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Estado de Minas

Coronav�rus: isolamento d� f�lego para os hospitais de BH

Afastamento social freia demanda por leitos destinados ou n�o a pacientes com coronav�rus na rede particular de BH, que se mant�m em alerta


postado em 25/05/2020 04:00 / atualizado em 25/05/2020 08:28

Ala reservada para pacientes com a COVID-19 no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte: instituição fortalece a oferta de leitos à disposição do estado, em sua unidade de Betim (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Ala reservada para pacientes com a COVID-19 no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte: institui��o fortalece a oferta de leitos � disposi��o do estado, em sua unidade de Betim (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
A imagem dos leitos vazios no hospital de campanha montado no Expominas se repete na rede particular de Belo Horizonte. Diante da crise no atendimento enfrentado por v�rias cidades do mundo, tanto na rede p�blica quanto na privada, os hospitais de refer�ncia da capital prepararam, corretamente dada a gravidade da doen�a, opera��es de guerra. Leitos de terapia intensiva foram ampliados, equipes de profissionais de sa�de refor�adas e equipamentos de prote��o individual (EPIs) adquiridos. No entanto, as medidas de isolamento social adotadas pelo prefeito Alexandre Kalil desde 20 de mar�o fizeram com que as curvas de cont�gios e de mortes se mantivessem controladas na capital, embora a situa��o continue sendo de aten��o.

De acordo com a Sociedade Mineira de Infectologia, cerca de 30% dos leitos destinados ao tratamento da COVID est�o ocupados na rede privada. Considerando tamb�m os p�blicos, a ocupa��o � de 40% dos leitos de UTI e 34% das vagas de enfermaria reservadas para a doen�a na capital mineira, segundo o Boletim de Monitoramento e Retomada de Atividades, publicado na sexta-feira pela prefeitura, que considera alerta amarelo �ndices entre 50% e 70% e aponta risco de aumento nas interna��es nos pr�ximos 14 dias. Curiosamente, h� mais vagas que as dispon�veis geralmente tamb�m em leitos para o tratamento de outras doen�as. Isso ocorre porque o n�mero de pacientes que precisam de atendimento pela COVID-19 n�o ultrapassou o sinal verde e muitas pessoas com outros problemas de sa�de deixaram de procurar os hospitais com medo de se contaminarem com o novo coronav�rus. Cirurgias eletivas e procedimentos m�dicos foram adiados.

“O tsunami n�o chegou em BH”, afirma o diretor t�cnico do hospital Madre Teresa, S�rgio Murta. Com muita cautela, ele disse que a institui��o preparou um plano de conting�ncia, mas que o n�mero de leitos ultrapassa, por ora, as necessidades. O hospital estabeleceu tr�s n�veis: o 1, est�gio atual, com 10 leitos de UTI e 20 em interna��o, sendo 10 para casos confirmados e 10 para suspeitos; n�vel 2, em que o n�mero de leitos dobra, passando para 20; e o n�vel 3, em que o n�mero triplica, passando para 30. Cardiologista, o diretor ressalta que h� muita cautela em rela��o ao avan�o da doen�a diante da possibilidade de flexibiliza��o das atividades, que come�a a ser feita nesta segunda-feira na capital mineira. Belo Horizonte registra 1.351 casos e 39 �bitos confirmados por COVID-19.

O Hospital Madre Teresa tinha 16 pacientes internados com sintomas da COVID-19 na sexta-feira. Quinze permaneciam isolados em apartamentos. Desse total, sete tiveram diagn�stico confirmado e nove estavam sob investiga��o. Apenas um paciente, com suspeita, estava em tratamento na Unidade de Terapia Intensiva da institui��o. Desde o in�cio da pandemia, o hospital concedeu alta a 26 pacientes com COVID-19 e nenhuma morte ocorreu.

A institui��o criou um comit� gestor para o enfrentamento da pandemia, que elaborou um plano de conting�ncia. Uma das a��es foi capacitar laborat�rios para que os diagn�sticos sejam feitos em tempo menor do que � liberado pela Funda��o Ezequiel Dias (Funed), laborat�rio de refer�ncia que, na chegada do novo coronav�rus em Minas, respondia pela maior parte dos exames tanto da rede p�blica quanto na privada. O hospital consegue saber se o paciente tem ou n�o a COVID-19 em prazo de 24 horas ou, no m�ximo, 48 horas. “Cada dia � um dia. Estamos aprendendo muito com doen�a. Estamos monitorando os casos”, diz S�rgio Murta.

Ele avalia que o fato de a curva de cont�gio e mortes pela COVID-19 permanecer sob controle no estado, os hospitais puderam se preparar ainda mais. O avan�o do novo coronav�rus teve um efeito curioso nos hospitais, que tiveram queda no faturamento de at� 40%. Com medo de se contaminarem, muitas pessoas adiaram procedimentos e cirurgias eletivas. “Tivemos uma queda significativa”, afirma.

A ocupa��o controlada dos leitos preparados para os pacientes da COVID-19 tamb�m ocorre na Rede Mater Dei. Na sexta-feira, eram 16 pacientes internados, sendo 11 com o diagn�stico confirmado. “Neste momento, Mato Grosso e Minas Gerais s�o estados que est�o performando bem em rela��o � pandemia”, diz o presidente da Rede Mater Dei, Henrique Salvador. O m�dico acredita que a doen�a se espalhou de forma mais acelerada nas capitais mais cosmopolitas, como S�o Paulo e Rio de Janeiro, e nas cidades que recebem muitos turistas, como as capitais do Nordeste do pa�s. Ele refor�ou a import�ncia do isolamento social para evitar o estresse nos servi�os de sa�de. “Vimos a abertura de hospital de campanha no mundo inteiro. Quem imaginaria que uma cidade como Nova York, em um pa�s rico e desenvolvido com hospitais de refer�ncia, passaria pelo que est� passando? Sistema de sa�de de pa�ses desenvolvidos foram colocados � prova”, afirma.

Apoio ao estado

A Rede Mater Dei p�de colaborar com o sistema p�blico, com a oferta de 180 leitos na unidade de Betim. Esses leitos poder�o ser cedidos para o governo de Minas para os casos graves de COVID-19. A rede tamb�m colaborou com a montagem de unidades de terapia intensiva no Par�. Em cada uma das tr�s unidades da rede em Minas, o Mater Dei separou um andar para o atendimento dos pacientes da COVID-19.

H� equipes exclusivas para o acompanhamento de pacientes com a doen�a. “As equipes n�o atendem outros pacientes. Fizemos uma separa��o dos fluxos dos pacientes, de quem tem suspeita de COVID-19 e de quem n�o tem”, disse. Al�m disso, todas as pessoas, funcion�rios, pacientes e familiares, t�m a temperatura medida quando chegam aos hospitais da rede e respondem a question�rios sobre sintomas.

Henrique Salvador tamb�m � cauteloso em rela��o ao avan�o da doen�a em Minas e refor�a que cabe � popula��o seguir com as medidas de preven��o, como o uso de m�scaras, �lcool em gel e a manuten��o do distanciamento social. “S�o cuidados universalmente aceitos como importantes”, diz.

Em nota, a Unimed-BH informou que implantar� 200 novos leitos, sendo 50 de UTIs adulto, 10 de UTI pedi�trica e 160 novos leitos de interna��o. Em toda a rede Unimed, foram confirmados 142 casos de COVID-19. No momento, s�o 24 pacientes internados, sendo nove na UTI e 15 em leitos ambulatoriais.

Segundo dados do �ltimo boletim epidemiol�gico da COVID-19 em Minas, 1.288 dos 6.668 pacientes que tiveram o diagn�stico confirmado passaram por interna��o em hospitais p�blicos e privados do estado desde o in�cio da pandemia. (MMC)
Contrata��o na rede p�blica

A Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) abriu novo chamamento emergencial para o preenchimento de vagas tempor�rias e imediatas para m�dicos que v�o atuar, exclusivamente, na terapia intensiva do Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte. O hospital � refer�ncia no tratamento da COVID-19. Os candidatos devem se inscrever at� as 17h desta segunda-feira. S�o oferecidas seis vagas para m�dicos (terapia intensiva), al�m de oportunidades para o cadastro reserva. Os vencimentos b�sicos variam entre R$ 2.995,77 e R$ 9 mil, dependendo da carga hor�ria semanal. A Fhemig anuncia tamb�m a contrata��o imediata e tempor�ria de profissionais para atuar no enfrentamento ao COVID-19 no Hospital Regional de Barbacena (Dr. Jos� Am�rico), na Regi�o Central do estado. S�o 18 vagas para m�dicos de qualquer especialidade, com vencimento b�sico de R$ 4.595,02 para 12 horas semanais; e quatro para fisioterapeutas respirat�rios, com vencimento de R$ 3.845,24 para 30 horas semanais. H� ainda 25 vagas para t�cnicos de enfermagem, cinco para enfermeiros e uma para auxiliar administrativo.

Recuo arriscado de exames

Coleta de sangue no laboratório Lustosa: solicitação de alguns testes para acompanhamento de doenças crônicas caiu 80%(foto: Pedro Vilela/Divulgação %u2013 2/4/20 )
Coleta de sangue no laborat�rio Lustosa: solicita��o de alguns testes para acompanhamento de doen�as cr�nicas caiu 80% (foto: Pedro Vilela/Divulga��o %u2013 2/4/20 )
Laborat�rios de Belo Horizonte registram dr�stica redu��o da demanda por exames rotineiros como hemograma, colesterol e triglic�rides desde o fim de mar�o -– in�cio da vig�ncia do primeiro decreto municipal sobre isolamento social, que visa conter o surto do novo coronav�rus. A queda no volume das an�lises – necess�rias sobretudo ao acompanhamento de doen�as cr�nicas como diabetes e hipertens�o – ultrapassa 40% em pelo menos quatro redes que atuam na capital. Uma delas relata diminui��o de 80% na procura por esses servi�os.

Especialistas atribuem o cen�rio ao receio da popula��o de contrair o v�rus ao buscar atendimento, bem como �s mudan�as impostas pelo distanciamento social � rela��o m�dico-paciente. E alertam: a neglig�ncia ao controle cl�nico pode deixar os doentes cr�nicos ainda mais vulner�veis aos efeitos da COVID-19, al�m de aumentar a mortalidade desse grupo ap�s a pandemia.

No laborat�rio Lustosa, com 20 unidades em BH, o gerente t�cnico Adriano Basques conta que a solicita��o de exames de dosagem e concentra��o da glicohemoglobina, recomendados de 2 a 3 vezes por ano principalmente aos diab�ticos – caiu 80%. A mesma varia��o negativa foi observada nos pedidos de testes hormonais (periodicamente prescritos a pessoas com doen�as tireoidianas, por exemplo), anticoagulantes, entre outros que aferem fun��es renais e hep�ticas.

“S�o procedimentos muito utilizados n�o s� para diagn�sticos, como tamb�m para o ajuste da dose de medicamentos. Acreditamos que os pacientes veem os laborat�rios como um lugar com alto risco de contamina��o pelo coronav�rus, mas isso n�o procede. Todo o setor adaptou seus fluxos para evitar a propaga��o da COVID-19. A seguran�a oferecida nos ambientes, portanto, � alta”, afirma Adriano.

CEO do grupo S�o Marcos, que mant�m 57 pontos de coleta na cidade, Ricardo Dupin relata que, na primeira semana ap�s decreto do prefeito Alexandre Kalil, houve desaparecimento de 70% da clientela. O movimento voltou a crescer, mas o d�ficit nas an�lises cl�nicas ainda � de 45%. “Antes da pandemia, atend�amos cerca de 3.500 pessoas por dia na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Hoje, o volume di�rio tem sido de 1.900”, calcula o m�dico. Para evitar descolamento dos pacientes, o laborat�rio refor�ou as equipes de assist�ncia em domic�lio e disponibilizou o agendamento pela internet, medidas avaliadas por Dupin como de "efeito discreto".

Estrat�gia semelhante foi adotada na rede Hermes Pardini, onde o agravamento da epidemia tamb�m � citado como motivo de redu��o do atendimento em todas os 75 postos da empresa na capital. No laborat�rio S�o Paulo, com 10 unidades instaladas na cidade, at� as gr�vidas v�m interrompendo o monitoramento pr�-natal, segundo o hematologista e s�cio-diretor do estabelecimento, Daniel Ribeiro. “� um quadro que preocupa, porque as consequ�ncias do descontrole s�o s�rias. As complica��es a m�dio prazo, principalmente para o portador de doen�a cr�nica, que depende de um cuidado rotineiro, podem ser graves. Sem acompanhamento, esses pacientes t�m qualidade e at� a expectativa de vida reduzidas”, pondera o profissional de sa�de. (CE)


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