Em Casa Grande, uma faixa no coreto desaconselha a visita at� mesmo de parentes dos moradores � cidade (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
O novo coronav�rus j� alcan�ou 95% dos munic�pios de Minas Gerais. Das 853 cidades que comp�em o estado, apenas 38 – o mais populoso deles, Pedra de Maria da Cruz, na Regi�o Norte, tem 12.107 habitantes – escapam da estat�stica de casos confirmados de COVID-19, segundo dados da Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG). As regi�es Noroeste e Tri�ngulo Mineiro j� foram toda tomadas pela doen�a. Nas outras, poucas cidades ainda persistem sem registros de infec��es pelo v�rus. Na Regi�o Central, por exemplo, somente cinco munic�pios fazem parte do grupo de “zero caso”. Mas n�o est�o blindados contra o micro-organismo. � o caso de Queluzito e Casa Grande, cidades vizinhas uma da outra e com m�dia de 2 mil habitantes, que recebem diariamente pessoas de Belo Horizonte e de outras localidades com alto n�mero de infectados.
Em Queluzito, a��es de orienta��o � popula��o foram fundamentais para manter o v�rus longe da cidade at� aqui. "O medo hoje � um aliado nosso", acredita o prefeito C�lio Pereira de Souza (PR). "As pessoas t�m medo de sair de casa, isso nos ajuda", explica. � poss�vel ver que os poucos moradores que saem procuram n�o se aglomerar, mas nem sempre usam m�scara. E n�o � por falta delas. Segundo a prefeitura, um kit higiene com m�scara, sabonete e �lcool em gel foi entregue para toda a popula��o, de casa em casa, pelos agentes de sa�de. Al�m disso, a prefeitura promove a desinfec��o de ruas semanalmente. Na entrada da cidade, uma barreira sanit�ria afere a temperatura de quem chega.
Barreira sanit�ria com aferi��o de temperatura de quem entra � uma das medidas de prote��o de Queluzito (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
O vigilante Roberto C�sar de Melo, de 35 anos, � nascido e criado em Queluzito. Sem m�scara, por estar sozinho no carro, ele aprova os cuidados e torce para que o v�rus n�o alcance a cidade. “Essa barreira deixa a gente mais tranquilo. Tenho pais de 75 anos, ent�o, estou tomando os cuidados e, se Deus, quiser essa doen�a n�o vai entrar aqui n�o”, disse. O vendedor Jony Oscar Costa, de 32, precisou entrar na cidade para entregar produtos. “Ando em muitas cidades no entorno, ent�o, tenho que ter cuidado. Como aqui (Queluzito) n�o tem casos, fico mais confort�vel, mas a gente n�o pode deixar de se precaver”, comenta.
Jos� Pereira sai a cavalo para cumprimentar os amigos e ensina: 'Tem de ser longe' (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Nas ruas tranquilas do per�metro urbano, Jos� Pereira Zebral Neto, de 69, se encontra com companheiros que o chamam pelos apelidos Goiano ou Fim. Montado em sua �gua, ele alerta: “Tem que ser de longe”. Na ter�a-feira, o irm�o, de 50, foi internado em um hospital em Conselheiro Lafaiete, a 20 quil�metros da cidade, com dores no peito. Apesar de ser um dos sintomas da COVID-19, a fam�lia n�o acredita que seja a infec��o.
“Ele tem problema de cora��o e outras coisas. Creio que n�o seja coronav�rus, mas fica a suspeita. Fizeram o teste dele l� e deve sair em cinco dias”, disse Goiano, ressaltando que segue as medidas de preven��o ao cont�gio. “N�o fico ‘aplantando’ por a� sem m�scara. Lavo as m�os bem lavadinhas.”
Queluzito adotou ao programa Minas Consciente, do governo estadual, que estabelece protocolos sanit�rios para que as prefeituras possam avaliar condi��es e permitir – ou n�o – a retomada das atividades da economia em meio � pandemia do novo coronav�rus. “A orienta��o vinda do estado foi boa pra n�s porque podemos ter a retomada com consci�ncia”, avalia o prefeito.
A 12 quil�metros, em Casa Grande, a prefeitura tamb�m aderiu ao programa. A exemplo de Queluzito, o munic�pio tamb�m n�o teve registro de casos. Al�m de adotar as mesmas medidas de preven��o, a administra��o acredita que o clima foi favor�vel ao isolamento social. “A gente tem visto que o pessoal est� bem recolhido. E o frio ajuda, � muito intenso”, conta o secret�rio municipal de Administra��o, Jos� Maur�lio Gon�alves.
E mesmo sob o sol, durante a pandemia o cen�rio � de seguran�a para evitar o cont�gio: igreja vazia, ruas livres e o som dos p�ssaros cantando. Na pra�a da igreja matriz, uma faixa que pode soar como indelicadeza pede bom senso diante da quest�o de sa�de p�blica. “Voc� est� vindo visitar sua fam�lia? Se voc� realmente ama eles, volte para sua casa, a saudade n�o mata, mas a COVID-19 sim”, diz o banner. Mensagem que at� ent�o tem dado resultado, segundo a prefeitura. “Temos um agravante que � estar pr�ximo de Conselheiro Lafaiete e Barbacena.O risco de contamina��o � grande, mas ficamos atentos.”
'Tem not�cia de coronav�rus nem em pensamento', orgulha-se o comerciante Valdir Dutra
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
No posto de gasolina da cidade, o empres�rio Ata�de Silv�rio J�nior, de 50, atende pessoas de v�rios cantos e pressiona os visitantes. “Tenho medo (do coronav�rus) porque no in�cio as pessoas iam pra ro�a. At� andei discutindo com uns. Eu falava ‘ou voc� fica em casa ou fica em outra cidade’. Alguns at� deixaram de vir aqui”, conta. No estabelecimento em frente, o comerciante Valdir Dutra, de 76, sente orgulho de n�o haver coronav�rus em sua cidade. “Tem not�cia de coronav�rus nem em pensamento. Se tiver um ali com dor de cabe�a eu sei aqui. Eu acho que � muito bom porque, gra�as a Deus, o povo aqui � sadio”, conta, comparando a doen�a �s apari��es de cobras nos s�tios. “N�o tenho nem um pingo de medo dessa doen�a. Quem guarda a gente � Deus. Aqui cobra matou mais do que coronav�rus.”
Veja onde ficam as 38 cidades que ainda n�o registraram casos da doen�a em Minas
(foto: Arte EM)
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
