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Estado de Minas CRIME

Mesmo com a COVID-19, homic�dios disparam em 46,8% dos munic�pios de Minas

Em tempos de isolamento, era esperada queda nos n�meros. Explica��o pode estar nos acertos entre rivais em �reas de disputa pelo tr�fico


postado em 08/06/2020 06:00 / atualizado em 08/06/2020 08:09

Índice de assassinatos em Igarapé, na Região Metropolitana de BH, é um dos mais preocupantes, pois se aproxima do registrado em cidades maiores como Sete Lagoas(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 10/12/14)
�ndice de assassinatos em Igarap�, na Regi�o Metropolitana de BH, � um dos mais preocupantes, pois se aproxima do registrado em cidades maiores como Sete Lagoas (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 10/12/14)


A seguran�a e a redu��o da criminalidade em Minas Gerais, em muito explicada pelo distanciamento social por causa da pandemia de COVID-19, n�o s�o compartilhadas por todos os mineiros. Entre janeiro e o dia 20 de abril, das 79 �reas atendidas por unidades da Pol�cia Militar em munic�pios sede, 37 (46,8%) apresentaram aumento de homic�dios tomando por base o mesmo per�odo de 2019. Os n�meros s�o de pesquisa ao Armaz�m do Sistema Integrado de Defesa Social (Sids) detalhando as ocorr�ncias com v�timas de homic�dio em batalh�es e companhias especiais da corpora��o, ao qual o Estado de Minas teve acesso com exclusividade.

O estado registrou queda de 33% desse tipo de crime, e Belo Horizonte apenas 3% de retra��o. Contudo, mesmo na capital h� locais onde os assassinatos apresentaram alta, como nas regi�es Oeste, Norte e Centro-Sul. As pol�cias Militar e Civil decidiram n�o se manifestar sobre os n�meros e as causas da viol�ncia nessas comunidades pelo fato de as informa��es n�o se tratarem de divulga��o oficial de estat�sticas.

As mortes em BH atingiram maior varia��o na Regi�o Oeste. No ano passado, foram apenas cinco v�timas e neste ano j� chegaram a 12 antes do fim do quarto m�s – alta de 140%.

Essa �rea � de responsabilidade do policiamento do 5º Batalh�o da PM e compreende vias importantes, como a Amazonas e a Via Expressa, os bairros Buritis, Prado, Estoril, Jardim Am�rica, Gutierrez, Gameleira, Salgado Filho, Palmeiras, Bet�nia e Nova Granada. Tamb�m concentra aglomerados que s�o alvos de a��es de enfrentamento ao tr�fico, como da Cabana do Pai Tom�s, do Nova Cintra, do Vista Alegre e da Ventosa.

''Conflitos pelo tr�fico de entorpecentes, disputas territoriais e de mercado entre criminosos n�o se encerram com o distanciamento social. S�o refreados, mas ficam latentes''

Br�ulio Figueiredo Alves da Silva, professor da UFMG



Na Regi�o Centro-Sul da capital, as mortes subiram de seis para 10 (+66,7%) dentro do per�metro da Avenida do Contorno, �rea de atua��o do 1º Batalh�o da PM, e apresentaram leve eleva��o na Regi�o Norte, sob responsabilidade do 13º Batalh�o da PM – de 12 para 13 registros ( 8,3%). Houve casos de redu��o importante tamb�m, com destaque para a Regi�o de Venda Nova, que passou de 20 para 12 assassinatos (-40%).

Ainda sob a influ�ncia direta da capital mineira, a Grande BH e o Colar Metropolitano concentram munic�pios onde mais pessoas foram mortas em a��es criminosas. Algumas s�o cidades pr�ximas, em mesmo vetor urbano, como Pedro Leopoldo e Lagoa Santa, onde os �ndices criminais relativos a assassinatos subiram 125% e 112,5% respectivamente.

Uma situa��o em que a alta dos homic�dios chama a aten��o � a de Igarap�. Banhada pelas rodovias BR-262 e BR-381, Igarap� j� tinha 19 �bitos no per�odo pesquisado, �ndice 46,15% maior que os 13 registros do ano passado.

A quantidade de v�timas � preocupante nesse munic�pio atendido pela 7ª Companhia Independente da PM, uma vez que se aproxima do volume de lugares maiores como Sete Lagoas. Enquanto Igarap�, com 43 mil habitantes registrou 19 homic�dios, Sete Lagoas, com 239,6 mil (5,5 vezes mais pessoas), marcou 22 �bitos neste ano contra 15 de 2019 (alta de 46,7%).

Disputas e conflitos

Uma das explica��es para esse aumento dos crimes, quando se esperava uma redu��o consistente com o afastamento social, se daria pela oportunidade de acertos entre rivais em �reas de disputa pelo tr�fico e outras modalidades criminosas.

Segundo o professor Br�ulio Figueiredo Alves da Silva, do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Seguran�a P�blica (Crisp) da UFMG, os crimes iniciados por conflitos passionais ou desentendimentos s�o mais sujeitos � redu��o pelo isolamento, mas n�o aqueles praticados por membros de atividades criminosas mais estruturadas.

“Certamente, as mortes por embriaguez em botecos e por desentendimentos sofreram importante redu��o com a pandemia, uma vez que esses estabelecimentos est�o fechados. Nesses casos, o crime depende de oportunidade, de exposi��o da v�tima ao autor e de aus�ncia de guardi�o. Mas como est�o todos em casa, a din�mica n�o se completa”, aponta o especialista.

Por outro lado, mortes sobretudo entre criminosos continuam a ocorrer. “Conflitos pelo tr�fico de entorpecentes, disputas territoriais e de mercado entre criminosos n�o se encerram com o distanciamento social. S�o refreados, mas ficam latentes, pois essas pessoas vivem no mesmo local e t�m um desejo de matar o outro por rivalidade, para passar um recado, marcar posi��o ou outro motivo. � um ambiente onde a oportunidade encontra pessoas armadas e dispostas. Muitas vezes, a pessoa sabe que o rival quer mat�-lo e se antecipa cometendo o homic�dio como forma de defesa”, observa o professor Br�ulio da Silva.

A avalia��o do professor Br�ulio da Silva do Crisp/UFMG de que criminosos profissionais continuam agindo com viol�ncia e, por isso, muitos homic�dios podem ter continuado a ocorrer e at� mesmo se ampliado, com fatores como a redu��o de testemunhas e de pessoas nas ruas, ganha mais for�a quando se analisam onde os assassinatos proliferaram entre as cidades acima de 100 mil habitantes. A maioria desses casos se concentra em eixos de atua��o de quadrilhas sob forte influ�ncia de fac��es do crime organizado paulista como no Sul de Minas, no Tri�ngulo Mineiro e no Alto Parana�ba.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


Dos munic�pios acima de 100 mil habitantes com os oito maiores �ndices de amplia��o de homic�dios dentro do per�odo de janeiro a 20 de abril, seis est�o nesse eixo de influ�ncia, sendo que Uberaba (aumento de 400% nas mortes), Ituiutaba (166,7%), Araguari (50%) e Arax� (33,3%) est�o no Tri�ngulo e Alto Parana�ba, enquanto Varginha (166,7%) e Passos ( 100%) s�o pontos de maior preocupa��o no Sul de Minas. Completam essa estat�stica Coronel Fabriciano ( 66,7%), na Regi�o Central, e Governador Valadares ( 12,1%), no Vale do Rio Doce.

A reportagem do EM procurou a Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG) e a Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG), mas a resposta que obteve de suas assessorias de imprensa � que esse tipo de dado estratificado por regi�es, bairros e �reas de atua��o n�o � divulgado por quest�es pol�ticas de mercado e estrat�gicas.

Em nota, a PC informou que “a institui��o somente se posiciona, em rela��o a dados do estado quando divulgados oficialmente pelo Governo de Minas”.

J� a PMMG afirma que “a divulga��o de dados estat�sticos � feita pela Secretaria de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp). A PMMG esclarece ainda que qualquer divulga��o de fonte diversa pode n�o trazer alinhamento com verdade e, por isso, a institui��o n�o comenta dados que n�o s�o oficiais”.


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