Apesar da flexibiliza��o do funcionamento de restaurantes durante a semana, empres�rios do setor n�o se sentiram satisfeitos com o protocolo divulgado pela prefeitura de Belo Horizonte na tarde desta quinta-feira (20). V�rios donos de empreendimentos na capital acreditam que a reabertura gradual � insuficiente para amenizar os enormes preju�zos da atividade, fechada h� mais de cinco meses na cidade.
O prefeito Alexandre Kalil anunciou nesta tarde que os restaurantes – que s� seriam contemplados na fase 2 do programa de reabertura da economia – poder�o reabrir suas portas de segunda a sexta-feira, de 11h �s 15h. Nos fins de semana, eles dever�o ficar fechados, com exce��o dos servi�os de delivery.
Propriet�rio do restaurante Chef T�lio, na Regi�o Leste da capital, T�lio Montenegro, de 72 anos, acredita que a medida s� serve para prejudicar os comerciantes que est�o na regi�o central da capital: "� muito vergonhoso. Isso � uma palha�ada. A periferia de Belo Horizonte est� trabalhando de porta aberta e nunca parou. Voc� vai no Alto Vera Cruz, Taquaril ou em outros locais. Est�o todos funcionando do mesmo jeito. Dentro da 'famosa Avenida do Contorno', o Kalil n�o deixa ningu�m fazer nada. Como vou fazer para vender 30 ou 40 almo�os a R$ 12 de segunda a sexta-feira? � uma tremenda de uma falcatrua. E 70% do dinheiro que entra num bar ou restaurante entra � noite. O restante � durante o dia".
O empres�rio mant�m o neg�cio h� 25 anos e conta atualmente com seis funcion�rios. O comerciante diz que o prefeito s� atendeu de fato �s camadas do entorno da capital, que, segundo ele, continuam com seus estabelecimentos abertos: "Ele foi politiqueiro, porque sabe que toda a periferia de Belo Horizonte vai reeleg�-lo". Ele lembra que v�rios de seus funcion�rios pertencem ao grupo de risco (maiores de 60 anos) e ter�o de tomar cuidados redobrados.
Dono do Porc�o, na Avenida Raja Gabaglia, Fernando J�nior evitou demiss�es e manteve os 96 funcion�rios de sua empresa com sacrif�cios. Ele critica a restri��o dos hor�rios de funcionamento dos restaurantes e lembra que os �nibus continuar�o com aglomera��es no dia a dia: "Enquanto restringem os restaurantes, eles colocam todos no �nibus ao mesmo tempo. � muito mais gente num �nibus cheio do que num restaurante. Fico me perguntando se n�o h� marca��o com nosso setor... Somos a capital mundial dos bares e restaurantes. E s�o muitas fam�lias que dependem do servi�o"
Para o empres�rio, a medida n�o soluciona o problema dos comerciantes: "Essa reabertura � tampar o sol com a peneira. � uma brincadeira feita com o setor que est� esperando reabertura h� mais de 150 dias. O problema maior � que n�o aguentamos mais pagar funcion�rio para ficar em casa, sem trabalhar. O aluguel � cobrado normalmente. � uma covardia. Todos sabem que a maior parte do faturamento � � noite e com bebidas alc�olicas. N�o acredito que restringir o hor�rio de funcionamento diminua a concentra��o. Pelo contr�rio, ela � menor se voc� aumenta os hor�rios".
A Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) tamb�m imp�s cr�ticas � abertura com ressalvas dos restaurantes.
Segundo o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, o prefeito demonstra, novamente, desrespeito e desumanidade com os milhares de empreendedores e trabalhadores deste setor e com a sociedade belorizontina. “Belo Horizonte � a �nica capital brasileira que n�o retomou com as atividades de bares e restaurantes. A forma como a quest�o est� sendo tratada � rasa, sem transpar�ncia. N�o somos os vil�es e n�o aceitaremos ser bode expiat�rio da crise. Essa concess�o de abrir na hora do almo�o n�o resolve a quest�o, � como colocar um esparadrapo numa hemorragia”.
Mais otimista, Paulo Pedrosa, presidente do Sindicato de Hot�is, Restaurantes, Bares e Similares de BH e Regi�o Metropolitana (Sindhorb) espera que o protocolo tenha ajustes nas pr�ximas semanas: � uma vit�ria do Sindhorb, que sempre pediu o di�logo e ach�vamos que judicializar o processo n�o era a resposta. Agora vamos obedecer e seguir o protocolo para uma retomada com seguran�a. A expectativa � recuperar um pouco dessa perda de cinco meses completos com as portas fechadas. Agora vamos retomando 30% a 40% das vendas e vamos aguardar para as pr�ximas semanas a reabertura dos bares e restaurantes � noite tamb�m".