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Estado de Minas Cidade "adormecida"

Congonhas enfrenta avan�o da COVID-19 e crise intensa no turismo

Com aumento dos casos de contamina��o pelo coronav�rus e um �bito, munic�pio hist�rico teme efeito de atra��es, ruas e com�rcio esvaziados


05/06/2020 06:00 - atualizado 05/06/2020 07:18

Município parece adormecido sem o costumeiro movimento de visitantes no entorno do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos
Munic�pio parece adormecido sem o costumeiro movimento de visitantes no entorno do Santu�rio de Bom Jesus de Matozinhos (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Os profetas do Aleijadinho vigiam a cidade hist�rica de Congonhas, meio adormecida sem o vaiv�m fren�tico de turistas e assustada com o avan�o do novo coronav�rus. Ap�s o fechamento das igrejas, o turismo declinou e o com�rcio cerrou as portas por dois meses e meio. Al�m da quarentena, o munic�pio da Regi�o Central de Minas Gerais lida com o aumento no n�mero de casos da doen�a respirat�ria.

A reportagem do Estado de Minas esteve no munic�pio, que tenta retomar �s atividades locais. Depois de dois meses e meio fechado, o com�rcio reabriu as portas, mas os turistas aparecem em conta-gotas. � o caso do empres�rio Guilherme Henrique da Silva, de 30 anos, que visitou o munic�pio antes do isolamento social e n�o se lembra de ter visto a cidade com t�o pouco movimento. A trabalho na cidade, ele acredita que, aos poucos, a vida volta ao “novo normal”. “Vi muita gente na rua, usando m�scaras. Parece que est� (o munic�pio) voltando aos poucos”, disse.

Há 30 anos no ramo do comércio, Adriana de Souza diz nunca ter visto crise como a atual
H� 30 anos no ramo do com�rcio, Adriana de Souza diz nunca ter visto crise como a atual (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Fontes ligadas � prefeitura, que pediram para n�o ser identificadas, informaram que o coronav�rus chegou ao munic�pio quando um m�dico de Belo Horizonte foi designado para fazer plant�o em um dos hospitais de Congonhas. O profissional atendeu pacientes, dormiu na cidade e dividiu o quarto com outro m�dico, que tamb�m teria se contaminado. A transmiss�o tamb�m teria acometido uma funcion�ria do hospital e o filho dela. O m�dico estaria assintom�tico e s� desconfiou da contamina��o ao retornar � capital, onde fez o teste e comprovou que estava com a COVID-19.

O pastor Edson Ferreira se mudou do Recife para Congonhas para realizar trabalho de evangeliza��o na cidade. No entanto, ele n�o esperava que a cidade enfrentaria a epidemia. “Amamos esta cidade. Cidade de Aleijadinho, cat�lica, de um povo maravilhoso. N�o esper�vamos enfrentar isso que estamos passando agora e como essa epidemia comprometeria a estabilidade tur�stica e econ�mica”, afirmou.

Ferreira diz que o ideal � ficar em casa, mas que precisa sair para realizar a��es de solidariedade. “A gente precisa agir para ajudar outras pessoas que, estando em casa, n�o t�m recursos, n�o t�m sa�da. A nossa atividade � levar conforto �s pessoas que n�o t�m condi��es de buscar um ref�gio, buscar um alimento”,afirmou. Neste momento de avan�o da doen�a, ele disse que pastores e padres est�o unidos com o objetivo de ajudar a popula��o a enfrentar a pandemia.

O empresário Guilherme Silva visitou a cidade a trabalho e se surpreendeu com a calmaria
O empres�rio Guilherme Silva visitou a cidade a trabalho e se surpreendeu com a calmaria (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


A comerciante Adriana de Souza Maia est� desolada com a queda do movimento. H� 30 anos no ramo, ela diz nunca ter visto crise parecida. Embora o com�rcio tenha sido reaberto, o n�mero de turistas, que movimentam o setor, � muito baixo. “Praticamente, atendo duas ou tr�s pessoas por dia. � assustador. Estamos ansiosos quanto ao cen�rio que vir� nos pr�ximos seis meses e at� o fim do ano. Os compromissos est�o a�. A gente n�o est� com esperan�a de muita visita. O povo vai voltar � vida, mas para viajar acho complicado. As pessoas ainda est�o com cautela. Nosso movimento � do turismo, este ano n�o vai ser t�o f�cil”, diz. Na segunda-feira, ela atendeu um casal de S�o Paulo e outro do Rio de Janeiro, mas nos outros dias desta semana n�o recebeu nenhum cliente.

Assist�ncia O Hospital Bom Jesus tem �rea reservada para assist�ncia �s pessoas infectadas pelo coronav�rus, chamada de “covid�rio”. A ala disp�e de oito leitos cl�nicos exclusivos para atendimento aos casos de COVID-19. Al�m disso, conta com seis leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados exclusivamente �s v�timas da doen�a. At� o �ltimo dia 1º, segundo dados divulgados pela institui��o, os leitos para pacientes com diagn�stico ou suspeita da doen�a n�o estavam ocupados.

Registros de COVID-19 no município histórico somam 39 casos, aumento de 20 vezes em 15 dias
Registros de COVID-19 no munic�pio hist�rico somam 39 casos, aumento de 20 vezes em 15 dias (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


O aumento no n�mero de casos estaria relacionado ao aumento na testagem. A assessoria da prefeitura local informa que, com o aumento das testagens, foi poss�vel identificar casos positivos de coronav�rus, muitos deles em pacientes assintom�ticos, provocando, assim, eleva��o no n�mero de registros na cidade. A mineradora Vale e a sider�rgica VSB, com atua��o na regi�o, t�m aplicado testes r�pidos em seus funcion�rios. As empresas acionam a Vigil�ncia Epidemiol�gica de Congonhas para repassar o n�mero de casos positivos entre seus trabalhadores que residem no munic�pio.

Para todos os casos confirmados at� o momento, o munic�pio conseguiu estabelecer v�nculo epidemiol�gico com casos importados. As pessoas diagnosticadas ou que est�o com suspeita de ter sido infectadas pelo coronav�rus ficam em isolamento domiciliar, com acompanhamento da Vigil�ncia Epidemiol�gica. O �rg�o municipal tamb�m faz o rastreio dos contatos desses pacientes. Caso seja necess�rio, uma equipe multiprofissional, devidamente paramentada, realiza o atendimento m�dico em domic�lio.

Agentes comunit�rias de sa�de (ACS) circulam pelas ruas da cidade orientando os cidad�os sobre os cuidados preventivos � infec��o, e distribuem m�scaras. No terminal rodovi�rio do munic�pio, profissionais de sa�de aferem a temperatura de passageiros e recomendam cuidados. Outras medidas adotadas s�o o monitoramento da Feira do Produtor Rural e a fiscaliza��o do com�rcio. A limpeza das ruas est� sendo feita tr�s vezes na semana, assim como dos abrigos de �nibus.

Munic�pios mineradores buscam ampliar testes


O aumento de casos confirmados de contamina��o pelo coronav�rus em cidades com atividades de minera��o chamou a aten��o de autoridades sanit�rias nas �ltimas semanas. Apesar dos registros em v�rios munic�pios, a rela��o entre a atividade econ�mica e o avan�o da doen�a n�o tem comprova��o. “N�o h� comparativo, a n�o ser que realiz�ssemos testes em massa para certificar”, explica o infectologista e coordenador da Vigil�ncia em Sa�de de Itabirito, Marcelo Campos. O aumento de casos tem rela��o direta com quantidade de testes.

A atividade extrativista de minerais n�o foi suspensa durante a pandemia, e as empresas passaram a realizar testes r�pidos em todos os seus empregados. O infectologista chama a aten��o para os dados estat�sticos que incluem os testes r�pidos, que apenas detectam a presen�a de anticorpos. O resultado positivo, em geral, n�o d� pista do momento em que o paciente foi infectado, dificultando transformar essa informa��o para a popula��o. Itabirito tem 52 casos confirmados e um �bito.

Marcelo Campos alerta que s�o v�rios os tipos de testes r�pidos, realizados em farm�cias, cl�nicas e outros locais, e apesar de haver autoriza��o da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa), n�o h� um procedimento que ateste a qualidade de todos. “Esse tipo de teste pode apresentar resultado tanto falso-negativo, quanto falso-positivo”.

O infectologista sugere uma a��o conjunta reunindo as inst�ncias da sa�de municipais, estaduais e federal e o meio acad�mico e de pesquisas, de forma a normatizar procedimentos de diagn�stico e divulga��o dos resultados, al�m de uma padroniza��o desses testes, com garantia de qualidade.

Em Mariana, com mais de 250 casos confirmados e sete mortos pelo coronav�rus, conforme boletim da Secretaria de Estado da Sa�de (SES) divulgado na quarta-feira, a secretaria do munic�pio passou a exigir das empresas mineradoras apresenta��o de plano de testagem r�pida de todos os funcion�rios diretos e terceirizados.

Em Ouro Preto, o secret�rio de Sa�de, Paulo Marcos Xavier da Silva, informou que a prefeitura monitora a evolu��o dos casos confirmados e identificou um maior impacto a partir das atividades mineradoras. “Estamos em constante articula��o com as empresas e prestadoras de servi�os. J� temos mapeadas as �reas mais impactadas e as acompanhamos”, disse.

Em Bar�o de Cocais, na Regi�o Central do estado, foram 29 os testes positivos. A prefeitura confirmou o salto de casos identificados e que j� havia determinado medidas restritivas ao funcionamento de estabelecimentos e � promo��o de aglomera��es, al�m da amplia��o da realiza��o de testes r�pidos.

Por meio de nota, o Instituto Brasileiro de Minera��o (Ibram) afirmou que tem orientado as 130 companhias associadas a tomarem as provid�ncias estabelecidas pelas autoridades p�blicas e a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), com a finalidade de aumentar a prote��o � sa�de de seus empregados, terceirizados e demais pessoas com as quais essas mineradoras mant�m contato di�rio. *Leandro Couri (de Congonhas) 

Perto de casa


A Prefeitura de Congonhas pretende recriar roteiros tur�sticos em conjunto com a Secretaria de Turismo da Prefeitura de Belo Vale. A aposta � que, ap�s a pandemia da COVID-19, o turista v� procurar atra��es pr�ximo de casa. Est�o em andamento em Congonhas obras de reforma do Teatro Municipal, do Centro Cultural Romaria e Parque Natural da Romaria. Antes da quarentena, j� haviam sido restaurados os elementos art�sticos da Igreja Nossa Senhora do Ros�rio, Igreja Matriz de Nossa Senhora da Concei��o e Bas�lica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Foi tamb�m requalificada a Alameda das Palmeiras. O projeto contemplar� a expans�o do Museu de Congonhas, espa�o anexo ao do santu�rio, inaugurado em 2015.



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