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Estado de Minas COVID-19

Jaboticatubas: primeiro dia de lockdown tem ruas vazias e desrespeito

Estado de Minas vai � cidade de Jaboticatubas, na Grande BH, que experimentou explos�o de casos da COVID-19, com aumento de 273%. Fim de semana teve decreto de lockdown


postado em 23/05/2020 13:04 / atualizado em 24/05/2020 08:06

Polícia e fiscais municipais averiguam comércios e o cumprimento do lockdown em Jaboticatubas(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Pol�cia e fiscais municipais averiguam com�rcios e o cumprimento do lockdown em Jaboticatubas (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Os supermercados, as igrejas e at� as padarias est�o fechadas. A cidade de Jaboticatubas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, amanheceu quase totalmente vazia neste s�bado (23). Apenas as farm�cias e os postos de combust�veis est�o funcionando. Na rua, poucas pessoas circulam. Isso porque a prefeitura da cidade decretou o lockdown  - bloqueio total - na cidade neste fim de semana. A medida � uma rea��o ao aumento de 273% de casos de COVID-19 em 24 horas.

Consta no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) que a cidade, que fica h� 63 quil�metros da capital mineira,  tem 20.143 habitantes. Pelos c�lculos do prefeito,  frequentadores eventuais somariam mais 10 mil � comunidade. Dados do �ltimo informe epidemiol�gico da Secretaria Municipal de Sa�de apontam que o munic�pio tem 73 infectados. Desses, 10 apresentaram sintomas e 63 n�o. O total de notificados � de 151, sendo 93 homens e 58 mulheres.

Segundo a administra��o municipal, a medida ser� aplicada apenas aos fins de semana - neste e no pr�ximo. Mas, n�o est� descartado, contudo, prorrogar o bloqueio por mais tempo, caso a pandemia de coronav�rus permane�a avan�ando na cidade, que n�o tem leitos de CTI e conta com apenas tr�s respiradores, dispon�veis no hospital filantr�pico.

�s 8h30 da manh�, quando a reportagem do Estado de Minas chegou at� a cidade, apenas dois homens circulavam pr�ximo �  Matriz Nossa Senhora da Concei��o, no Centro da cidade. Os dois - um usando m�scara de prote��o e o outro n�o - pintavam tranquilamente dois postes com uma tinta azul. S�o eles Paulo Rodrigues, de 38 anos e Rog�rio Adriano Marques, de 35. “� nossa contribui��o volunt�ria para a igreja. Estamos apenas dando alguns retoques”, disse Paulo, mas, logo completa: “estamos tomando todos os cuidados necess�rio.” 

Pessoas de máscaras frequentam apenas estabelecimentos essenciais(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Pessoas de m�scaras frequentam apenas estabelecimentos essenciais (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Rog�rio disse se preocupar pois mora com a m�e que faz parte do grupo de risco. “A parte boa � que hoje n�o vi quase ningu�m. Em s�bados comuns, em volta da igreja, estaria lotado de gente”, acrescenta o pintor mais novo. 

Mas, grande parte moradores da cidade ficaram em casa. O clima � de apreens�o. Mas, h� quem se arrisque. A dom�stica Marlene dos Santos, de 42 anos, foi at� Igreja Imaculada Concei��o para regar as plantas. "Eu vim s� para regar as plantas, mas logo j� estou em casa. Achei importante o fechamento da cidade e eu nunca vi Jaboticatubas t�o vazia", disse ela. Ela acredita que o medo motivou as pessoas a respeitar as medidas de seguran�a: "� dif�cil, mas necess�rio. Temos medo, n�mero aumentou muito r�pido." Algumas pessoas circulavam a p� sem o uso da m�scara de prote��o.

Mesmo com explosão de casos pessoas insistem em sair de casa sem máscaras(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Mesmo com explos�o de casos pessoas insistem em sair de casa sem m�scaras (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Duas horas depois, o movimento na cidade aumentou. Mesmo com as lojas fechadas, o n�mero de carros quase que dobra. Muitas motos buscam alimento para entrega nos sacol�es fechados. Um senhor com mais de 65 anos chama a aten��o andando tranquilamente � cavalo pr�ximo � pra�a da cidade. Ele n�o usava m�scara. Mas, logo que viu a reportagem comentou. “�, vou colocar a m�scara”, disse, um pouco envergonhado. J� no ponto do motot�xi o movimento � bem baixo. Ildeu dos Santos Ara�jo, de 53, disse que - de fato - as pessoas come�aram a respeitar. “Fiquei a manh� toda sem atender”, disse. “Mas, eu entendo e acho importante que as pessoas fiquem em casa para que a doen�a n�o se espalhe ainda mais. Se n�o fechar, vai s� piorar”, disse. 

Perto dali, h� pelo menos tr�s farm�cias e um posto de gasolina. “E como est� o movimento em um dos poucos estabelecimentos abertos?”, perguntou a reportagem � uma das funcion�rias da farm�cia. A atendente responde: “est� bem fraco. Mas, h� quem passe aqui apenas para comprar uma lixa de unha ou um shampoo.” Ela relata que tamb�m houve quem foi buscar algum tipo de rem�dio na farm�cia. Carros de som anunciam os cuidados necess�rios contra o novo coronav�rus na regi�o. Tamb�m destaca que grande parte dos contaminados n�o apresentaram sintomas e, por isso, todo o cuidado � pouco. Al�m do mais, tr�s equipes da prefeitura circularam pela cidade. No meio da manh�, uma igreja e um sal�o de beleza foram fiscalizados. Ambos obedeceram a ordem e fecharam as portas. 

Rafael Lucas Marques Nascimento, secretário de governo de Jaboticatubas(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Rafael Lucas Marques Nascimento, secret�rio de governo de Jaboticatubas (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press)
Barreiras sanit�rias 
A cidade � pequena e a grande preocupa��o � com os turistas e moradores de condom�nios pr�ximos dal�. As divisas, a princ�pio, n�o foram fechadas. Quando a reportagem passou pelo local, uma blitz orientava os motoristas. Mas, n�o havia medidores de temperatura ou restri��es.

O professor de matem�tica Luiz Felipe de Melo, de 23, aprova todas as medidas adotadas pela prefeitura para a prote��o dos moradores. "Foi crucial porque, infelizmente, n�s tivemos um surto na cidade. O que mais preocupa � o fato da grande maioria das pessoas est� assintom�tica. Mas, tudo que deveria est� sendo feito. E, agora, os moradores da Jaboticatuba acordaram”, afirma. Entretanto, ele acredita que as barreiras sanit�rias poderiam ser instaladas para o maior controle.

“� muito comum ver carros de outra cidade. S�bado passado, tinha dezenas de Vespasiano, Belo Horizonte e Sete Lagoas. Na regi�o, h� muitos condom�nios, muitos s�tios", afirma. Mas, ressalta que todas as cachoeiras est�o fechadas desde o in�cio do isolamento social.

O secret�rio de governo Rafael Lucas informou que estuda a implementa��o dessa medida. “Ainda n�o implementamos as barreiras sanit�rias pois temos um problema complexo na MG-10. Isso porque a via d� acesso � outros munic�pios”, disse. Al�m disso, ele alega a falta do n�mero de pessoas necess�rio para que os carros sejam fiscalizados. “Estamos avaliando uma forma de fazer”, disse.

N�o se sabe muito bem  como o v�rus entrou na cidade e fez com que os n�meros aumentassem dessa forma. Mas, conforme o Estado de Minas mostrou nessa sexta-feira o secret�rio de governo Rafael Lucas informou que a disparada de casos de COVID-19 em Jaboticatubas - 19 para 71 em um dia - foi causada por colaboradores da empreiteira Cobra Brasil, instalados na localidade. Segundo o dirigente, a empresa, que faz parte do Cons�rcio Mantiqueira, ganhou uma licita��o da Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (ANEEL), autarquia ligada ao governo federal, para a instala��o de linhas de transmiss�o de energia por v�rias cidades da regi�o, incluindo Jaboticatubas.

Rafael Lucas disse que a equipe mobilizada no projeto re�ne 213 pessoas. Uma delas apresentou sintomas da virose e foi testada. Diante do diagn�stico positivo, a secretaria municipal de sa�de decidiu aplicar o exame �s 47 pessoas mais pr�ximas do conv�vio do trabalhador. Treze delas teriam acusado a presen�a do v�rus - todas assintom�ticas."Foi a� que n�s resolvemos quebrar o protocolo do Minist�rio da Sa�de e testar todos os 213 trabalhadores. Achamos, no total, 63 infectados. Apenas um deles com sintomas", esclareceu Rafael Lucas. O prefeito Eneimar Marques diz que, t�o logo soube da situa��o, baixou um decreto suspendendo as atividades da empreiteira.  Em rela��o ao dia de ontem, Rafael afirma: “acho que foi muito bom. Os com�rcios n�o foram abertos e as pessoas respeitaram o decreto. Ent�o, o nosso objetivo foi alcan�ado”.


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