
O governo Romeu Zema (Novo) paralisou as atividades nas escolas estaduais em 18 de mar�o para conter a prolifera��o do novo coronav�rus, causador da COVID-19. A coordenadora-geral do Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Denise Romano, defende o isolamento social mas, aponta que com a suspens�o os alunos ser�o muito prejudicados no exame.
“N�o temos que discutir as condi��es de concorr�ncia entre alunos da escola p�blica e privada. Mas, sim, debater o adiamento do Enem. O Enem precisa ser adiado. Os estudantes n�o est�o tendo acesso adequado � educa��o em situa��o em que n�s estamos enfrentando uma pandemia de coronav�rus em propor��es planet�rias”, sustenta.
Ela critica duramente a decis�o do Minist�rio da Educa��o (MEC). “Trata-se de uma irresponsabilidade e de uma falta de conhecimento do que que significa o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) para cada estudante, seja da rede p�blica ou da rede privada”, acrescentou.
Denise Romano acredita que a solu��o para a educa��o diante do isolamento social n�o � a aula on-line. “A modalidade � dist�ncia exclui a grande maioria dos estudantes. Descaracteriza o processo de ensino e aprendizagem na escola – que � um processo dial�tico, de constru��o coletiva”, afirma.
O processo de educa��o que a secretaria de estado de educa��o quer implementar – de aulas remotas ou de reabertura das escolas para a entrega de material ou etc – com a estrutura que existe em Minas, o tamanho do estado, a quantidade de escolas e a diversidade de regi�es n�o � poss�vel ser feito sem a quebra do isolamento social, de acordo com Denise. “A gente precisa cuidar � da manuten��o do isolamento”, pontua.
Priscila Pereira Boy, pedagoga, diretora da Priscila Boy Consultoria, afirma que vivemos um momento at�pico, no qual temos m�ltiplas realidades de estudantes. “Temos alunos com uma condi��o socioecon�mica boa, acesso � internet, pais escolarizados e que estudam em escolas privadas, que est�o dando suporte maravilhoso para eles. Mas, tamb�m, temos o universo dos alunos que n�o t�m esse privil�gio. Que mora em comunidades, mais pobre e que, �s vezes, n�o tem o celular potente que possibilita baixar materiais enviados pela escola. O aluno sem dispositivo ou que n�o sabe lidar com a rede. Tamb�m temos o aluno com pais de baixa escolaridade que n�o v�o dar o apoio preciso”, descreve.
Por conta dessas diferen�as, ela acredita que a desigualdade social vai se agravar nesta prova: “Trata-se de uma diferen�a social que j� existe no pa�s, mas vai se agravar mais ainda. Muitos alunos n�o v�o ter as mesmas possibilidades de estudo, de acesso, muito menos ainda na modalidade virtual. Isso j� � realidade, esse problema j� existe. Mas, esta prova, vai aprofundar ainda mais a dist�ncia entre os grupos dos que t�m acesso, t�m os privil�gios, e os dos que n�o t�m”.
Escolas particulares
J� Zuleica Reis, presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), explica que as escolas particulares no Estado s�o diversas, assim como seus projetos pedag�gicos, o n�mero de alunos, a localiza��o, a situa��o econ�mica. “Tendo em vista essa diversidade, o Sinep-MG n�o orienta a escola a adotar um m�todo ou outro para reduzir os preju�zos neste tempo de pandemia, mas fazer todo o poss�vel para garantir a aprendizagem dos estudantes. As institui��es de ensino s�o livres para adotar a metodologia que acharem mais adequada para o ensino e a aprendizagem”, disse.Ela explica que os alunos das escolas particulares possuem mais familiaridade com as tecnologias que os estudantes das escolas p�blicas – o que � um indicativo de desigualdade. Segundo o Censo Escolar 2018, 94% das escolas particulares de Minas Gerais t�m acesso � internet e 86% t�m banda larga. Nas p�blicas, 80% tem acesso � internet e 67% � banda larga.
“Quanto ao Enem, tendo em vista a diversidade das escolas no Estado, n�o h� consenso quanto a essa quest�o. Existem educadores que acreditam que a manuten��o do Enem poderia apenas privilegiar alunos com melhor renda e acesso � tecnologia; outros defendem que a prova seja realizada em v�rias datas neste ano; outros acreditam que os alunos que est�o estudando n�o devem ser prejudicados. As opini�es s�o divergentes e, como representamos milhares de escolas, n�o � poss�vel posicionar de forma consensual”, informou a presidente do Sinep-MG.
Enquanto isso...
O Sindicato �nico dos Trabalhadores em Educa��o de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) convida toda a categoria para reiterar nas redes sociais do governador a cobran�a pelo pagamento dos sal�rios de abril. Isso porque, segundo a categoria, Romeu Zema ainda n�o apresentou data de pagamento em maio e cerca de 50 mil profissionais nem sequer receberam o 13º de 2019.