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Estado de Minas Riscos em coletivos

Motorista atacado em BH pede 'consci�ncia' frente � COVID-19

O condutor de �nibus Renato Evangelista dos Santos recebeu um tapa no rosto de uma passageira porque cumpriu a obriga��o de barrar um grupo de pessoas que queriam seguir viagem sem usar m�scara de prote��o


25/07/2020 06:00 - atualizado 25/07/2020 07:58

Renato Evangelista cumpriu dever e sofreu 'humilhação'(foto: Arquivo pessoal )
Renato Evangelista cumpriu dever e sofreu 'humilha��o' (foto: Arquivo pessoal )

Agress�es verbais, e at� mesmo f�sicas, t�m se tornado frequentes para v�rios motoristas, muitas vezes pelo simples motivo de eles cumprirem o dever de cobrar o uso de m�scara de prote��o dentro dos coletivos. O caso mais recente ocorreu no Bairro S�o Gabriel, Regi�o Nordeste de Belo Horizonte. O �nibus conduzido por Renato Evangelista dos Santos, de 46 anos, trafegava pelas ruas, quando um grupo de pessoas sem m�scara deu sinal de parada a ele.
 
Ao ver que as pessoas n�o utilizavam o acess�rio, o motorista gesticulou para que elas colocassem m�scara, mas, sem sucesso. Renato, ent�o, optou por n�o transport�-los. “Gesticulei sobre a m�scara, e eles deram um sinal que depois (colocariam), como se fossem comprar ou conseguir a m�scara depois. N�o quis parar. Havia muita gente no �nibus. J� deduzi que ficariam ali em cima de mim, aglomerados. Continuei e entrei no Anel (Anel Rodovi�rio)”, contou Renato.
 
No entanto, tr�s pessoas pr�ximas a Renato dentro do �nibus come�aram a hostiliz�-lo pelo fato de ele n�o ter levado o grupo que estava no ponto de �nibus. Ele at� tentou explicar que havia um risco de transportar passageiros sem m�scara dentro do coletivo, mas n�o adiantou. Uma menina que estava acompanhada de dois homens, ao descer do coletivo, na Avenida Cristiano Machado, desferiu um tapa no rosto do motorista.
 
“Uma menina desceu por �ltimo. A� ela foi e me deu um tapa no rosto. Esperava do rapaz, mas da menina, n�o. Fiquei sem rea��o. Veio muita coisa na cabe�a. Tinha uma outra passageira e foi conversando comigo, para eu ficar tranquilo”, contou. Renato n�o se conformou com a situa��o. “Me senti humilhado. Uma hora voc� se sente bem por ter conseguido superar, mas em outra voc� pensa que foi uma humilha��o, uma profiss�o que n�o tem reconhecimento.”
 
Chegando em casa, foi como se a percep��o do fato, naquele momento, fosse total para Renato. Ele teve, ent�o, a sensa��o de ter sido humilhado. Mas foi pensando nos tr�s filhos, na m�e – de 65 anos, que faz parte do grupo de risco da COVID-19 – e nas fam�lias presentes no �nibus naquele instante que o motorista tomou a atitude de n�o transportar pessoas sem o uso da m�scara.
 
“Eu estava tentando olhar o meu lado e o lado de outras fam�lias que estavam dentro do �nibus, e acabei passando por isso. Uma injusti�a. Voc� tentando fazer o bem…”, lamentou.
 
Apesar de estar na fat�dica linha no momento da agress�o, Renato tem escala fixa em outro ramal do transporte coletivo por �nibus de BH, que atende ao Bairro do Serra, na Regi�o Centro-Sul da capital. Como o motorista transporta, na maioria das vezes, pessoas conhecidas pelo fato de se encontrarem todo dia, a cobran�a pelo uso da m�scara fica mais f�cil.
 
“A linha em que trabalho passa pela �rea hospitalar e o final dela � na Serra. A gente passa essas coisas todo dia. Mas quando voc� est� em uma linha que trabalha h� mais tempo, voc� consegue criar um v�nculo, as pessoas s�o mais tolerantes, s�o outras maneiras de abordar. A pessoa quer entrar sem m�scara, a� eu falo: “Coloca a m�scara para eu poder te levar”. A� acaba pegando m�scara do bolso, da bolsa”, relatou Renato.

Perd�o


Perguntado se perdoaria a pessoa que o agrediu, Renato disse que sim, apesar de ser dif�cil. Se encontrasse com ela pessoalmente, o motorista pediria para que ela mudasse o jeito de tratar as pessoas. “Pelo fato de ser menina, eu perdoaria. Mas � muito dif�cil voc� perdoar. � porque n�o tem o que fazer. S� queria que ela aproveitasse o tempo que ela tem de vida e mudar. � at� repetitivo falar que a vida passa r�pido, mas ao inv�s dela ficar andando de �nibus para baixo e para cima, procurando problema, pediria que ela revisse a situa��o, olhar as pessoas nas quais ela est� convivendo.”
 
Em Belo Horizonte, o uso de m�scara no transporte coletivo � obrigat�rio desde o dia 22 de abril. Atualmente, se a pessoa for flagrada sem o acess�rio em coletivos e espa�os p�blicos, por exemplo, ela poder� ser multada em R$ 100. Por�m, mais do que o lado financeiro, � a consci�ncia de que a utiliza��o do item ajuda a combater a prolifera��o da doen�a. � o que Renato pede para quem ainda insiste em desrespeitar as regras.
 
“Para a sociedade, o meu recado � que n�o devemos pensar sozinhos. Temos que pensar como um todo, porque tem muita gente que tem familiares com idade j� mais avan�ada, amigos… essa falta de cuidado, essa falta de responsabilidade de entender que essa situa��o que estamos passando � muito grave, que o v�rus � letal, j� tem bastante caso de morte, de cont�gio, e o pessoal n�o est� levando a s�rio. Tem muita gente que �s vezes sai sem necessidade. Gostaria que tivesse mais consci�ncia e responsabilidade, porque est� prejudicando a todos. N�o tem distin��o de classe, ra�a, nada.”

Outros casos

Em maio, um motorista foi agredido enquanto fazia a linha 7070 (Terminal Ibirit�/Durval de Barros) em Ibirit�, na Regi�o Metropolitana. Em um determinado momento, Varlei Resende pediu para que um passageiro utilizasse a m�scara. Como resposta, recebeu socos. Mais tarde, Varlei utilizou uma rede social para desabafar sobre a situa��o.
 
"Bom dia a todos, hoje pela manh� fazendo o 7070, sentido Palmeiras, um passageiro, que mora nas redondezas do S�o Pedro, veio me agredir por eu pedir a ele para colocar a m�scara, porque j� � lei no com�rcio e, principalmente, no coletivo. A�, fica minha indigna��o dos seres humanos, que, pra mim, � um animal que pega a gente indefeso”, escreveu Varlei na �poca.

No mesmo m�s, no Centro de Belo Horizonte, um coletivo da linha 4410 (Celso Machado/Urca - Via Saramenha) foi apedrejado por um rapaz que foi impedido de entrar no �nibus sem o uso da m�scara. O homem foi detido por crime de dano ao patrim�nio. 


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