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Estado de Minas

Conviv�ncia na quarentena: como vai estar sua fam�lia no fim do isolamento?

Passar junto todo o dia, dividir tecnologia para trabalho, aula e divers�o: para especialistas, novos relacionamentos devem brotar das rusgas da quarentena


13/06/2020 06:00 - atualizado 13/06/2020 07:33

Francislaine Souza, com Fernando e os filhos Téo e Enzo: noites com música, dança e lanches em conjunto viraram regra para enfrentar a quarentena (foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
Francislaine Souza, com Fernando e os filhos T�o e Enzo: noites com m�sica, dan�a e lanches em conjunto viraram regra para enfrentar a quarentena (foto: Arquivo pessoal/Divulga��o)

“M���e, voc� t� baixando alguma coisa? A internet ficou muuuito lenta!” “Pai, voc� esqueceu de carregar o notebook? Eu tenho aula de ingl�s...” “Fa�am sil�ncio, papai vai entrar em uma reuni�o do servi�o...” “No computador, pai? E meu jogo?” “Algu�m pode tirar o cachorro daqui? Estou em uma liga��o de trabalho!” Se voc� ouviu ou pronunciou alguma dessas frases – ou todas elas, ou suas milhares de varia��es – nos �ltimos meses, n�o se preocupe: significa apenas que voc� � um dos bilh�es de habitantes de um planeta em quarentena familiar. A boa not�cia � que, al�m das disputas por nacos de tecnologia e por fatias maiores dos megabites da banda larga, a pandemia trouxe maior conviv�ncia dentro de casa e pode deixar como legado novas formas de se relacionar em fam�lia.
 
� o que acreditam especialistas, ao analisar conseq��ncias do isolamento domiciliar imposto pela pandemia do novo coronav�rus, que afeta diversos aspectos do dia a dia. Adultos trabalhando em home-office, crian�as e jovens estudando sob o mesmo teto impuseram, abruptamente, um desafio para milh�es de fam�lias, que de repente se viram obrigadas a conciliar rotinas da profiss�o, o cuidado e a educa��o dos filhos com uma boa conviv�ncia. � uma quest�o de equil�brio, mas ningu�m disse que seria f�cil – ainda mais diante do sentimento de tens�o que paira no ar.
 
“O isolamento social coloca para as fam�lias um grande desafio. De uma hora para outra, surge a necessidade de reorganizar as demandas profissionais, com os filhos em casa, intensificando uma conviv�ncia que sempre foi repartida com a escola. Os conflitos podem eclodir com mais facilidade, uma vez que o n�vel de preocupa��o e press�o sobre os pais � muito forte. Isso tamb�m acontece com as crian�as e adolescentes, que viram sua rotina absolutamente modificada”, avalia Fl�via Vivaldi, doutora em educa��o pela Unicamp, destacando que s�o necess�rios ajustes para que essa conviv�ncia seja a mais harm�nica e construtiva poss�vel.
 
A professora sugere estabelecer uma nova rotina, mas fazer isso de forma conjunta. Considerar, por exemplo, quanto tempo cada um precisa do computador, se h� um ou mais em casa, quais espa�os ser�o ocupados para o trabalho e aqueles que podem ser disponibilizados para brincadeiras, e o que mais surgir como demanda. At� mesmo destinar um local na casa onde os filhos possam tentar digerir tudo o que est�o sentindo. “Os pais devem envolver os filhos, para que participem do processo de constru��o de regras necess�rias para este momento diferenciado”, ensina Fl�via.
 
� poss�vel trabalhar com os filhos, por exemplo, em que per�odo do dia v�o se dedicar �s tarefas da escola. “Algumas coisas que aconteciam antes e eram tidas como regras sagradas agora precisam ser revistas, sobretudo em quest�es como organiza��o e hor�rio. N�o se pode abrir m�o � do conte�do voltado para a boa sa�de, a boa educa��o e a qualidade das rela��es humanas”, ressalta. Ela lembra a import�ncia dos filhos se sentirem acolhidos, j� que em muitos casos ficam confusos com a situa��o. O que n�o significa deixar que a vida “corra solta”.
 
O que a profissional considera uma vantagem em momento de conviv�ncia intensificada � justamente a revis�o de valores. “Muitas vezes, a intera��o � superficial, movida por quest�es materiais, de suprir necessidades b�sicas, e o di�logo � esquecido. Para fam�lias que vinham se distanciando, agora h� possibilidade de retomada de aspectos fundamentais para fortalecer v�nculos. A fam�lia vai crescer do ponto de vista da coexist�ncia”, salienta.
 
Lan�ando m�o da criatividade, tanto quanto os pais puderem, � bom propor situa��es que favore�am o engajamento dos filhos, ocupando o tempo de forma produtiva. “Mesmo quando a casa � pequena, d� para abrir um espa�o para as crian�as menores, para que gastem energia.” Para Fl�via, � interessante construir mem�rias positivas deste per�odo, para que, quando tudo passar, as lembran�as n�o sejam apenas de coisas ruins.

Balada e DJ para escapar da rotina


� nesse esp�rito que ocorrem algumas das “noitadas” na casa da gerente de tecnologia Francislaine Souza, de 40 anos, e do marido, o gerente de projetos Fernando, pais de T�o, de 8, e Enzo, de 4. Trabalhando em casa, o casal est� tendo de se reinventar para conciliar a nova rotina com as atividades escolares dos filhos, que tamb�m n�o foram interrompidas.
 
Uma das solu��es criativas foi explorar uma paix�o de Enzo, que adora dan�ar. Agora, na programa��o da fam�lia, j� viraram lei as noites de “balada”. “Apagamos a luz, e um deles � o DJ. Fazemos tira gosto e lanche, colocamos m�sica. Tamb�m brincamos juntos em casa mesmo, de esconde-esconde, pique pega e videogame”, relata Francislaine.
 
Quando o assunto � s�rio, os adultos usam computadores disponibilizados pela empresa em que trabalham e o filho mais velho usa a m�quina que j� existia na casa para assistir �s aulas. Depois que acorda, brinca um pouco e relaxa, ap�s o almo�o T�o fica no computador colocado na mesa de jantar para estudar. Os pais ficam por perto, trabalhando, mas tamb�m atentos ao que o filho precisa. “Ele acabou de concluir a semana de provas”, conta a m�e. “Conseguimos nos organizar e acompanhar de perto. Mas � algo novo para todos n�s”, diz Francislaine.
 
Nas novas formas de conviv�ncia em casa, Fernando assumiu as r�deas da cozinha, enquanto Francislaine fica mais por conta da casa e de cuidar da rotina dos garotos. No come�o, eles n�o entendiam por que os pais passavam o dia na frente do computador. Agora, j� aprenderam que se trata do trabalho. Mas n�o gostam muito da ideia de n�o poder ver os av�s e os amigos da escola. “Foi tudo muito abrupto. Eles sentiram, principalmente o ca�ula. De repente sumiu todo mundo. O Enzo �s vezes acorda assustado, chorando, ficou bem triste. Pego no colo e trabalho com ele nos bra�os. Sou obrigada a cumprir o trabalho, mas tenho que acolher meu filho. Hoje ele est� mais tranquilo”, conta Francislaine. Por outro lado, ela diz que, antes da pandemia, quase n�o acompanhava os filhos em seu dia a dia, e que agora � uma rela��o estreita.

‘O sistema familiar deve ser repensado’


“N�o est�vamos adaptados a esta realidade. O sistema familiar deve ser repensado, para dar conta de tudo isso. Todos juntos, cumprindo prazos, tarefas, demandas diferentes, quase fazendo tudo ao mesmo tempo”, diz a psic�loga Cibele Marras. Para ela, firmar uma rotina � ter seguran�a, e no��o do que vai acontecer depois. “Acordar no mesmo hor�rio, manter as refei��es pr�ximas da hora em que eram feitas antes, ou com pequenas mudan�as. � importante haver alguma const�ncia, considerando ainda que a crian�a n�o tem todos os nossos instrumentos para lidar com mudan�as. A rotina faz com que se sinta segura. Cada fam�lia vai ter que encontrar o seu jeito de fazer isso, ainda que leve tempo. Todos estamos aprendendo com a pandemia, precisamos chegar a novos arranjos, novas adapta��es”, explica.
 
Ela lembra que os processos variam conforme cada caso. “Para muitos pais, o estudo dos filhos em casa gera estresse, na medida em que pensam que os filhos devem apresentar o mesmo desempenho que t�m na escola, e se comparam aos professores”, analisa.  Diante da situa��o at�pica, � preciso entender que � uma ocasi�o de ruptura.
 
A psic�loga cita a criatividade e a flexibilidade como qualidades essenciais neste per�odo. “� necess�rio pensar em alternativas, fazer experimenta��es, n�o ficar congelado em uma dire��o. N�o � preciso dar atividades �s crian�as o tempo todo. Tamb�m devem ficar ociosas, para dar asas � imagina��o, e a criatividade ser� acionada. � bom que aprendam a usar suas capacidades livremente”, acrescenta.
 

Equil�brio

 
Cynthia De Filippo, com o marido, Eduardo, e a filha Catherine: 'Quase não ficávamos em casa, era tudo uma correria só. Observei benefícios com essa situação'(foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
Cynthia De Filippo, com o marido, Eduardo, e a filha Catherine: 'Quase n�o fic�vamos em casa, era tudo uma correria s�. Observei benef�cios com essa situa��o' (foto: Arquivo pessoal/Divulga��o)
Cynthia De Filippo Menicucci, de 43, e o marido, Eduardo, de 49, j� podem comemorar pelo menos uma conquista desses tempos de isolamento: a filha Catherine, de 7, aprendeu a andar de bicicleta sem rodinhas. O casal, que trabalha na �rea de educa��o, est� em modo de trabalho remoto, e a menina tamb�m vem fazendo suas atividades pelo computador. Mas o tempo do lazer em fam�lia � preservado.
 
O dia de Catherine come�a na sala, onde assiste e faz aula de gin�stica art�stica com as colegas, em tempo real. Em seguida vai para o banho e, at� o hor�rio do almo�o, os pais estabeleceram para ela um momento exclusivo para leitura. Ap�s a refei��o, vai para o quarto para as li��es on-line da escola.
 
S�o tr�s computadores na fam�lia. O casal com m�quinas da empresa e a pequena com uma que j� havia na casa. Eduardo, que em �pocas normais passava muitos dias fora de Belo Horizonte, agora passa todo o dia trabalhando em casa, em espa�o pr�prio de escrit�rio. Cynthia tamb�m fica todo o tempo no computador, mas atenta �s necessidades da fam�lia.
 
“Estamos mais unidos agora. Quase n�o fic�vamos em casa, era tudo uma correria s�. Observei benef�cios com essa situa��o, muito pontos positivos. Meu marido passava muitos dias fora. Agora estamos mais juntos at� para os momentos de lazer”, diz. Como vivem em um pr�dio com poucos moradores, por vezes os tr�s descem para a �rea comum, brincam de bola, queimada – e foi em uma dessas que Catherine aprendeu a se equilibrar sobre a bike. “Agora, almo�amos e jantamos juntos todos os dias. Uma vez por semana, assistimos a filmes. Catherine est� assimilando bem. Tinha uma rotina muito pesada, quase n�o parava em casa. Agora diz que est� gostando de ficar com a fam�lia.”

Tratar de si para cuidar dos filhos


"� necess�rio pensar em alternativas, fazer experimenta��es, n�o ficar congelado em uma dire��o. N�o � preciso dar atividades �s crian�as o tempo todo. Tamb�m devem ficar ociosas, para dar asas � imagina��o' - Cibele Marras, psic�loga (foto: Arquivo pessoal/Divulga��o)
Em tempo de la�os estreitados, h� que se viver em espa�os emocionalmente est�veis e um ponto para se ter harmonia � que tamb�m os adultos reservem um tempo para cuidar de si pr�prios e ter momentos de prazer. “Adultos seguros transmitem seguran�a. Se n�o se cuidarem de si, n�o poder�o cuidar dos filhos”, diz a psic�loga Cibele Marras.
 
Leila De Luca, de 46, trabalha com terapias alternativas e artes pl�sticas e h� um ano e meio se separou do professor de filosofia Daniel De Luca, tamb�m de 46. Os dois s�o pais de Manuela, de 15, e Caio, de 11. Al�m de oferecer leitura de tar� pelo WhatsApp, no momento, Leila est� debru�ada na produ��o de um livro, elabora um projeto ligado a arte e educa��o e usa o �nico computador da casa principalmente no per�odo da noite, at� mesmo entrando pela madrugada.
 
Ela divide a m�quina com a filha, que precisa mais, para estudar. O ca�ula s� usa o computador de vez em quando, geralmente para jogar. Quanto �s atividades escolares, Caio faz exerc�cios que a m�e recebe da escola e imprime. O ex-marido est� presente na rotina dos filhos todos os dias. “Vemos do que eles est�o precisando, orientamos. Estamos gostando de passar mais tempo juntos. Penso em como vai ser depois que a pandemia acabar. Acho que vamos sentir falta desses momentos”, resume Leila.

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 



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