
O movimento faz parte de um iniciativa internacional, com ades�o de entregadores de todo o Brasil e de pa�ses da Am�rica Latina, como Chile e Argentina.

Munidos de faixas e cartazes com os dizeres "Motoboy: profiss�o perigo" e "Nosso trabalho tem valor", os manifestantes ocuparam a escadaria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde gritaram palavras de ordem como "Trabalhador unido jamais ser� vencido!".
Ap�s a concentra��o, o comboio de motociclistas partiu em dire��o � Pra�a da Bandeira, no Bairro Mangabeiras. O destino final � a Pra�a Sete, na Regi�o Central.
Entregadores de App protestam por melhores condi��es de trabalho em v�rias ruas e avenidas de BH: '� desumano'https://t.co/KBxg05G4CA#BrequeDosApps #delivery pic.twitter.com/CyWt01YC0T
%u2014 Estado de Minas (@em_com) July 1, 2020
'� desumano'
Na pauta dos grevistas est�o o aumento do valor m�nimo das corridas e da remunera��o por quil�metro rodado, seguro de vida que inclua cobertura de roubos e acidentes, sala de apoio para aguardar os chamados dos aplicativos, al�m do fornecimento de itens de prote��o individual contra o coronav�rus pelas empresas - m�scaras e �lcool em gel.
"Sa�mos de casa sem garantia sequer de que retornaremos. Estamos aqui exigindo o m�nimo, que � sermos tratados como trabalhadores. Motoboy tem fam�lia, precisa sobreviver dignamente e faz planos como qualquer pessoa", argumenta a entregadora Vanessa Muniz, uma das organizadoras do movimento em BH.
"As pessoas n�o t�m ideia de que, na maioria os dias, trabalhamos para comprar o arroz e o feij�o. Frequentemente, voltamos para casa ao fim do dia com menos de 30 reais. Fora que somos trabalhadores da linha de frente e mal recebemos m�scaras e �lcool em gel dos aplicativos. Se eu adoecer, morrer ou me acidentar, quem vai sustentar meus filhos?", queixa-se o motoboy Marques Suelio Pinheiro. Ele diz que trabalha h� cinco anos como entregador e ganha, em m�dia, menos de R$5 por corrida.
"Os aplicativos levam de 27 a 40% do valor dos pedidos. A gente fica com 25% desse valor descontado. Ou seja, sobra muito pouco pra n�s. Tem m�s que eu pago pra trabalhar, porque ganho o suficiente s� pra cobrir a gasolina", conta o trabalhador.
O motociclista Jefferson Ferreira denuncia ainda o que chama de "atitudes indignas" das empresas. "Se eu tiver um pedido cancelado, mas j� tiver rodado 10 quil�metros para chegar no local, o preju�zo � todo meu. N�o recebo um centavo do aplicativo por isso. Fora que recebi, at� hoje, um �nico vidro de �lcool em gel desde o in�cio da pandemia e poucas m�scaras de m� qualidade. Estamos muito expostos, sem apoio nenhum. � desumano", reclama.
A categoria tamb�m se queixa de falta de di�logo com os aplicativos e com o poder p�blico. O movimento inclusive reivindica uma reuni�o com a prefeitura e com o governo do estado para discutir a regulamenta��o da profiss�o de entregador. "Tamb�m queremos que os governos nos ajudem a mediar uma conversa com as empresas, que praticamente nos ignoram", relata a l�der Vanessa Muniz.
Apps contestam queixas
O Estado de Minas solicitou esclarecimentos aos principais aplicativos de entrega que atuam em Belo Horizonte - Ifood, Rappi, Uber Eats e 99 Food- sobre as queixas e reivindica��es dos grevistas. Todos disseram apoiar o direito � livre manifesta��o dos trabalhadores e negaram planejar qualquer tipo de puni��o aos participantes do movimento desta quarta-feira (1°). Al�m disso, contestaram as reclama��es dos motofretistas, como remunera��o abaixo do sal�rio m�nimo e falta de suporte para o enfrentamento da COVID-19.
Ifood
O aplicativo esclareceu que o pre�o m�dio das rotas � de R$ 8,46. Segundo a empresa, todo os parceiros s�o informados do valor da corrida antes de aceitar ou declinar a entrega. Os deslocamentos teriam valor m�nimo de R$5 por pedido. “Em maio, o valor m�dio por hora dos entregadores foi de R$ 21,80. Para fins de compara��o, esse valor � 4,6 vezes maior do que o valor por hora tendo como base o sal�rio m�nimo vigente no pa�s”, diz a nota enviada pelo app. Ainda de acordo com o Ifood, os ganhos m�dios mensais daqueles que t�m a atividade de entregas como renda principal - 37% dos parceiros cadastrados na plataforma - aumentaram 70% em maio na compara��o com fevereiro.
O aplicativo tamb�m alega que oferece a todos os seus fretistas um seguro de acidente pessoal sem custo, com cobertura de despesas m�dicas e odontol�gicas, bem como indeniza��o em caso de invalidez tempor�ria ou permanente ou �bito causado pelo acidente. Sobre medidas de enfrentamento do Covid-19, o Ifood informou que criou um fundo de aux�lio financeiro, ao qual foram destinados R$ 25 milh�es. O dinheiro � empregado no aux�lio financeiro de parceiros que pertencem ao grupo de risco da COVID-19 ou que apresentem sintomas da doen�a - e portanto est�o impedidos de trabalhar. A empresa alega, por fim, que iniciou a distribui��o de �lcool em gel e m�scaras reutiliz�veis aos entregadores.
Rappi
A Rappi tamb�m argumenta que oferece seguro de vida e prote��o � integridade dos fretistas desde o ano passado que, al�m da cobertura de despesas m�dicas e hospitalares, oferece parcerias que possibilitam descontos em servi�os de manuten��o de ve�culos. Outro ponto mencionado pela empresa � a cria��o de bases f�sicas para descanso dos parceiros - os chamados de Rappi Points.
Sobre a remunera��o dos entregadores, a Rappi afirma que 75% dos motoboys e motociclistas ganham mais de R$ 18 por hora quando ativos em entregas, e quase metade deles passa menos de uma hora por dia conectada. “Entre fevereiro e junho, a empresa identificou um aumento de 238% no valor m�dio das gorjetas e de 50% no percentual de pedidos com gorjeta. Todo valor pago � integralmente repassado ao entregador”, acrescenta o comunicado enviado pelo aplicativo.
Para auxiliar os parceiros no enfrentamento da pandemia do novo coronav�rus, o app diz ter iniciado a distribui��o de �lcool em gel e m�scaras, al�m da sanitiza��o de carros, motos, bikes e bags. A exemplo do Ifood, a Rappi relata que instituiu um fundo de aux�lio financeiro aos entregadores infectados pela COVID-19, com suspeita de infec��o pelo v�rus que, no Brasil, est� sob a gest�o da Cruz Vermelha.
Uber Eats
O aplicativo enviou � reportagem uma nota assinada pela Associa��o Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (AMOBITEC). O texto ressalta que empresas associadas � entidade (Uber, 99, Buser, Movo, Lime, Quicko, Ifood e Grow) implementaram a��es de apoio aos entregadores parceiros desde o in�cio da pandemia. Como exemplo, citou a distribui��o gratuita ou reembolso pela compra de materiais de higiene e limpeza, como m�scara, �lcool em gel e desinfetante, e a cria��o de fundos para o pagamento de aux�lio financeiro aos parceiros diagnosticados com Covid-19 ou que est�o inclu�dos em grupos de risco.
"Al�m disso, os parceiros cadastrados nas plataformas est�o cobertos por seguro contra acidentes pessoais durante as entregas", afirma o comunicado.