Profissional de sa�de realiza testes em laborat�rio p�blico: propor��o de exames inclusivos ou ainda n�o fechados � a segunda pior do Brasil
(foto: T�lio Santos/EM/D.A Press - 12/2/20)
Minas Gerais pode ter um volume de doentes graves com COVID-19 at� 40% superior ao confirmado at� o momento. Devido � baixa quantidade de testes e � propor��o de diagn�sticos conclusivos inferior � m�dia nacional, mesmo nos casos mais cr�ticos de sintomas respirat�rios, o real impacto da epidemia do novo coronav�rus (Sars-Cov-2) entre os mineiros pode ser muito superior ao registrado por ora, quadro que vem sendo apontado pelo Estado de Minas desde maio. O estado � o segundo em todo o Brasil com menor propor��o de diagn�sticos fechados sobre pacientes internados com s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) registrados no InfoGripe do Minist�rio da Sa�de do dia 13.
E � a� que a enfermidade provocada pelo novo coronav�rus pode estar “escondida”. Projetando-se as propor��es de resultados positivos para COVID-19 entre os pacientes que apresentaram SRAG (80%) sobre os casos com testes inconclusivos ou ainda n�o finalizados, o total de infectados pelo novo coronav�rus com quadros mais graves – aqueles que tiveram que ser internados – subiria dos 13.378 que constam no InfoGripe da semana passada para 18.728. A s�ndrome ocorre entre pacientes com a doen�a provocada pelo novo coronav�rus ou afetados por outros micro-organismos, como os v�rus influenza.
Pela primeira vez, a Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) admitiu essa situa��o e confirma que ela acarreta subnotifica��o. Entretanto, afirma que o problema � decorrente de falhas de coleta e log�stica de exames de alguns munic�pios, indicando que tomou medidas para ampliar a efic�cia e impedir o desperd�cio de testes. Especialistas concordam que a falha � provocada por inaptid�o nesse processo, mas n�o culpam apenas os munic�pios.
Dos 23.515 exames realizados em pacientes com SRAG em Minas registrados no InfoGripe, 6.718 (28,6%) est�o pendentes de resultados. O estado s� perde para o Mato Grosso, que realizou 5.489 testes, dos quais 1.909 (34,8%) permanecem indefinidos. Em termos comparativos, o volume de exames sem conclus�o em Minas supera em 22,4% o total de testes do Mato Grosso em doentes com quadros de SRAG.
Mortes
Minas Gerais tamb�m tem um dos piores resultados no que diz respeito aos diagn�sticos de pacientes que n�o resistiram ao quadro de SRAG e morreram. O estado � o oitavo no ranking de defasagem desses resultados no comparativo nacional, ficando atr�s de Alagoas, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Piau� e Maranh�o.
Dos 4.186 testes em pacientes que tiveram quadros de SRAG e morreram desde o in�cio do ano, 268 (6,4%) seguem sem resultados conhecidos, ainda de acordo com os dados do Minist�rio da Sa�de. Oficialmente, 3.698 pessoas que tiveram a s�ndrome respirat�ria e morreram apresentaram testes positivos para COVID-19 at� o dia 13. A propor��o � de quase 94%, que, se projetada sobre os testes n�o definidos, elevaria para 3.950 o n�mero de mortos em decorr�ncia da doen�a, uma amplia��o de 252 (6,8%) �bitos.
Persist�ncia
A defasagem n�o � nova. Em maio, reportagem do EM alertou que o volume de diagn�sticos para COVID-19 pendentes em pacientes com SRAG e os que morreram com o quadro em Minas Gerais era proporcionalmente um dos piores do Brasil, mas de l� para c� a situa��o melhorou apenas nas demais unidades da Federa��o. Em 10 de maio, Minas era o nono estado em defasagem de diagn�sticos de quadros de SRAG e o oitavo pior em termos de resultados sobre mortes. Ou seja, permaneceu estacionado no que se refere a �bitos com testes sem respostas e piorou sete posi��es no que diz respeito aos pacientes com o quadro cr�tico, mas que n�o sabem se t�m ou tiveram a COVID-19.
A orienta��o do Minist�rio da Sa�de � clara e a coleta de amostras e realiza��o de testes s�o indicadas para todos os pacientes com SRAG hospitalizados e todos os �bitos suspeitos. Desconsideradas as defesagens, na semana passada, quando foram compilados os dados para o levantamento da reportagem do EM, Minas Gerais tinha a menor incid�ncia de COVID-19 do Brasil, com taxa de 795,6 casos positivos por grupo de 100 mil habitantes seguido por Rio Grande do Sul (836,2), Paran� (890,7), Rio de Janeiro (1.099), Pernambuco (1.155,3) e Mato Grosso do Sul (1.275,1).
As estat�sticas do Minist�rio da Sa�de, munidas pelos dados repassados pelas secretarias de estado da �rea, apontam Minas como a unidade da Federa��o onde menos pessoas morreram proporcionalmente pelo novo coronav�rus.
A taxa de �bitos � de 18,6 por 100 mil habitantes, � frente de Mato Grosso do Sul (21,3), Paran� (22,8), Rio Grande do Sul (23,1) e Santa Catarina (24,3). A amplitude de exames n�o fechados, entretanto, lan�a d�vidas sobre essa posi��o.
(foto: Arte EM)
Infectologista receita treinamento
A alta taxa de exames n�o encerrados ou inconclusivos em pacientes com s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG), que s� em Minas Gerais chega a quase um ter�o dos casos notificados, imp�e dificuldades ao manejo de isolamento social necess�rio para preven��o e controle da COVID-19. E revela a necessidade de aprimoramento dos processos para evitar desperd�cio e infetividade, defende o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Est�v�o Urbano Silva.
“N�o observamos o problema de falta de exame, mas um teste que n�o chegou a uma conclus�o. N�o traz nenhuma informa��o. � preciso, a essa altura, entender melhor os processos de diagn�stico para se ter melhor desempenho. (As equipes de sa�de) Precisam aprender como coletar amostras da forma correta, o tempo correto para cada tipo de teste, o transporte para os la- borat�rios. Tudo isso, se feito de forma inadequada, leva a uma perda do diagn�stico”, explica.
A falta de resultados, invariavelmente, causa subnotifica��o. Mas o m�dico infectologista n�o credita as estat�sticas a problemas estruturais nos laborat�rios. “Isso mostra que sempre existe o risco de uma subnotifica��o da COVID-19 em todas as fases do processo. Se tivesse treinamento das equipes, esse aproveitamento poderia ser melhor. A essa altura da epidemia, j� podemos fazer essa autocr�tica para melhorar”, defende.
A Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) admite a situa��o e informou que todo �bito com quadro de SRAG � testado, e desde dezembro, mais de 90% dos casos foram analisados laboratorialmente. “O percentual de casos que n�o tiveram amostragem processada se refere, realmente, a situa��es em que os munic�pios n�o conseguiram realizar coleta de forma adequada ou em tempo h�bil. V�rios fatores influenciam o resultado do exame, como coleta inadequada, armazenamento e transporte da amostra at� o laborat�rio central, tempo decorrido entre a coleta e o in�cio dos sintomas, tipo de material biol�gico coletado e a oscila��o da carga viral, ou seja, o paciente tinha pouca quantidade de v�rus em seu organismo, por assim dizer. Todos esses fatores podem contribuir para a n�o especifica��o da SRAG”, informou o �rg�o, por meionota.
Rede ampliada
O �rg�o informa que, para reduzir essa defesagem, estruturou uma rede de laborat�rios, fazendo com que essas amostras sejam analisadas em institui��es mais pr�ximas dos locais onde foi feita a coleta, descentralizando o processo e “melhorando, assim, a qualidade das amostras coletadas”. Ainda segundo o texto enviado pela secretaria, “isso tem contribu�do muito para a melhoria da capacidade de log�stica dentro desse eixo laboratorial de enfrentamento � pandemia em Minas”. O �rg�o informa ainda que “o estado est� tamb�m em constante contato com os munic�pios e os prestadores de servi�os de sa�de para alinhar os procedimentos de coleta, o que permite a melhoria da qualidade das amostras”.
Governo identifica in�cio de queda
Minas Gerais se mant�m no plat� na curva de COVID-19, com estabiliza��o nos registros, mas em um patamar elevado. De acordo com o boletim epidemiol�gico divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Sa�de, foram confirmados 2.072 novos casos da doen�a, totalizando 117.787, e registradas 83 mortes entre ontem e segunda-feira, levando a 4.306 o total de �bitos. Permanecem em acompanhamento 29.349 pacientes, enquanto outros 144.132 se recuperaram. O novo coronav�rus chegou a 827 dos 853 munic�pios mineiros. A Secretaria de Estado de Sa�de aponta in�cio de tend�ncia de queda na curva casos e mortes.
Com 47.784 novos registros da doen�a de segunda para ter�a, o n�mero total de confirma��es de COVID-19 no Brasil, por sua vez, chegou a 3.407.354. Desses, 2.554.179 (75,8%) correspondem aos que se recuperaram e 772.540 (21,8%) est�o ainda em acompanhamento, segundo o Minist�rio da Sa�de. S�o 109.888 mortos pela doen�a.
O secret�rio de Estado de Sa�de de Minas, Carlos Eduardo Amaral, enfatiza que h� diferen�a na curva quando se compara a data das mortes e a confirma��o delas. Segundo ele, em Minas, “estamos vendo uma tend�ncia de in�cio de queda”. Carlos Eduardo ressaltou, entretanto, que “ainda � um pouco precoce definirmos isso”.
O estado monitora as mortes pela data de ocorr�ncia e pela de registro. Segundo o secret�rio, h� tend�ncia de queda na curva de dados tra�ada com base na data de ocorr�ncia dos �bitos e � verificada eleva��o na de registros, que dependem da conclus�o de testes. (Colaborou M�rcia Maria Cruz)
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.