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Estado de Minas

Vulner�veis e invis�veis: a categoria que tem 4 a cada 10 testes positivos na sa�de

T�cnicos de enfermagem se contaminam quatro vezes mais que m�dicos na linha de frente da COVID em BH


27/07/2020 06:00 - atualizado 27/07/2020 07:31

Aline Queiroz Santos, com os filhos Kauan e Isadora, se recuperou da doença, mas se preocupa com o contágio quatro vezes maior que entre médicos(foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Aline Queiroz Santos, com os filhos Kauan e Isadora, se recuperou da doen�a, mas se preocupa com o cont�gio quatro vezes maior que entre m�dicos (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)

 

Eles e elas t�m uma miss�o fundamental para salvar vidas e garantir o conforto de quem est� internado: s�o respons�veis pelo banho, ficam atentos � medica��o e cuidam da alimenta��o dos pacientes nos leitos de hospitais ou que chegam aos centros de sa�de e outras unidades, p�blicas e privadas. Mas a morte de um t�cnico em enfermagem, ontem – primeiro caso fatal de cont�gio por coronav�rus na equipe de sa�de de Belo Horizonte – chamou ainda mais a aten��o para uma categoria que tem menos visibilidade, mas � a mais vulner�vel na linha de frente do combate � COVID-19 na capital.

 

Dados do Boletim Epidemiol�gico divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte (veja quadro) mostram que os t�cnicos de enfermagem s�o os profissionais de sa�de que mais testaram positivo para a doen�a em BH. O grupo inclui 128 homens e mulheres ou mais de 43% de um universo de 294 profissionais que se contaminaram na rede SUS da capital, suplantando de longe o segundo lugar, em que aparecem os enfermeiros (37, ou 12,6%), os agentes comunit�rios de sa�de (32, 10,8%) e os m�dicos, em quarto (31, 10,5%).

 

Conforme o Boletim Epidemiol�gico, os centros de sa�de aparecem com o maior n�mero de profissionais contaminados. No caso dos 128 t�cnicos de enfermagem que testaram positivo para a COVID-19, 81 trabalham nessas unidades. Os demais locais que integram a rede s�o unidades de pronto-atendimento (UPAs)/Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu), Equipe Multiprofissional de Aten��o Domiciliar (Emad), Centro de Refer�ncia em Sa�de Mental (Cersam)/Centro de Refer�ncia em Sa�de Mental Infanto-juvenil (Cersami), rede complementar, unidades de apoio terap�utico-diagn�sticos e unidades de gest�o.

 

Num �mbito maior da rede SUS-BH, incluindo institui��es de sa�de p�blicas e privadas, o boletim mostra que foram testados 5.195 profissionais de diversas especialidades, com 767 positivos, 3.911 negativos e 404 em investiga��o.

 

A situa��o dos profissionais de sa�de em BH segue uma tend�ncia nacional, segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que tem como base dados dos conselhos regionais e outras fontes. Por estar no contato direto com os pacientes, muitas vezes sem equipamentos adequados, a categoria, formada em sua maiorias pelos t�cnicos de enfermagem, supera a dos m�dicos em casos de COVID-19.

 

No Brasil, s�o registrados 28,8 mil casos de afastamento do trabalho (enfermeiros, t�cnicos de enfermagem e outros) por suspeita de ter contra�do a doen�a. Nesse universo, h� 13,2 mil casos confirmados, 13,1 mil suspeitos e 2,5 mil n�o confirmados. Ainda conforme o Cofen, houve 295 �bitos no pa�s nesse grupo, nove deles em Minas.

 

O mais recente, ocorrido ontem, vitimou Ger�nimo Batista Pires, primeiro profissional de sa�de do SUS-BH a perder a vida para a pandemia. Ele  trabalhava na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Barreiro e estava internado no Hospital J�lia Kubitschek, na mesma regi�o, em Belo Horizonte. Morreu, segundo o sindicato da categoria, quatro semanas depois de um plant�o em que teve de se desdobrar para atender a pacientes que aguardavam vaga em CTI.

 

 

Mais cuidado


A vulnerabilidade da categoria assusta a t�cnica de enfermagem Aline Raquel de Oliveira Queiroz Santos, de 34 anos, que trabalha na unidade de terapia intensiva (UTI) da Santa Casa, na Regi�o hospitalar de BH, h� dois anos e dois meses. Em 12 de junho, faltando tr�s dias para voltar de f�rias, Aline Raquel recebeu diagn�stico positivo, depois de sentir muita dor de cabe�a e perder o olfato e o paladar. Com isso, teve que ficar mais 14 dias de isolamento em casa, sem preju�zo, felizmente, para a sa�de do marido e dos filhos.

 

 

Para a t�cnica de enfermagem, os n�meros servem tamb�m de alerta. “Muitas vezes, as pessoas conversam perto umas das outras, sem m�scara, achando que por serem conhecidas n�o h� perigo. � um engano. Temos sempre que tomar cuidado”, afirma a profissional, residente em Ribeir�o das Neves, na Regi�o Metropolitana de BH, e que n�o sabe exatamente como foi contaminada pelo novo coronav�rus.

 

Em nota, o Grupo Santa Casa BH informa que criou o Centro Especializado em Sa�de do Trabalhador (Rua Cear�, 460, no Bairro Santa Efig�nia) para atender exclusivamente aos funcion�rios da institui��o, incluindo estagi�rios, especializandos e residentes. O servi�o funciona de segunda a sexta-feira, das 7h �s 19h, e conta com m�dicos, enfermeiros, t�cnicos em patologia e psic�logos para ajudar no controle e cuidado durante a pandemia. O objetivo � disponibilizar um atendimento diferenciado � equipe que est� na linha de frente no combate ao coronav�rus.

 

A superintendente de Recursos Humanos da institui��o, Clarinda Macedo, explica que o atendimento ocorre de maneira completa e por etapas. “No primeiro sinal ou sintoma respirat�rio, o gestor encaminha o trabalhador para o Centro Especializado. L�, o paciente passa por avalia��o m�dica, para verificar se � um caso de doen�a cr�nica respirat�ria, como asma, sinusite e rinite, ou uma s�ndrome gripal. Se o diagn�stico for de s�ndrome gripal, o funcion�rio � afastado por dois dias inicialmente e realiza coleta de material para exames. Ap�s o per�odo, se estiver assintom�tico e o resultado for negativo, retorna ao trabalho com orienta��o de usar os equipamentos de prote��o individual (EPI) durante toda a jornada. Se ainda tiver sintomas, passa por nova avalia��o”, explica.

 

 

Testes rastreiam casos suspeitos

 

(foto: Paulinho Miranda/Arte EM)
(foto: Paulinho Miranda/Arte EM)
J� a PBH, via Secret�ria Municipal de Sa�de, informa, por meio de nota, que os dados contidos no Boletim Epidemiol�gico e Assistencial incluem profissionais de sa�de da rede p�blica e/ou privada de Belo Horizonte. “Atualmente, 294 profissionais de sa�de da rede pr�pria do SUS/BH testaram positivos para COVID-19. Todos os agentes p�blicos lotados na Secretaria Municipal de Sa�de (SMS), sintom�ticos ou assintom�ticos, ou com contato domiciliar com pessoas confirmadas para a COVID-19 s�o testados.”

 

A nota informa que desde mar�o a prefeitura disponibiliza local exclusivo para a realiza��o de testes nos profissionais de sa�de que atuam no munic�pio. E a Sa�de municipal elabora e divulga periodicamente notas t�cnicas com orienta��es sobre equipamentos de prote��o e roupas dos profissionais que prestam assist�ncia direta aos pacientes com suspeita de COVID-19.

 

Os documentos tamb�m listam os acess�rios de prote��o para cada grupo profissional, conforme a �rea de atua��o nas unidades de sa�de. “Al�m disso, h� orienta��es sobre a conduta dos profissionais sintom�ticos e assintom�ticos, com contato domiciliar confirmado para a doen�a, e as medidas a serem tomadas. As notas t�cnicas s�o atualizadas conforme a necessidade e seguindo as orienta��es do Minist�rio da Sa�de”.

 

 “� importante ressaltar que a rede SUS-BH conta com estoque abastecido de equipamentos de prote��o individual. A categoria da enfermagem, que engloba enfermeiros e t�cnicos, tem o maior n�mero de profissionais atuando nas unidades de sa�de. Em consequ�ncia disso, a exposi��o ao v�rus pode ser mais recorrente. Os profissionais seguem protocolos e trabalham com os equipamentos de prote��o individual recomendados”, diz o texto.

 

Depoimento


“Trabalho nos hospitais Risoleta Neves e do Ipsemg. Em 24 de junho, senti os primeiros sintomas: febre e fraqueza. Depois a prostra��o foi se agravando, perdi paladar e olfato, e no s�timo dia tive falta de ar. No Risoleta, aconselham os profissionais de sa�de a buscar atendimento m�dico caso sintam algum sintoma. Foi o que fiz, j� no primeiro dia: fui ao Cecovid, unidade de atendimento do hospital destinada a pacientes e trabalhadores com sintomas respirat�rios durante a pandemia. L�, fui muito bem atendida pela m�dica e fizeram o teste para COVID-19. Fui afastada do trabalho inicialmente por quatro dias. No terceiro dia, minha coordenadora ligou dizendo que meu exame dera positivo e ent�o permaneci afastada at� completar 14 dias, para n�o ter risco de transmitir para ningu�m.
 

"Se eu peguei, qualquer um est� sujeito"

Fl�rida da Silva Aleixo, de 47 anos, t�cnica de enfermagem

 
Como tamb�m trabalho no Ipsemg, passei por atendimento m�dico, porque tinha que deixar a institui��o ciente do meu quadro de sa�de. Moro com minha filha de 12 anos. N�o foi f�cil esse per�odo em rela��o �s compras das coisas para casa, pois n�o tinha outro adulto que pudesse ajudar. Onde eu peguei a COVID-19? N�o d� para saber. Apesar de trabalhar em dois hospitais, sou muito cuidadosa, me paramento toda com os equipamentos de prote��o individual necess�rios. Ficava pensando: se at� eu peguei, qualquer um est� sujeito a se infectar. Posso ter pegado na rua, no deslocamento de �nibus, em qualquer lugar. Depois de 14 dias de afastamento, retornei ao trabalho em 8 de julho. Hoje estou superbem, s� meu paladar ainda n�o est� 100%.”
 

Hospitais seguem protocolos de a��o

 
A assessoria do Hospital Risoleta Tolentino Neves informa que, desde o in�cio da COVID-19 no Brasil, vem acompanhando as orienta��es dos �rg�os sanit�rios, adequando processos e fluxos e realizando divulga��es junto aos p�blicos de relacionamento. Em mar�o, foi criado um Comit� Interno de Enfrentamento � COVID-19 e, desde ent�o, s�o realizadas reuni�es sistem�ticas para a defini��o de a��es importantes na pandemia.

J� o Ipsemg informa que segue todos os protocolos para o enfrentamento da COVID-19 recomendados por �rg�os estaduais e federais e disponibiliza equipamentos de prote��o preconizados para cada atividade. Todos os profissionais foram treinados quanto � forma correta de se paramentar e desparamentar. Os protocolos, conforme a especificidade da atividade, tamb�m est�o dispon�veis para acesso na intranet da institui��o. Nota da assessoria diz que “todo servidor que apresenta sintomas caracter�sticos da infec��o viral causada pelo coronav�rus � imediatamente afastado de suas atividades e acompanhado pela Medicina do Trabalho do instituto”. 

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 



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