
A retomada da posse do Expominas, na Gameleira, pelo governo do estado continua gerando pol�mica com a Nutribom, concession�ria que administrava o espa�o. Depois que o estado usou aparato policial nesta quinta-feira (8) para manter a opera��o do hospital de campanha instalado no local de eventos, a empresa rebateu as acusa��es do secret�rio de Planejamento e Gest�o, Otto Levy, de que “certos empres�rios gostam de ganhar dinheiro, apesar de tudo, �s custas de oportunidades”.
Ao Estado de Minas, a diretora de marketing e neg�cios da Nutribom, M�rcia Ribeiro, disse que sua empresa nunca teve a inten��o de lucrar durante a pandemia: “Nossa atividade foi suspensa por decreto. Estamos impedidos de exercer a atividade pela pandemia. N�o tivemos a oportunidade de fazer nada daquilo que o governo criou, para que empresas pudessem fazer para conseguir gerir seus custos durante a vig�ncia do decreto. Negociamos com o governo o ressarcimento de custos. Ganhar dinheiro pode, sim, ficar para depois, mas isso n�o pode ser usado para nos colocar como oportunistas, pois nunca agimos desta forma em momento algum, desde que assumimos o Expominas”.
Na quarta-feira, Otto Levy falou com exclusividade ao Estado de Minas, justificando os motivos para a retomada do Expominas pelo estado. O espa�o pertence � Codemge, �rg�o da administra��o indireta do estado, e foi cedido � empresa vencedora de licita��o em 2018. O governo pretende inaugurar o hospital de campanha na pr�xima semana, quando est� previsto o pico do coronav�rus em Minas. O local, pronto desde abril, foi projetado com 768 leitos, quase todos de baixa complexidade.
Com rela��o � presen�a de viaturas na porta do centro de eventos, M�ria disse que poderia haver um di�logo pac�fico sem a necessidade de usar a for�a: “O normal teria termos sidos avisados, agendados. Ali�s, como sempre se deu o nosso relacionamento com a Codemge e com o estado. A PM est� no Expominas todos os dias desde que se iniciou a montagem do hospital. Ontem foi bem diferente, n�o precisava de nenhuma demonstra��o de for�a, mas sigamos em frente”.
Ela pondera tamb�m que a situa��o pode ser resolvida da melhor forma poss�vel, sem a necessidade de ir � Justi�a: “Nos posicionamos sempre pelo di�logo e fizemos quest�o de ser um facilitador em todas as etapas da montagem. A prova disso � que aceitamos todas as propostas que o governo nos apresentou. Veja bem, nunca houve discord�ncia de nada de nossa parte. Aceitamos todas as propostas colocadas. O �nico ponto de discord�ncia foi o instrumento jur�dico que nos foi colocado e que n�o estava condizente com a proposta fechada. Mas, entendendo que o melhor caminho sempre � o do di�logo, reafirmamos que estamos no mesmo entendimento que o Secret�rio e abertos ao consenso, para que Minas seja o estado com a melhor gest�o da crise de sa�de. Os empres�rios, Brasil afora, tem dado sua contribui��o e n�s n�o queremos ser diferente”.
O governo prometeu discutir o ressarcimento dos custos que a concession�ria ter� durante a pandemia do coronav�rus. A Nutribom tinha concess�o do Expominas at� 2038.
Cinco perguntas para Otto Levy, secret�rio de Planejamento e Gest�o do Governo de Minas
Como foi a negocia��o para a retomada do Expominas?
A constitui��o diz que, quando houver interesse p�blico, o Estado pode tomar medidas para que esse interesse p�blico prevale�a. No final, quando o hospital for desmontado, o espa�o ser� retornado � Codemge e ela pode discutir o ressarcimento dos custos que a concession�ria tenha tido durante esse per�odo. N�o estamos despropriando ningu�m. Como n�o chegou a acordo at� esse momento e que as vidas valem mais que o interesse peculiar da concession�ria, o Estado resolveu tomar atitude para preservar interesse dos mineiros
Por que foi necess�ria a presen�a de muitos policiais no local hoje?
� uma opera��o normal da PM. Acho que tem a ver que est� chegando o momento de fazer com o hospital de campanha seja operado. A Pol�cia Militar colocou as pessoas l� para tomar conta do espa�o com a quantidade necess�ria".
Como ser� solucionado o caso?
Essa discuss�o vai continuar, seja de maneira concessual, ou como se resolve na democracia, ou seja na Justi�a.
Foi estrat�gia deixar a concession�ria at� o �ltimo instante?
N�o foi estrat�gia. Ficou um processo negocial. Como n�o se chegou a acordo, estamos tratando do interesse p�blico. Temos um prazo para concluir essa negocia��o, pois precisamos colocar o hospital de campanha para funcionar. Certos empres�rios gostam de ganhar dinheiro, apesar de tudo, �s custas de oportunidades. Neste momento, o interesse p�blico deve prevalecer. Para ganhar dinheiro, podem aguardar um pouco mais.
Como foi a negocia��o com os prestadores de servi�os no hospital de campanha?
Estamos mantendo com os prestadores de servi�os as mesmas condi��es contratuais com que eles t�m com a Nutribom. N�o h� nenhum custo a mais. Essa era a base que a Codemge gostaria de negociar. A concession�ria gostaria de ganhar em cima disso. A gente queria manter os termos com os prestadores de servi�os, mas eles queriam manter um pre�o mais alto.
*Otto Levy atendeu com exclusividade � reportagem do Estado de Minas na quarta-feira � noite