
Pesquisadores da Fiocruz Minas integram uma for�a-tarefa de 30 pa�ses que se uniram na busca por vacinas contra a COVID-19, anunciada nesta semana, a C-TAP (The COVID-19 Technology Access Pool), da qual o Brasil faz parte. O esfor�o conjunto de cientistas tem o objetivo de barrar o avan�o da pandemia, que contaminou 6 milh�es de pessoas e causou 371 mil mortes em todo o planeta, o que s� ser� poss�vel com uma vacina. Um dos estudos brasileiros mais promissores, a pesquisa desenvolver� uma prote��o bivalente contra o coronav�rus (Sars-CoV-2) e o influenza. A pesquisa utiliza um tipo de v�rus da influenza inofensivo, capaz de gerar resposta imunol�gica contra o novo coronav�rus. Empregado como vetor vacinal, o v�rus � modificado dentro do laborat�rio para transportar parte da prote�na do v�rus que aterroriza o mundo.
“Usamos o v�rus modificado para n�o causar doen�a, mas ele induz uma resposta imune no organismo. Permite uma prote��o sem causar doen�a. Modificamos esse v�rus que carrega prote�na do Sars-CoV-2”, adianta Alexandro Vieira Machado, pesquisador Oswaldo Cruz e membro do CTVacinas. O estudo � feito em parceria com pesquisadores do CTVacinas, centro de pesquisa em biotecnologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O estudo tem como base uma t�cnica elaborada pelo Grupo de Imunologia de Doen�as Virais da Fiocruz Minas e seguir� v�rias etapas: estudo de bancada e testes em c�lulas infectadas, testes em camundongos e testes cl�nicos em humanos. Os pesquisadores est�o no estudo de bancada. A investiga��o cient�fica tem sido desempenhada por uma equipe de 12 cientistas, que inclui pesquisadores que s�o servidores da Fiocruz, alunos de mestrado, doutorado e p�s-doutorado.
Para criar a subst�ncia que pode salvar milhares de brasileiros, os pesquisadores usam de uma artimanha para enganar o novo coronav�rus. “O v�rus da gripe � modificado, de tal forma que n�o causa doen�a, mas � capaz de levar o vacinado a produzir anticorpos e ficar protegido tanto contra a COVID-19 quanto da gripe. Isso � poss�vel, porque inserimos um peda�o do material gen�tico do Sars-CoV- 2 em uma por��o do material gen�tico do v�rus da gripe. � uma vacina bivalente, capaz de proteger de duas doen�as que infectam o trato respirat�rio e s�o importantes causas de doen�as em idosos e pessoas que t�m doen�a cr�nica”, afirma Alexandre.
Ci�ncia
Alexandre lembra que a ci�ncia se desenvolve de maneira coletiva. H� cerca de 120 vacinas no mundo e pelo menos oito delas j� est�o na fase de testes cl�nicos. De modo que os pesquisadores brasileiros n�o s� acompanham, mas integram esfor�os mundiais nessa busca. “Fazemos parte das centenas de vacinas em desenvolvimento. O Brasil faz parte dessa rede de 30 pa�ses que buscam encontrar uma vacina”, diz Alexandre que j� pesquisa vacinas h� 17 anos. Ele participou da elabora��o de imuniza��es para toxoplasmose, doen�a de Chagas e pneumonia causadas por pneumococos.
Ele destaca que as pesquisas em Minas est�o em colabora��o com estudos da Universidade de S�o Paulo (USP), Instituto Butantan e do Instituto do Cora��o (Incor). “Em outros pa�ses, as vacinas est�o mais avan�adas do que a nossa. Est�o n�o fase dois ou tr�s. Mas � importante termos, a longo e m�dio prazos, uma vacina com tecnologia nacional que esteja dispon�vel na rede p�blica”, defende.
A dedica��o de Alexandre para a descoberta se d� em tempo integral. O pesquisador n�o deixa de pensar na pesquisa nem mesmo quando est� em casa. “A dedica��o � o tempo todo. Durante o dia, � noite. Na ci�ncia, a gente nunca dorme. As informa��es s�o geradas o tempo todo. Todos pesquisadores fazem isso”, diz ele, que precisa acompanhar vasta literatura sobre o tema.
O pesquisador refor�a a import�ncia dos financiamentos para a ci�ncia para que os v�rus n�o peguem a humanidade de surpresa. “A hist�ria da humanidade � a hist�ria das pandemias. Com a globaliza��o, a difus�o de pat�genos � facilitada”, argumento. Ele refor�a a import�ncia dos esfor�os mundiais e diz que nada garante que no futuro n�o teremos que lidar com um outro v�rus mortal. “� importante que os cientistas se comuniquem. A troca de informa��o � fundamental, quanto mais soubermos do v�rus, mais condi��es teremos de enfrent�-lo”.
E faz uma met�fora para explicar a import�ncia de investimento em pesquisa: “o caminho da ci�ncia � tortuoso, costumo dizer que � um labirinto escuro, cada cientista ilumina com uma tocha. Quanto mais iluminado, mais r�pido � poss�vel sair do labirinto. Os cientistas t�m que compartilhar a luz do conhecimento. Se n�o temos financiamento, o caminho fica escuro”, pondera. De acordo com a Fiocruz, os projetos do INCTV s�o financiados pela Funda��o de Amparo � Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient�fico e Tecnol�gico (CNPq) e Minist�rio da Ci�ncia, Tecnologia, Inova��es e Comunica��es (MCTIC).