadeira para o menino sorrir. “Mas se ele quer correr, o jeito � descer at� a garagem e ficar por l� um tempo”, conforma-se Bruno.

 

Bruno e Mayara comungam da ideia de que o isolamento social � a melhor forma de se evitar a propaga��o da doen�a. Por isso, se revezam: quando um sai para ir ao supermercado ou farm�cia, o outro fica. Com isso, h� meses n�o visitam os pais e demais parentes na terra natal.

 

PESO DO FEIJ�O

Desde 17 de abril, tornou-se obrigat�rio o uso de m�scaras de prote��o em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Na cidade, houve um decreto municipal pioneiro para manter as pessoas em casa, mas, independentemente de medidas governamentais em qualquer inst�ncia, a dona de casa V�nia Marques Costa tomaria provid�ncias por conta pr�pria. “O melhor jeito de evitar a propaga��o do novo coronav�rus � ficar em casa”, acredita.

 

Casada h� 27 anos com M�rcio Val�rio Costa, administrador aposentado, mas grande parte do tempo on-line para prestar servi�os, V�nia criou uma din�mica muito particular. Para fazer gin�stica, usa como pesos pacotes de um quilo de feij�o ou garrafas PET com �gua. “Como n�o quero caminhar na rua, dou muitas voltas na garagem”, revela. Para evitar a ida ao sacol�o, V�nia costuma ir � horta da casa da m�e e colher alface, ab�boras e temperos.

 

Precavido, o casal tem quatro m�scaras, embora V�nia acredite que ser�o pouco usadas. "Enquanto durar a quarentena, estou cantando, com uma varia��o, aquela marchinha de carnaval: 'Daqui de casa n�o saio, daqui ningu�m me tira'." 


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