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Estado de Minas SEGURAN�A P�BLICA

Homic�dios resistem � freada dos crimes no interior de Minas

Apesar de o conjunto dos delitos violentos ter sofrido queda no estado, relacionada ao isolamento social, assassinatos t�m avan�o de 0,6%. Houve recuo na Grande BH


16/06/2020 06:00 - atualizado 16/06/2020 07:19

Policiais prendem suspeito durante ação na capital mineira: Grande BH registrou recuo de homicídios entre janeiro e maio deste ano(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press- 28/4/20)
Policiais prendem suspeito durante a��o na capital mineira: Grande BH registrou recuo de homic�dios entre janeiro e maio deste ano (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press- 28/4/20)


Nem mesmo os 88 dias de distanciamento social pela COVID-19 foram capazes de baixar o n�mero de pessoas assassinadas neste ano em Minas em rela��o a 2019. Pelo contr�rio, ainda que o quantitativo de crimes violentos em geral tenha sido reduzido em 30,81% em Minas Gerais, de acordo com os dados da Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp), entre janeiro e maio deste ano, na compara��o com o mesmo per�odo de 2019, o volume de v�timas de homic�dios aumentou.

A tend�ncia de alta dos assassinatos vinha sendo mostrada pelo Estado de Minas desde o dia 8 deste m�s, quando a reportagem revelou, com exclusividade, que de janeiro ao dia 20 de abril, das 79 �reas atendidas por unidades da Pol�cia Militar em munic�pios-sede, 37 (46,8%) apresentaram aumento de homic�dios tomando por base o mesmo per�odo de 2019. Os n�meros s�o de pesquisa ao Armaz�m do Sistema Integrado de Defesa Social (Sids) detalhando as ocorr�ncias com v�timas de homic�dio em batalh�es e companhias especiais da corpora��o, mas as pol�cias e a Sejusp n�o quiseram comentar os dados � �poca.

De acordo com os registros da Sejusp, de janeiro a maio de 2019 foram computados 32.303 crimes violentos, contra 22.348 no mesmo per�odo de 2020. S�o considerados crimes violentos o homic�dio, o estupro, a extors�o, o roubo e o sequestro e c�rcere privado em suas diversas formas. O impacto do isolamento nesse bloco de crimes foi grande, considerando que de janeiro a mar�o, quando n�o se tinha afastamento comunit�rio, os registros ca�ram de 20.059 para 15.632 (-22%), enquanto nos meses de isolamento completo, de abril e maio, a redu��o foi de 45,14%, passando de 12.244 em 2019 para 6.716 neste ano. A baixa � expressiva e a redu��o do quantitativo de roubos foi o que mais contribuiu para a criminalidade despencar, com o ano de 2019 tendo ficado com 25.558 registros desses crimes contra 17.364 (-32%) assinalados neste ano (veja quadro).

Contudo, os homic�dios, que s�o os crimes considerados os mais graves, n�o se reduziram sequer com a intensifica��o do isolamento social para evitar o cont�gio pelo novo coronav�rus (Sars-Cov-2). Entre os cinco primeiros meses de 2019, 1.131 pessoas foram mortas, contra 1.138 v�timas no mesmo per�odo deste ano, uma alta, de 0,6%.

De acordo com os dados, a Grande BH foi onde os assassinatos tiveram maior recuo. A capital mineira fechou maio com 3,9% de queda no total de v�timas, de 154 para 148, exatamente o mesmo �ndice tamb�m verificado em Betim e em Contagem, as maiores cidades da sua regi�o metropolitana. Em Ribeir�o das Neves, que � um dos munic�pios que mais sofre com pobreza e viol�ncia, a queda de mortes chegou a 39,1%. Em Uberl�ndia, no Tri�ngulo Mineiro, a segunda cidade mais populosa de Minas Gerais, com 691 mil habitantes, a redu��o foi de 45,8% das v�timas de homic�dios.

Por outro lado, v�rias cidades do interior registraram amplia��es expressivas no n�mero de pessoas que perderam suas vidas em decorr�ncia de a��es criminosas. Em Uberaba, por exemplo, cidade tamb�m no Tri�ngulo, que tem 333 mil habitantes e fica a apenas 108 quil�metros de dist�ncia de Uberl�ndia, a alta foi de 114%, com o n�mero de v�timas passando de sete, em 2019, para 15 neste ano. O levantamento mostrado pela reportagem do EM no in�cio deste m�s j� apontava essa tend�ncia, uma vez que entre janeiro e 20 de abril deste ano os homic�dios tinham sido ampliados em 200%, segundo as ocorr�ncias do batalh�o de Uberaba no comparativo com o mesmo per�odo de 2019, saltando de quatro para 12.

O crescimento dos homic�dios tamb�m se deu de forma vertiginosa nas cidades mais ricas do Leste mineiro. Em Ipatinga, por exemplo, que � o munic�pio mais industrializado do Vale do A�o, com 263 mil habitantes, o n�mero de v�timas na compara��o entre os dois per�odos passou de oito para 13, uma amplia��o de 62,5%. O mesmo ocorreu em Governador Valadares, maior cidade da Bacia do Rio Doce, com 279 mil habitantes. Nos cinco primeiros meses deste ano, foram registrados 43,8% mais �bitos criminosos de valadarenses do que no mesmo per�odo de 2019, com o n�mero subindo de 32 para 46 v�timas. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata, o impacto foi um pouco menor, com alta de 4,5% dos registros, passando de 22 para 23 mortos no mesmo per�odo.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

Menos oportunidade e mais vigil�ncia

O distanciamento social praticado pela popula��o devido � pandemia do novo coronav�rus e a amplia��o do patrulhamento ostensivo com a utiliza��o de policiais de fun��es administrativas seriam os motivos mais importantes para a redu��o da criminalidade violenta entre janeiro e maio deste ano, na avalia��o do especialista em intelig�ncia de Estado e seguran�a p�blica, coronel Carlos J�nior. “Na maioria dos estados, os crimes violentos se reduziram, pois as v�timas mais frequentes est�o em casa e isso as tirou da rota dos criminosos. Reduziu o roubo. Um arrombamento, hoje, pode terminar como sequestro, porque as pessoas est�o em casa. Os criminosos est�o mais cautelosos tamb�m. Ao mesmo tempo, em Minas Gerais, o policiamento ostensivo tem sido incrementado pelo efetivo administrativo, como o Batalh�o Metr�pole, que atua em Belo Horizonte. Essa presen�a inibe a a��o de criminosos”, avalia.

Outro fator que tamb�m contribui � a intera��o das pessoas por meio de redes sociais e grupos cada vez mais coesos e engajados. “A pol�cia teve resultados importantes com a rede de vizinhos protegidos, que trazia a vigil�ncia das ruas para a aten��o das pessoas, passando a ser importantes colaboradores. Agora, com as redes sociais, os olhos da pol�cia triplicaram. Se temos grupos onde se divulga em que farm�cia o �lcool em gel est� mais barato, qual supermercado est� mais vazio, tamb�m se fotografam pessoas em atitudes suspeitas e se denuncia mais por esses meios”, compara o coronel, ao salientar que os �ndices de criminalidade v�m caindo nos �ltimos 3 anos.

Marcas regionais

Sobre o aumento dos homic�dios, o especialista destaca ser importante avaliar que n�o � necessariamente um fen�meno de uma cidade, mas de uma �rea. No caso do Tri�ngulo, muito ligado ao crime organizado paulista. “Em S�o Paulo, o dom�nio de uma fac��o impede homic�dios por l�. Precisam ser autorizados pela fac��o. Mas muitos desses criminosos est�o deste lado da divisa, em Minas, onde podem agir”, indica J�nior. J� em Ipatinga e Governador Valadares, as disputas entre quadrilhas seriam culturalmente mais violentas. “Na Regi�o Leste e Rio Doce temos um comportamento violento inerente de quadrilhas e de fam�lias, que encomendam a morte de desafetos. A pr�pria pol�cia, quando desarticula uma rede de tr�fico ou uma boca de fumo, acaba promovendo a abertura de uma disputa por aquele ponto de venda de drogas. E as bocas de fumo continuam a pleno vapor. A a��o dos criminosos e sua inten��o de eliminar os desafetos e concorrentes tamb�m segue plena”, avalia o coronel Carlos J�nior. 

 

Em estudo

Na primeira reportagem do EM que mostrou a amplia��o de homic�dios em 46,8% das �reas atendidas pela Pol�cia Militar, a corpora��o, a Pol�cia Civil e a Sejusp n�o quiseram tecer coment�rios sobre a amplia��o dos assassinatos de janeiro a abril, alegando que a fonte n�o era oficial.Desta vez, contudo, a secretaria informou que n�o comentaria, pois estuda o motivo dessa redu��o de crimes violentos e a amplia��o dos homic�dios. Por meio de nota,  a Sejusp disse que, “mesmo no per�odo da pandemia, o trabalho integrado realizado por todas as for�as e sistemas da Seguran�a P�blica do Estado  – Pol�cia Militar, Pol�cia Civil, Corpo de Bombeiros, Preven��o � Criminalidade e Sistemas Prisional e Socioeducativo – � uma importante resposta que est� trazendo interessante queda dos indicadores de criminalidade nos �ltimos meses. A Sejusp n�o vai comentar, no momento, os dados de queda de criminalidade no per�odo janeiro a maio, buscando um melhor entendimento do fen�meno”.


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