
As gra�as de S�o Crist�v�o s�o lembradas hoje, dia do santo padroeiro dos motoristas. No entanto, a categoria n�o tem o que comemorar. Esses profissionais encaram uma s�rie de dificuldades decorrentes da pandemia do novo coronav�rus, que imp�s grande mudan�a na rotina do trabalho, com as exig�ncias de cumprimento de protocolos e medidas sanit�rias para se protegerem e evitarem a transmiss�o do v�rus. Na luta di�ria que tamb�m inclui a defesa da vida, �s vezes, eles s�o mal compreendidos e submetidos at� a agress�es.
Prova dessa incompreens�o foi o caso de desrespeito, em Belo Horizonte, a um motorista de �nibus agredido com um tapa no rosto por usu�ria do transporte, ap�s ele ter se recusado a levar um grupo sem mascara de prote��o, obrigat�ria em �reas p�blicas como preven��o contra a COVID-19. Em Ibirit�, um motorista levou socos por pedir que um passageiro colocasse o acess�rio. O transporte de �nibus foi altamente impactado pela crise do novo coronav�rus.
Um dos efeitos para o setor foi a grande redu��o do n�mero de passageiros transportados, que, na capital, alcan�ou cerca de 65%, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH). A entidade destaca que, desde 2013, o setor tem sofrido baixas significativas na demanda pelo servi�o. Nas linhas intermunicipais, o baque foi ainda maior, com redu��o de 85% na quantidade de pessoas transportadas, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Minas Gerais (Sindpas).
As dificuldades enfrentadas pelos motoristas de �nibus e a nova realidade do setor s�o abordadas em nova etapa da s�rie de reportagens do Estado de Minas, que mostra os impactos e os riscos no setor de transporte durante a pandemia do coronav�rus. Tanto trabalhadores quanto us�rios passaram a viver nova realidade, com o cumprimento das medidas para impedir que os coletivos venham a se tornar propagadores do v�rus.
“A nossa categoria � exposta. N�s corremos grande risco de cont�gio (do coronav�rus)”, afirma Paulo C�sar da Silva, presidente do Sindicato dos Rodovi�rios de Belo Horizonte (STTR-BH). Ele afirma que os motoristas tentam se proteger como podem, com uso de m�scara, �lcool em gel e a higieniza��o, lavagem das m�os com �gua e sab�o, no intervalo de cada viagem.
Entretanto, diz Paulo C�sar, somente os cuidados pessoais dos motoristas n�o s�o suficientes para afastar o perigo, devido � pr�pria natureza da atividade, que envolve o contato di�rio com centenas de pessoas. “Uma das formas de perigo � a cobran�a da passagem dentro dos �nibus. O motorista tem que pegar o dinheiro e devolver (o troco) para os usu�rios. Isso pode estar cooperando para aumentar o risco de transmiss�o do v�rus”, afirma o presidente do STTR-BH.
Paulo C�sar citou o caso de um motorista de �nibus, de 58 anos, da capital, que morreu neste m�s com a COVID-19. Ele afirma que o condutor contraiu o coronav�rus no trabalho. “Esse caso nos trouxe um alerta – e acendeu a luz vermelha, para que fossem intensificadas as a��es preventivas com a higieniza��o dos �nibus e o uso constante de m�scara, tanto pelos operadores como pelos usu�rios”, afirma.
O sindicato passou a cobrar das concession�rias do transporte coletivo urbano a realiza��o de testes para o coronav�rus dos seus trabalhadores e a testagem continua em andamento. Assim, v�rias empresas promoveram a testagem dos seus funcion�rios. Segundo ele, at� agora, conforme apurou a entidade sindical, cerca de 30 motoristas de �nibus testaram positivo para a COVID-19, sendo afastados imediatamente do servi�o e colocados em isolamento. “V�rios deles se curaram e j� voltaram a trabalhar”, assegura.
O Sindicatoo das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte informou que as concession�rias do servi�o adotam uma s�rie de medidas para assegurar a prote��o tanto dos trabalhadores como dos usu�rios. “Foram instalados recipientes com �lcool em gel em toda a frota, nas bilheterias e linhas de bloqueio das esta��es”, assegura.
Higieniza��o
O Setra BH informa que, entre outros cuidados, foram intensificadas a higieniza��o dos ve�culos, que, al�m da limpeza nas garagens, passaram a ser higienizados entre as viagens nas esta��es. Destaca, ainda, que os profissionais em atividade tamb�m recebem m�scaras, �lcool em gel e orienta��o sobre a higiene pessoal e do ambiente de trabalho, “antes, durante e ap�s as viagens”.
Para evitar contato com notas e moedas, alega o sindicato das empresas, “est�o sendo oferecidos gratuitamente, o cart�o BHBus Identificado para o passageiro nos pontos de venda do Transf�cil”. A representa��o patronal sustenta que os motoristas do grupo de risco foram afastados, principalmente, aqueles com mais de 60 anos.
O Setra BH diz que n�o tem dados sobre os testes dos profissionais, porque isso � feito diretamente pelas empresas. Por outro lado, ressalta que a entidade j� realizou duas a��es de testagem dos trabalhadores do transporte coletivo da capital, em parceria com o Servi�o Nacional do Transporte (Sest/Senat). Quanto ao motorista que morreu com COVID-19, o Sindicato das Empresas desmente que ele tenha se contaminado no trabalho e assegura que ele estava afastado do servi�o desde mar�o, pois tinha comorbidades.