
A sensa��o � de abandono por parte do governo brasileiro. A moradia, um hostel, em Lisboa, pago pelo governo portugu�s, atrav�s do Servi�o de Seguran�a Social do pa�s. A alimenta��o, t�m de pegar na Santa Casa de Miseric�rdia, uma doa��o feita pela entidade, que, por sua vez, s� consegue fazer esse servi�o de utilidade p�blica gra�as �s doa��es que recebe das fam�lias lusitanas.
Um desses brasileiros � o mineiro Edimir Alves, de 45 anos, que vive em Coluna e � ex-vereador da cidade de Frei Lagonegro, no Vale do Rio Doce. Edimir, que no Brasil � motorista, foi para Portugal no in�cio do ano, sonhando em melhorar de vida. Conseguiu emprego numa obra.
“Era um bom emprego, mas com a crise a obra parou e fui demitido, como os demais trabalhadores. N�o havia mais sentido em ficar aqui. Por isso, j� h� mais de um m�s estou tentando, sem sucesso, retornar para o Brasil, para minha casa, junto da fam�lia”, conta Edimir.
Ele ficou uma semana dormindo no aeroporto, pois n�o tinha para onde ir. “Recebi, na semana atrasada, um email do Consulado Geral do Brasil, de que eu estava no voo do dia 26. Vim para o aeroporto, assim como outros brasileiros. Mas, na hora do embarque, disseram que eu n�o estava na lista. Inacredit�vel.”
"Agora estou � espera de uma solu��o. N�o � poss�vel ser abandonado como est� acontecendo com a gente", acrescenta. No grupo em que Edimir est�, tamb�m se encontram outros quatro mineiros.
Recordista de sobras
No grupo de Edimir est� o mato-grossense Ilker Batista, de 33, formado em direito. Ele foi para Portugal a passeio, mas esticou a sua estada no pa�s, trabalhando como motoboy. O seu caso � peculiar, pois esteve em seis listas de repatriamento e acabou sobrando em todas.
“A primeira vez foi em 19 de abril. Mandaram que viesse para c�, no aeroporto Humberto Delgado, mas n�o consegui embarcar. Depois fui chamado para outros seis voos, mas n�o conseguir embarcar em nenhum deles”, conta Ilker.
Ele reclama que o descaso para com os brasileiros � grande e que isso acontece pelo fato de terem sido abandonados pelo Consulado brasileiro. “Est�vamos no aeroporto e a pedido do c�nsul brasileiro, fecharam todas as entradas. Isso impediu que os portugueses que vinham nos ajudando, trazendo comida, chegassem at� n�s. Estava chovendo. Tivemos de sair na chuva para conseguir comprar alimento.”
O descaso, segundo ele, vai al�m. “Olha, a maioria das pessoas que est�o no grupo, n�o t�m mais dinheiro. Eles pagaram aluguel e o dinheiro que sobrou, compraram passagem para voltar, mas nunca embarcamos. Tem gente que estava passando fome. Agora tem essa doa��o da Santa Casa. A gente � obrigado a comprar passagem e a� cancelam o voo. D�o-nos cr�dito para trocar a passagem, mas o voo nunca que sai. Estamos abandonados pelo consulado brasileiro, pelo nosso governo", lamenta.