Mulher acumula lixo dentro de casa e se alimenta de restos de comida

Moradores da Rua Padre Anchieta, Bairro Altin�polis, em Governador Valadares, est�o convivendo com um problema que parece n�o ter solu��o. H� v�rios anos, Maria das Gra�as Rodrigues dos Santos, moradora da casa n�mero 78, que diz ter 52 anos de idade, acumula grande quantidade de lixo dentro de sua casa e no quintal. 

Os vizinhos afirmam que Gra�a (como � conhecida) � portadora de graves transtornos psiqui�tricos e mora sozinha na casa, que est� parcialmente destru�da, como um im�vel abandonado. A mulher tem filhos morando em outros bairros de Governador Valadares, mas quando eles a procuram, ela os agride. Recentemente, segundo os vizinhos, ela expulsou um dos filhos a pedradas.

Incomodados com a grande quantidade de lixo e o mau cheiro, os moradores decidiram retirar as sacolas e caixas entulhadas na casa e no quintal de Gra�a. A limpeza foi feita no dia 29 de julho, quando fiscais da Vigil�ncia Sanit�ria, equipe do SAMU e Pol�cia Militar foram � casa de Gra�a e a levaram ao Hospital Municipal, onde foi sedada e liberada, mas voltou para casa no fim da tarde. A limpeza foi feita no per�odo em que a moradora esteve ausente.

 

Sandra Merc�s, vizinha mais pr�xima de Gra�a, e que se preocupa com as condi��es subumanas em que a mulher vive, disse que a quantidade de lixo retirada foi equivalente a 8 caminh�es ca�amba. “Dois anos atr�s os vizinhos retiraram lixo equivalente a 18 

Comovida com a situa��o dram�tica que envolve a vida de Gra�a, Sandra diz que nem sempre pode ajudar. Temendo ser internada, Gra�a se torna agressiva. “Quando ela foi levada ao Hospital Municipal, tempos atr�s, e fugiu de l�, um m�dico disse que o tratamento dela pode ser feito sem a necessidade de interna��o, mas isso � inaceit�vel”.

Gra�a n�o admite que ningu�m limpe sua casa e retire as sacolas de lixo que ela recolhe pelo bairro e chama de “minhas coisas”. Quando algum vizinho se aproxima, ela parte para as agress�es f�sicas. “Ela joga pedras nas vidra�as das casas e de carros quando desconfia de algu�m que esteja tentando intern�-la”, diz Eduardo Ferreira da Silva, outro vizinho que sempre oferece ajuda e se diz triste com a situa��o, porque, segundo ele, todos vizinhos querem apenas ajudar.

A agressividade de Gra�a surpreendeu a vizinhan�a quando ela, no dia 1 de agosto, destruiu parcialmente um autom�vel Tucson Hyundai, de um Major PM, pensando que o policial teria ido � sua casa para intern�-la. O carro do Major PM Julimar Vilela foi estacionado na rua quando ele foi visitar um parente. Os danos causados ao ve�culo, como vidros quebrados, lataria amassada e outros, foram descritos em Boletim de Ocorr�ncia registrado no mesmo dia, por volta de 22h.

Como os problemas causados por Gra�a se arrastam h� anos, sem uma solu��o, 15 moradores assinaram um requerimento enviado por e-mail ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais. Eles foram dar entrada no documento pessoalmente, mas os seguran�as do pr�dio do MP de Governador Valadares sugeriram o envio por e-mail, porque durante a pandemia do novo coronav�rus, os atendimentos no MP est�o sendo feitos � dist�ncia. “Ainda n�o nos responderam, nem sabemos qual promotor recebeu o requerimento”, explicou Sandra.

No requerimento, os moradores relatam as agress�es sofridas com pedradas e garrafadas, e a destrui��o parcial do carro do Major PM. Pedem a interna��o de Maria das Gra�as, para que ela receba tratamento de sa�de eficiente e humanit�rio. 

Mesmo vivendo em meio � tens�o e o medo, alguns moradores conseguem conversar com Maria das Gra�as quando ela se acalma. Na sexta-feira (7), ela reclamou que estava sentindo fortes dores no corpo e falta de ar. Uma equipe do posto de sa�de do bairro foi at� a casa de Maria das Gra�as, mas ela recusou atendimento. 

O Centro de Aten��o Psicossocial (CAPS) enviou um m�dico para atender Maria das Gra�as na ter�a-feira (11). Novamente ela ficou agressiva e recusou ser atendida. Quando se acalmou, contou � Sandra Merc�s que perdeu todos os seus documentos em meio �s sacolas de lixo e assim n�o consegue receber o aux�lio emergencial que tem direito. Com isso ela est� se alimentando de restos de comida que encontra no lixo. “� uma situa��o inaceit�vel, absurda, que precisa ser resolvida imediatamente”, diz Sandra.