postado em 02/06/2020 04:00 / atualizado em 02/06/2020 07:31
Controle dos acessos a Santa Luzia, um dos corredores melhor acompanhados, com barreiras no Belvedere, Santa L�cia e Sion (foto: Ed�sio Ferreira/D.A Press- 21/5/20)
Corredores de acesso a munic�pios com grande propor��o de casos da COVID-19 na Grande Belo Horizonte ainda n�o tiveram barreiras sanit�rias erguidas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que j� abriu 11 de 18 frentes previstas de bloqueio vi�rio contra o novo coronav�rus (Sars-CoV-2). De acordo com levantamento feito pela reportagem do Estado de Minas, avaliando as estradas, rodovias e avenidas que levam a essas cidades e a taxa m�dia de pessoas contaminadas por 100 mil habitantes, h� rotas de liga��o preocupantes, como as BRs-040 e 356 e a MG-040.
Essas vias est�o, por enquanto, desguarnecidas, embora apresentem alta propor��o de infec��es para o tamanho da popula��o – as taxas foram obtidas com base em n�meros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�sticas (IBGE). Significa imaginar que nesses locais seria mais f�cil encontrar um doente, o que amplia a possibilidade de contamina��o em deslocamentos intermunicipais (veja o mapa). Outros setores que fazem a liga��o de BH ao seu entorno, como a MG-030 (em dire��o a Nova Lima, Raposos e Rio Acima), que � o mais cr�tico; e a MG-010 (no sentido Baldim, Confins, Jaboticatubas, Lagoa Santa, Santa Luzia e Vespasiano), est�o, de fato, cobertos.
O levantamento identificou uma distor��o de dados na MG-020, que seria de contamina��o irris�ria. Contudo, esse corredor ganhou destaque, uma vez que Jaboticatubas apresentou taxa muito acima do normal devido ao fato de que uma empreiteira de outra cidade ter verificado 63 funcion�rios infectados, elevando a taxa desse munic�pio a 467 doentes por 100 mil habitantes. A propor��o supera Nova Lima, que conta com 160 por 100 mil, no segundo lugar.
Considerando-se essa pondera��o na pesquisa, o principal vetor de ingresso de pessoas em BH vindas de �reas com grande contamina��o � o mais bem cercado. Trata-se das rodovias BRs 356 e 040 e a MG-030, que permitem o tr�fego de Nova Lima, Brumadinho, Raposos e Rio Acima com BH. Os acessos � Regi�o Centro-Sul foram bem cercados, mas o ingresso de viajantes das rodovias federais permite uma rota pelo Anel Rodovi�rio, onde se pode rodar livremente e acessar qualquer outra �rea da capital, desde que n�o se entre na Avenida Juscelino Kubitschek, num dos caminhos para o Centro, que conta com outra barreira.
A taxa de doentes por 100 mil habitantes da capital mineira � 35,3% menor (de 64,8 por 100 mil habitantes) quando comparada ao �ndice dessa regi�o, que chega a 100,04. A MG-30 e a MG-010 tiveram praticamente todos os seus principais acessos controlados, com quatro bloqueios nos bairros Belvedere, Santa L�cia e Sion, no caso da MG-030; e na Vila Suzana e no Bairro Santa Branca, em rela��o � MG-010. Esse corredor � a segunda �rea de acesso a BH com maior taxa de infec��es pelo novo coronav�rus (Sars-CoV-2), registrando taxa de 88,1 doentes por 100 mil habitantes. A MG-030 apresenta propor��o de 66,8 por 100 mil.
O que mais tem puxado esses n�meros, no caso das BRs 040 e 356 e a MG-030 � a situa��o de Nova Lima, o segundo munic�pio da Grande BH com a maior taxa de contamina��o, com 160 casos por 100 mil habitantes dentro dos par�metros do levantamento da reportagem. Nas ruas do Centro e de condom�nios, o EM flagrou aglomera��es de pessoas sem m�scaras de prote��o, sobretudo em obras da constru��o civil e no com�rcio local, mas tamb�m foram vistos fiscais combatendo irregularidades. Devido a esses �ndices cr�ticos e � car�ncia de leitos, o munic�pio teve a flexibiliza��o de seu com�rcio suspensa pela Justi�a na semana passada.
Controles O levantamento feito pelo’ EM mostra outra situa��o que destoa na Grande BH, com a preocupante contamina��o proporcional do acesso pela MG-040, que chega a BH pelo Barreiro, por meio da Via do Min�rio, e que pode se alastrar por dentro da Regi�o Oeste sem qualquer impedimento sanit�rio. A taxa m�dia de doentes dessa regi�o � de 47,6 casos por 100 mil habitantes, puxada por munic�pios de pequena popula��o, como M�rio Campos (116,76), Itatiaiu�u (71,77), Brumadinho (39,89) e Itaguara (29,9). Nesse corredor, tamb�m s�o flagrantes as aglomera��es de pessoas sem m�scaras, a maioria gente simples em seus afazeres corriqueiros, mas que correm riscos e os propagam por falta de prote��o.
As barreiras sanit�rias em BH foram anunciadas como medidas de controle por amostragem e sua implanta��o come�ou em 18 maio. O funcionamento ocorre no per�odo de segunda a sexta-feira (exceto feriados), entre as 7h e as 19h. Foram institu�das por meio do Decreto Municipal 17.356, de 14 maio de 2020. Participam da sele��o de ve�culos, testagem de motoristas e manejo do tr�fego policiais militares, agentes da BHtrans e da epidemiologia municipal. Ao serem parados, os motoristas s�o indagados se mantiveram proximidade com pessoas que t�m suspeita de contamina��o, t�m a temperatura medida e caso apresentem sintomas s�o direcionados a unidades de sa�de.
Os pontos de inspe��o sanit�ria aparecem em outros locais que ligam a capital a regi�es com pequena propor��o populacional doente na Grande BH. Na Avenida Amazonas, que conduz o tr�fego �s rodovias BR-381 (Fern�o Dias), com uma taxa de 43 doentes por 100 mil habitantes impulsionada por Contagem e Betim, e BR-262 (Tri�ngulo), com propor��o de 18,8. Na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, a modera��o influi grandemente na BR-040 (sentido Bras�lia) e na MG-808, com taxa m�dia de 20,3 casos confirmados. As barreiras a Norte e Leste s�o as que cercam �reas de menor n�mero de casos na Grande BH.
� espera de novos bloqueios
A BHTrans informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que tem uma limita��o para a instala��o de barreiras sanit�rias apenas em �reas que s�o da sua jurisdi��o, n�o podendo atuar em rodovias, o que compete ao estado ou � Uni�o. A empresa que gerencia o transporte e o tr�nsito da capital mineira informou que h� a previs�o de uma barreira para atender ao trecho da MG-040 que chega a BH e que permite acesso de regi�es com grande incid�ncia da doen�a pela Via do Min�rio, no Barreiro. “H� a previs�o de uma barreira pr�xima � MG-040 e Via do Min�rio: VIII – Rua J�lio Mesquita, pr�ximo � Rua Tabo�o da Serra. A PBH, por meio da BHTRANS e Guarda Municipal e Secretaria de Sa�de, avaliou as principais entradas vi�rias da capital e estabeleceu os locais das barreiras sanit�rias em todas as regionais da cidade”, diz em nota.
A grande propor��o de doentes da COVID-19 em Mario Campos, que apresentou 18 infectados e um morto para uma popula��o de 15.416 pessoas segundo senso do IBGE (116,76 casos por 100 mil habitantes), elevou o munic�pio da Grande BH ao posto de terceiro com maior quantidade de casos relativos confirmados da regi�o. � tamb�m um exemplo de como se trata de uma infec��o muito mais abrangente do que se imagina, pois a Secretaria Municipal de Sa�de informa que esse descompasso se deu sobretudo com uma fam�lia do Centro da cidade.
“Apresentamos um morto. A prefeitura ent�o resolveu agir e testou todos os parentes e a comunidade que teve contato com essa pessoa (um senhor de 72 anos) e da� veio o grande n�mero de resultados positivos”, afirma a subsecret�ria de Sa�de, Mariana Lousada. Ela ressalta que essas pessoas estavam assintom�ticas, ou seja, n�o apresentavam manifesta��o de sintomas.
“Normalmente seriam pessoas que nem sequer seriam testadas. Por isso, recomendamos aqui um isolamento horizontal e temos uma viatura da prefeitura percorrendo o munic�pio para garantir que pessoas n�o se aglomerem e desses casos assintom�ticos a doen�a se espalhe”, afirma. Segundo Lousada, a grande conectividade de Mario Campos se d� com Sarzedo e Brumadinho, por proximidade, e com Betim, por rela��es econ�micas.
A Prefeitura de Nova Lima afirma que desde o in�cio da pandemia vem agindo conforme demanda a crise. “A Prefeitura de Nova Lima instituiu um gabinete de crise, suspendeu as aulas e eventos, reorganizou os servi�os p�blicos, contratou profissionais para a sa�de, fechou o com�rcio por 45 dias, (foram feitas) mais de 2 mil a��es de fiscaliza��o dos estabelecimentos, recomenda��o e incentivo ao isolamento social, cria��o do Al�, Sa�de, defini��o de protocolo de atendimento de casos suspeitos, abertura do Centro de Atendimento – Coronav�rus (Ceacor)”, entre outras medidas.
O alto �ndice de contaminados, de acordo com a prefeitura, pode refletir “o elevado percentual de testes realizados em Nova Lima desde o in�cio da pandemia se comparado a outros munic�pios ou, at� mesmo, � realidade do Brasil, considerado um dos que menos testam no mundo e com maiores subnotifica��es de casos e testagem dos casos notificados acima de 50%”. (MP)
(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Blitz pela prote��o
Profissionais da Secretaria Municipal de Sa�de Belo Horizonte, em conjunto com a Guarda Municipal, Pol�cia Militar (PM) e BHTrans, realizaram, na manh� de ontem, blitz educativa (foto) contra a pandemia do novo coronav�rus (Sars-CoV-2) na Avenida Nossa Senhora do Carmo, altura do Bairro Santa L�cia, na Regi�o Centro-Sul da capital. Com muitos ve�culos circulando, apesar das recomenda��es de isolamento social, a a��o provocou lentid�o no tr�nsito. At� o in�cio da tarde, 829 motoristas foram orientados sobre a import�ncia do uso dos equipamentos de prote��o adequados para evitar a propaga��o da COVID-19. Na abordagem, al�m de passar orienta��es b�sicas de prote��o, os profissionais de sa�de mediram a temperatura dos motoristas com um term�metro digital de testa, que n�o necessita do contato direto com a pele, e fizeram perguntas sobre as condi��es de sa�de de cada um. As respostas, anotadas em uma prancheta, v�o servir como base para o controle da doen�a em BH.