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Estado de Minas COVID-19

Mercado de testes r�pidos para coronav�rus explode, e os riscos tamb�m

Ansiedade no diagn�stico do novo coronav�rus pode levar � busca de exames sem acompanhamento m�dico, o que agrava a amea�a de resultados falsos


11/07/2020 06:00 - atualizado 13/07/2020 19:57

Apesar de mais acessíveis, testes rápidos devem ser indicados, feitos e interpretados por profissionais de saúde, alertam especialistas(foto: Tiziana FABI/AFP - 6/5/20)
Apesar de mais acess�veis, testes r�pidos devem ser indicados, feitos e interpretados por profissionais de sa�de, alertam especialistas (foto: Tiziana FABI/AFP - 6/5/20)
 
Em meio � pandemia do novo coronav�rus, e diante da enxurrada de informa��es sobre a COVID-19, os chamados testes r�pidos come�aram a ocupar cada vez mais espa�o nos estoques de drogarias Brasil afora, na mesma velocidade com que explodiu a procura por eles. O que surgiu com a proposta de dar mais velocidade ao diagn�stico da doen�a se tornou um problema na vis�o de especialistas, pois � cada vez maior o n�mero de pessoas que passam pelo procedimento, feito a partir da coleta de uma gota de sangue, sem indica��o m�dica. E pior, sem acompanhamento de um profissional de sa�de, o que aumenta ainda mais a possibilidade de resultados falsos ou mal interpretados. Tudo isso em um cen�rio no qual essa avalia��o � considerada a menos fidedigna das tr�s dispon�veis no mercado e � tamb�m a �nica que n�o tem cobertura obrigat�ria por planos de sa�de (veja quadro).

O peso da d�vida que pode custar caro, tanto em caso de um falso-positivo quanto de um falso-negativo. “S�o exames de uso profissional. N�o � igual ao teste de gravidez, que a pessoa compra e faz em casa”, alerta a presidente do Conselho Regional de Farm�cia de Minas Gerais (CRF/MG), Junia Medeiros. 
 
De acordo com fontes ouvidas pelo Estado de Minas, alguns testes s�o comprados pelo com�rcio a cerca de R$ 90, e revendidos por aproximadamente R$ 200. Um gasto que, se n�o for indicado por m�dico e analisado por profissional competente pode ser em v�o. “Infelizmente, j� tem rede de farm�cia, talvez laborat�rios tamb�m, com propaganda dizendo ‘Fa�a seu teste r�pido e, dependendo do resultado, voc� pode visitar sua fam�lia’. Olhe que perigo”, alerta a presidente do CRF/MG.
 
A equipe do EM comprovou que pelo menos uma rede de sa�de com atividade em Belo Horizonte oferece o servi�o sem prescri��o m�dica, o que � contraindicado pelos profissionais. “Muitas pessoas podem estar fazendo testes de forma equivocada, acreditando que o teste, isoladamente, � a solu��o para saber se tem ou n�o o v�rus. A decis�o de fazer um exame complementar deve ser inteligente, pautada em um motivo cl�nico para se testar e no momento adequado. Caso contr�rio, h� chance de um falso-negativo em algu�m positivo, por exemplo”, explica Leandro Duarte de Carvalho, professor e coordenador do Eixo �tico-Legal da Faculdade de Ci�ncias M�dicas de Minas Gerais.
 
O teste r�pido � feito a partir de uma fita de nitrocelulose que reage com o sangue e detecta ou n�o os anticorpos produzidos pelo corpo humano para combater a COVID-19. � indicado que s� seja feito a partir do s�timo dia de sintomas, justamente pela possibilidade de o organismo n�o ter tido tempo de gerar defesa antes desse per�odo.
 
� esse processo de detec��o que p�e em xeque a efic�cia do teste, porque o procedimento n�o mapeia o novo coronav�rus, mas sim anticorpos. “Um resultado falso-positivo pode ocorrer por eventual interfer�ncia de anticorpos de contato pr�vio com outros coronav�rus, ou seja, o paciente j� tem anticorpos ligados ao micro-organismo do tipo, mas n�o contra o Sars-Cov-2, que causa a COVID-19”, explica o professor Leandro Duarte de Carvalho.
 
Mas, ent�o, por que o teste r�pido continua � venda? Justamente pelo adjetivo que o acompanha: como o resultado � �gil, em alguns casos ainda se justifica o uso desse exame. “Em Betim (na Grande BH), por exemplo, o protocolo � esse: se a pessoa faleceu antes de sair o outro resultado, que demora em torno de tr�s a cinco dias, � utilizado o teste r�pido para fazer o atestado de �bito”, detalha Junia Medeiros, que al�m de presidente do CRF tamb�m trabalha em pronto-atendimento.
 
Outra indica��o do teste r�pido, segundo ela, � quando se detectam sintomas da COVID-19 em uma pessoa que convive em grupo durante a pandemia, como trabalhadores de servi�os essenciais. 
 
Se um profissional de sa�de, por exemplo, apresenta sinais da virose � indicado que ele passe pelo exame com resultado mais �gil para, se for o caso, ser isolado.
 
Ainda assim, � preciso cuidado. Isso porque, em raz�o da possibilidade de falso-negativo, � preciso que um farmac�utico, no caso das drogarias, avalie o quadro cl�nico por completo. 
 
“A pessoa precisa entender que, se um resultado de exame deu  negativo, mas est� com sintomas, deve procurar o servi�o de sa�de”, pontua a presidente do CRF/MG.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)

 

Consumidor vulner�vel 

 
Para o advogado Renato Assis, especialista em direito da sa�de e respons�vel pelo escrit�rio Assis Videira, a pouca orienta��o das autoridades sobre o teste r�pido deixa o consumidor vulner�vel, sobretudo em um momento de tens�o como o da pandemia. “O consumidor est� em um papel de grande fragilidade neste momento. A melhor sa�da � buscar orienta��o com os pr�prios planos de sa�de, para quem tem acesso. S� que estamos falando de 25% da popula��o. Quem n�o tem precisa procurar um atendimento de profissional de sa�de, mesmo que a dist�ncia”, recomenda.
 
Vale lembrar que a Prefeitura de Belo Horizonte fornece o servi�o de teleconsulta durante a pandemia. Basta acessar o aplicativo ou o site da PBH e se cadastrar para uma consulta on-line. Ap�s confirmar o cadastro no SUS-BH, o paciente entra em uma tela para escolha da data e hor�rio, dentro da disponibilidade da rede SUS. No dia e hora agendados, o usu�rio entrar� novamente no sistema com seus dados cadastrais (CPF e data de nascimento) e ter� acesso � consulta por v�deo.
 
Ainda assim, o advogado Renato Assis recomenda que os consumidores estejam atentos ao que � oferecido por drogarias e laborat�rios, justamente para n�o gastar dinheiro equivocadamente. E d� dicas para que o consumidor haja. “Quem usa plano de sa�de pode procurar os servi�os de atendimento espec�ficos ou at� mesmo o Procon. Al�m disso, indico uma plataforma da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). � um �rg�o ligado ao Minist�rio da Justi�a, que faz um trabalho mais �gil e assertivo que os Procons para esse tipo de atendimento”, opina.
 
O especialista alerta, contudo, que em casos mais graves o consumidor pode acionar at� mesmo a Justi�a. Apesar disso, Renato pontua que esse caminho � demorado e pode ter custos elevados caso um advogado seja contratado. 
 

Op��es mais seguras e cobertas por planos 

 
Al�m dos chamados testes r�pidos, h� outras duas op��es para detectar a infec��o pelo novo coronav�rus: os exames molecular e sorol�gico. Os dois s�o cobertos pelos planos de sa�de no Brasil gra�as a duas resolu��es da Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS). Por�m, da mesma forma, � indicado que um m�dico receite o procedimento. As operadoras de plano s� custeiam os diagn�sticos com pedido profissional.
 
O teste molecular tamb�m � conhecido como RT-PCR. Para a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS), esse procedimento � reconhecido como padr�o ouro: o mais fidedigno entre as alternativas do momento. Isso porque � capaz de detectar o material gen�tico do v�rus a partir da coleta da secre��o presente no nariz e na faringe do paciente. O ideal � fazer o exame entre tr�s e sete dias do surgimento dos primeiros sintomas da doen�a.
 
Foi exatamente essa a op��o do produtor de v�deos Lucas F�lix, de 25 anos, de Contagem, na Grande BH. Ele viajou com a fam�lia para um cruzeiro em Santos em mar�o, ainda no in�cio da pandemia. Quando retornou, apresentou sintomas da doen�a e quis fazer o teste.
 
“Viemos de Santos e ficamos um fim de semana em contato com outras pessoas. Foi justamente na semana em que a chave virou no Brasil, e o isolamento social foi iniciado. O laborat�rio n�o fazia sem a receita, ent�o fomos a uma m�dica, que prescreveu o exame. Da�, passei pelo procedimento quatro dias depois de retornar”, conta. O resultado deu negativo, mas o caminho adotado pelo jovem � o indicado pelos m�dicos.
 
Quem tamb�m adota o procedimento apontado como adequado pelos especialistas � o propriet�rio e respons�vel t�cnico pela cl�nica oftalmol�gica Elo, no Bairro Funcion�rios, Centro-Sul de BH, F�bio Kanadani. Como se trata de servi�o essencial, o estabelecimento tem funcionado na pandemia e adotado medidas que v�o al�m da higieniza��o das depend�ncias e conscientiza��o dos funcion�rios. A cl�nica tem um protocolo de testes executado quando trabalhadores apresentam sintomas gripais.
 
De imediato, a pessoa que apresenta sinais de infec��o passa pelo teste molecular, o RT-PCR, e � afastada de suas atividades enquanto o resultado n�o sai. Se o exame for positivo para a virose, o funcion�rio segue afastado at� completar o per�odo de 14 dias (janela de incuba��o).
 
Se o RT-PCR for negativo, o trabalhador faz mais um teste: desta vez o r�pido, para assegurar que n�o est� infectado. E s� retorna caso o resultado seja novamente negativo. “J� tivemos que adotar um protocolo para duas funcion�rias. Uma foi positivada (no molecular) e se afastou por 14 dias. A outra foi negativada no primeiro e no segundo. Ent�o, voltou ao trabalho sete dias depois”, conta Kanadani.
 
Al�m das alternativas adotadas pela cl�nica, existe ainda o teste sorol�gico, que entrou para o rol de obriga��es dos planos de sa�de no �ltimo dia 29. Os exames, realizados a partir de coleta sangu�nea, detectam a presen�a de anticorpos produzidos pelo organismo ap�s exposi��o ao v�rus. O ideal � que seja usado a partir do oitavo dia de sintomas. 
 
Quando publicou a resolu��o sobre os sorol�gicos, a ANS ressaltou que o uso dos testes deve ser feito apenas por profissionais. Tamb�m destacou que sua execu��o requer o cumprimento de protocolos e diretrizes t�cnicas de controle, rastreabilidade e registros das autoridades de sa�de. 
 

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 



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