
“Esta taxa se refere ao n�mero de pessoas que s�o contaminadas a partir de um caso confirmado da doen�a. Se esta taxa for acima de 1, temos um problema. Se for acima de 2, temos um grande problema, j� que nesse cen�rio uma pessoa com a COVID-19 vai contaminar outras duas. Essas duas v�o contaminar quatro, e por a� vai. No Brasil, que � um pa�s heterog�neo, essa taxa varia entre 2 e 3. Hoje, em Belo Horizonte, este n�mero est� em torno de 1, o que mostra que medidas como o distanciamento social e o uso de m�scaras est�o sendo praticados pela maioria”, explicou.
Belo Horizonte em destaque
Ele afirmou que Belo Horizonte apresenta uma clara tend�ncia de controle da epidemia, sinal de que a cidade adotou o isolamento social no momento certo, e tamb�m destacou a boa ades�o ao uso de m�scara. “Como fomos o �ltimo continente a ser impactado pela doen�a, pudemos contar com os erros e acertos de outros pa�ses, tivemos um tempo valioso para nos equipar e aprender mais sobre o manejo dos pacientes mais cr�ticos”, avaliou o professor. Una� informou que a cidade tem 31,4% dos leitos de UTI ocupados e que a cidade est� preparada para quase dobrar essa capacidade em uma semana.
A respeito do Brasil, o professor disse que n�o sabe se j� atingimos o pico, que seria um per�odo com estabilidade de casos para uma posterior queda, mas avaliou que estamos a caminho da pior trag�dia sanit�ria de todos os tempos no pa�s.
“Minas Gerais faz parte desse cen�rio, principalmente fora da capital. O estado tem feito poucos testes em sua popula��o, um problema que tamb�m afeta todo o Brasil. Minas � o terceiro estado que menos faz testes, temos que ampliar. Hoje, menos de 10% dos suspeitos notificados s�o testados”, criticou. Una� explica que a testagem � importante porque a COVID-19 pode ser transmitida antes do portador apresentar sintomas. “Se dermos aten��o apenas aos casos mais graves, estamos perdendo tempo de atua�ao”, afirmou.
“Minas Gerais faz parte desse cen�rio, principalmente fora da capital. O estado tem feito poucos testes em sua popula��o, um problema que tamb�m afeta todo o Brasil. Minas � o terceiro estado que menos faz testes, temos que ampliar. Hoje, menos de 10% dos suspeitos notificados s�o testados”, criticou. Una� explica que a testagem � importante porque a COVID-19 pode ser transmitida antes do portador apresentar sintomas. “Se dermos aten��o apenas aos casos mais graves, estamos perdendo tempo de atua�ao”, afirmou.
'Novo normal'
R�mulo Paes de Souza, pesquisador titular da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz), falou sobre a transi��o para o que vem sendo chamado de “novo normal”. Ele falou sobre a possibilidade de termos novos per�odos de isolamento em fun��o de novas ondas da doen�a, sendo de origem interna ou externa do pa�s, at� que tenhamos uma vacina. “Ser� preciso adotar um novo protocolo de intera��o e higiene, uma nova forma de se relacionar. Se praticar isolamento social � dif�cil, � mais facil estar na trincheira do que em campo aberto. Imagina como ser� a sa�da desse isolamento, se n�o for de forma organizada? A� teremos um repique r�pido e teremos que voltar ao isolamento. E com mais �bitos”.
O pesquisador citou exemplos de pa�ses que j� come�aram processo de flexibiliza��o da quarentena, como a Austr�lia e os Estados Unidos, que adotaram fases distintas de retorno para cada atividade econ�mica, uma discrimina��o clara sobre o que cabe aos empregadores para dar seguran�a aos trabalhadores e os cuidados espec�ficos sobre os focos de cont�gio no cotidiano das pessoas.
“A partir desses exemplos, conclu�mos a necessidade de estruturar, organizar e coordenar a nova vida depois que tivermos uma flexibiliza��o do confinamento, at� que tenhamos meios mais eficazes de combater a doen�a”, resumiu.
R�mulo destacou a import�ncia do pa�s ter uma forma mais coordenada para o combate ao coronav�rus e cobrou a ado��o de medidas sociais e econ�micas consistentes.
“A partir desses exemplos, conclu�mos a necessidade de estruturar, organizar e coordenar a nova vida depois que tivermos uma flexibiliza��o do confinamento, at� que tenhamos meios mais eficazes de combater a doen�a”, resumiu.
R�mulo destacou a import�ncia do pa�s ter uma forma mais coordenada para o combate ao coronav�rus e cobrou a ado��o de medidas sociais e econ�micas consistentes.
Distribui��o geogr�fica da COVID-19
Sergio Henrique de Oliveira Teixeira, coordenador do Instituto Federal de Educa��o, Ci�ncia e Tecnologia do Sul de Minas (IF Sul de Minas), trouxe a ideia de interpretar a distribui��o geogr�fica da COVID-19 para se ter ideia da difus�o da doen�a no estado. O pesquisador identificou as rodovias que chegam ao Sul de Minas a partir dos estados de S�o Paulo e Rio de Janeiro como portas de entrada do coronav�rus na regi�o.
A partir desse mapeamento, S�rgio Henrique prop�e que seja feito um trabalho de conten��o da doen�a nesses eixos de difus�o. “� preciso ter uma aten��o especial de como a epidemia � disseminada, realizar um trabalho em estabelecimentos que funcionam �s margens das rodovias, como restaurantes, hot�is e postos de combust�vel, onde uma pessoa contaminada pode trasmitir a doen�a para um funcion�rio, que vai lev�-la para a sua cidade”, explica.
O pesquisador comparou o crescimento de casos nos estados de S�o Paulo e Rio de Janeiro no per�odo entre 3 e 19 de maio, o que n�o se refletiu nos n�meros oficiais no Sul de Minas, atribuindo a subnotifica��o como uma poss�vel causa que estaria mascarando as estat�sticas de Minas Gerais. Ele tamb�m chama a aten��o para o mapa de envelhecimento da regi�o, que revela que o Sul de Minas tem uma maior propor��o de idosos, considerados mais suscept�veis ao agravamento da doen�a.
Impactos econ�micos
Daniela de Britto Pereira, gerente de estudos econ�micos da Fiemg, apresentou uma estimativa dos impactos econ�micos do coronav�rus em Minas Gerais. Para 2020, a previs�o � que o Produto interno Bruto (PIB) do Brasil seja de -5,7%, sendo que o de Minas Gerais deve apresentar uma queda ainda maior, -7%. Para 2021, a gerente da Fiemg espera uma recupera��o de 4,9% para o Brasil e de 3,3% para Minas.
De acordo com o estudo, em 2020, no estado, o setor agropecu�rio deve fechar no azul, com 3,2% de crescimento, apoiado principalmente no caf� e na soja. O setor de servi�os, que requer maior intera��o social, ser� o mais afetado, com queda de 9 %. A constru��o, onde era esperada uma recupera��o, ter� queda de 4,7% em fun��o do adiamento dos investimentos. A ind�stria de transforma��o sentir� a queda da demanda interna e externa, devendo registrar queda de 8,5%. Na ind�stria extrativa, a manuten��o da demanda pela China deve levar a um crescimento de 1,3% do setor.
A retomada da economia mineira � esperada para o fim de 2021 ou at� mesmo in�cio de 2022. “Ap�s uma queda abrupta, a recupera��o ser� mais lenta”, explica Daniela, ap�s apresentar um cen�rio atual bastante desfavor�vel: queda de confian�a de empres�rio e consumidores, aumento da incerteza, queda no pre�o das commodities, disparada do c�mbio, piora da situa��o financeira das pessoas, endividamento, redu��o do fluxo de pessoas, piora do mercado de trabalho e aumento do risco pa�s. A gerente de estudos econ�micos da Fiemg ainda citou estudo da Bloomberg Economics, que conclui que um isolamento de 10% produz 4% de queda na atividade econ�mica.