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Estado de Minas ENTREVISTA

'A UFMG n�o parou', diz reitora sobre per�odo de pandemia

Respons�vel pela maior federal de Minas afirma que institui��o optou por s� retomar semestre com qualidade e inclus�o, nega lentid�o no ensino remoto e destaca enfrentamento da pandemia


24/08/2020 04:00 - atualizado 24/08/2020 08:00

"Mantivemos todas as defesas de trabalho de conclus�o de curso, de mestrado e doutorado, atividades essenciais, mas tiramos todos de dentro do c�mpus"

Sandra Regina Goulart Almeida, reitora da Universidade Federal de Minas Gerais



Ela n�o � s� a maior de Minas. Em tempos de pandemia, a UFMG se tornou tamb�m a universidade federal que lidera as pesquisas sobre  a COVID-19 no pa�s e, no ranking Shangai, um dos mais importantes term�metros do desempenho das institui��es de ensino superior do mundo, divulgado no �ltimo dia 15, encabe�a a lista das melhores sob a tutela da Uni�o. Mesmo com tantos m�ritos, s�o muitos os desafios para tamb�m se adaptar a novas e desconhecidas demandas.

P�lo de tecnologia, levou quase cinco meses para oferecer o ensino remoto aos seus mais de 30 mil alunos da gradua��o tendo, mesmo assim, sa�do na frente de outras grandes. “T�nhamos dois aspectos muito claros: o semestre tinha que  ser retomado com qualidade e inclus�o. N�o teria como ser de outra forma”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas. Tudo isso em meio a uma velha e conhecida amea�a: a de corte or�ament�rio. Se este ano est� garantido fechar no azul, para 2021 h� o medo de R$ 38 milh�es a menos, fatura que, segundo a reitora, a UFMG n�o ter� como assumir. 

Por que a UFMG demorou tanto a implementar aulas on-line?  
N�o demoramos. Fomos a primeira federal a retomar o semestre em esquema remoto. Tem que levar em considera��o v�rios pontos em todas as universidades p�blicas, inclusive as estaduais. Em Minas, as federais fizeram um movimento interessante, pois paramos juntas em 18 de mar�o, conversando com estado e munic�pio, e logo depois veio uma portaria do MEC autorizando aulas remotas. H� uma popula��o de 60 mil pessoas circulando na UFMG. Suspendemos aulas presenciais e mantivemos aulas on-line, principalmente da p�s-gradua��o, onde temos tradi��o de oferecer cursos de maneira remota. A UFMG n�o parou. Mantivemos todas as defesas de trabalho de conclus�o de curso, de mestrado e doutorado, atividades consideradas essenciais, mas tiramos todo mundo de dentro do c�mpus. Parte administrativa tamb�m foi para esquema remoto.  

H� muito se fala da necessidade de modernizar a educa��o brasileira. No entanto, na crise, justamente a universidade p�blica, o que h� de melhor no pa�s, foi praticamente a �ltima ponta a adotar aulas remotas... 
Tivemos que apressar um processo que j� estava ocorrendo. Defesas (de teses) remotas estavam come�ando a virar algo comum, mas n�o eram regulares. Tiramos pessoas tamb�m dos laborat�rios, mas continuaram em casa no modo remoto. De imediato, em mar�o, o MEC abriu projeto para apoio de trabalhos sobre a COVID-19, e a UFMG foi a primeira classificada. Abrimos, ent�o, a universidade para servi�os essenciais (seguran�a, limpeza, jardinagem, servi�o de pagamento, portaria, com todo distanciamento) e para a��es voltadas � COVID-19. A UFMG fez uma rede de sete laborat�rios, que faz mais testagem que o estado. Est�o segurando a testagem em Minas. Chamamos estudantes com todo cuidado. Todas as universidades se mobilizaram para atender � demanda da pandemia, principalmente as federais.  

Quais outros trabalhos est�o em curso?  
Estamos fazendo testagem de medicamentos novos, a Coronavac (vacina chinesa), desenvolvendo a vacina brasileira com a Fiocruz. H� dois grupos da estat�stica e matem�tica vendo a quest�o de pico e contamina��o, grupo na telemedicina se dedicando aos polos ligados o SUS, grupo trabalhando com ventiladores hospitalares de baixo custo. Ganhamos insumo da Petrobras e, hoje, somos autossuficientes em �lcool gel, que distribu�mos a hospitais p�bicos. Produzimos tamb�m escudo facial para hospitais e para n�s. Temos apoiado financeiramente grupos na �rea da cultura, que fazem apresenta��es virtuais. Outra pesquisa muito importante � acompanhar a contamina��o da COVID pela an�lise do esgoto, al�m do estudo de pacientes no CTI, de melhores medicamentos. Atendemos catadores de lixo durante a pandemia e a popula��o mais vulner�vel. Arrecadamos R$ 6 milh�es numa campanha num momento em que n�o se tinha dinheiro nem onde comprar e precisava-se de tudo: luvas, �lcool em gel, m�scaras. 

Quais foram os principais entraves para a ado��o do ensino remoto? 
Algumas universidades mudaram imediatamente para atividades a dist�ncia. Outras, incluindo institui��es mineiras, adotaram atividades optativas entre professores e alunos, mas a maioria preferiu o semestre adicional, que � um extra, como um curso de ver�o. Quem o faz ganha cr�ditos e conte�do a mais, que podem ser debitados e substitu�dos l� na frente. Essas op��es d�o oportunidade apenas a alguns alunos e professores. N�o funciona na UFMG, porque ela � grande demais, � muito coesa na sua estrutura, tem tradi��o de decis�es unidas. Nossa op��o era retomar o semestre quando poss�vel. E de forma inclusiva. A universidade queria voltar junta. 

E como ficou a comunidade universit�ria nesse meio-tempo?
Em mar�o, vimos que precis�vamos de algumas a��es. Estudamos primeiro ferramentas para aulas remotas, fizemos oficina com estudantes de como organizar o tempo de estudo, com professores de como preparar aula e qual a melhor plataforma. Fizemos pesquisa com estudantes e descobrimos as duas principais defici�ncias: de acesso a dados de internet e outra, que n�o esper�vamos: os alunos n�o t�m equipamentos. Celular n�o � melhor modo de assistir aula, serve em algumas disciplinas, mas outras precisam de computador ou notebook.  

Qual percentual de alunos da universidade n�o tinha ou ainda n�o tem acesso � internet e como isso est� sendo resolvido? 
Atualmente, 56% dos nossos estudantes v�m de escolas p�blicas. E 24% s�o atendidos pela assist�ncia estudantil. Separamos verba do or�amento e fizemos editais para estudantes se apresentarem e chamadas, sendo uma delas de dados de internet e outra para equipamentos – essa beneficiou mais de 2 mil estudantes. Contemplamos estudantes com renda familiar de at� 1 sal�rio e meio e o MEC lan�ou programa para disponibilizar dados para alunos de fam�lias de at� meio sal�rio m�nimo. Outro movimento s�o empr�stimos de equipamentos para aqueles que t�m pouco tempo restante na institui��o, que est�o quase saindo, para que o aparelho possa servir a outros depois. Come�amos a discuss�o pelos cursos at� chegar �s delibera��es dos �rg�os superiores. T�nhamos dois aspectos muito claros: o semestre tinha que ser retomado com qualidade e inclus�o.

Como fica a situa��o de alunos ind�genas e quilombolas neste contexto? 
Tentamos cobrir todo mundo: emprestaremos equipamentos a alunos de p�s sem bolsa, daremos apoio a alunos do Coltec (Col�gio T�cnico da UFMG) e haver� chamada espec�fica para estudantes ind�genas e quilombolas, p�blico que nos preocupa muito. H� cursos que s�o dados nessas comunidades e essa tem sido uma dificuldade, temos feito gest�o com o governo, porque a situa��o � triste. 

As federais tiveram resist�ncia para implementar o ensino remoto. A senhora acredita no ensino h�brido (adotado em grandes universidades no mundo) como um caminho? 
No Brasil, o ensino a dist�ncia � um curso diferente. As universidades podem oferecer at� 40% do seu curso na modalidade remota. A UFMG permitia 20%. Muitos cursos tinham tradi��o, outros n�o. O ensino remoto � emergencial, mas algumas dessas experi�ncias ser�o sim usadas quando retomarmos de forma presencial.  

Como est�o sendo dadas as aulas on-line? Haver� preju�zo pedag�gico para o semestre letivo? 
A p�s-gradua��o voltou em 1º de julho e a gradua��o, em 3 de agosto. Sugerimos que quando as aulas s�ncronas (ao vivo) ocorrerem sejam no hor�rio habitual de aula. E que haja tamb�m ass�ncronas, que fiquem gravadas para o aluno poder rever. Antes de parar demos duas semanas de aula. No retorno, daremos outras 14 semanas e, por isso, em vez das 15 habitualmente oferecidas, ser�o 16 neste semestre. Vamos cumprir todos os hor�rios. O primeiro semestre vai at� 7 de novembro, faremos uma pausa e o segundo semestre ser� dado de 30 de novembro a 31 de mar�o. � momento de preservar a vida, de resili�ncia, empatia e tranquilidade para lidar com o inesperado. Estou muito contente com a maneira como a universidade conduziu todo processo, com responsabilidade e cautela, sem a�odamento e com muita discuss�o com a comunidade.  

Como ficam as aulas pr�ticas? Ser�o movidas para outro semestre? 
Conseguimos transferir algumas para o modelo remoto, outras n�o podemos. Na sa�de, vemos como poderemos levar os estudantes para os hospitais, at� porque precisam atuar, mas com todo cuidado e equipamentos de prote��o. Algumas �reas adiantaram mat�rias te�ricas e far�o pr�ticas depois. Vamos evitar que o estudante seja prejudicado e nossa prioridade ser� privilegiar aqueles que precisam se graduar. Houve 215 formaturas antecipadas neste semestre na sa�de, seguindo determina��o do governo federal, que o permitiu com base em alguns crit�rios. At� o momento, foram 158 em medicina, 10 em enfermagem e 20 em farm�cia. Assim que retomarmos o presencial, a expectativa � privilegiar quem est� em condi��o de se formar ou que deve uma disciplina apenas, por exemplo. Em m�dia, h� 1 mil pessoas em cada semestre em condi��es de se formar.  

Essa situa��o deixou ainda mais clara a diferen�a entre as institui��es p�blicas e privadas, no que diz respeito a recursos? 
As universidades privadas pularam imediatamente para o remoto, � outro perfil. Elas t�m a obriga��o, porque a pessoa est� pagando. J� a institui��o p�blica trabalha na perspectiva do direito.  

Quais as consequ�ncias disso tudo para o futuro das universidades, principalmente se houver mais cortes de verba ou bloqueio no or�amento entre 2020 e 2021? 
� nossa grande preocupa��o. Ano passado, o or�amento ficou retido ano e s� o recebemos em setembro e outubro. No resto dos meses ficamos devendo e isso corr�i. Este ano, o or�amento foi 3,2% menor do que o do ano passado, ou seja, R$ 7 milh�es a menos. Conseguimos um respiro na UFMG, gra�as � Secretaria de Educa��o Superior do MEC, que fez em mar�o chamado para apoiar as universidades que tinham a��es diretas na COVID-19. A verba complementar que conseguimos trazer para a pesquisa deu um g�s na institui��o e permitiu comprar aparelhos para os laborat�rios. Tamb�m temos parceria com a Assembleia Legislativa de Minas, que contribuiu com mais R$ 2 milh�es para o trabalho com a vacina chinesa, desenvolvimento da vacina brasileira com a Fiocruz e apoio na infraestutura da tecnologia da informa��o. Foram mais de R$ 20 milh�es de verba para pesquisa e, por isso, este ano, conseguiremos fechar as contas.  

E para o pr�ximo?
O MEC anunciou que vai cortar 18,2% no or�amento das universidades para 2021. Isso � inadmiss�vel. E � corte linear: da assist�ncia estudantil � pesquisa. A UFMG n�o tem como assimilar a perda, de R$ 38 milh�es. Ela � hoje a melhor universidade federal do pa�s. Passamos de 8º para 5º lugar da Am�rica Latina. No ranking Shangai, ficamos entre as tr�s melhores federais. Temos liderado a �rea da COVID. Estamos maiores, mais inclusivos e com or�amento de volta a 2019. Tem algo errado. Quem est� respondendo pelas a��es de enfrentamento � pandemia s�o as universidades. Esperamos reverter, porque temos tido di�logo bom com o Congresso, que tem se sensibilizado.  

Como a senhora imagina o p�s-pandemia? O ensino na UFMG ser� o mesmo? 
Acho que n�o. Vai mudar, mas tamb�m n�o ser� como muitos acham. Muita gente dizendo que s� vai ser remoto. Acredito na import�ncia da presen�a, do contato, da empatia. Aprendizado se d� nos contatos, na possibilidade de intera��o. O remoto vem para contribuir, � importante, mas n�o � tudo. Mudan�a j� antiga e necess�ria � repensar o processo de ensino-aprendizagem que, centrado s� no professor, n�o se sustenta. Esse quadro vai nos ajudar a pensar nisso. O modelo on-line veio para ficar, mas jamais poder� substituir o presencial. A experi�ncia mostra que na EAD a evas�o � enorme. As pessoas t�m que ter muita disciplina e falta de contato � desestimulante. 
 
 

O que � o coronav�rus

Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp



Como a COVID-19 � transmitida?


A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?



Como se prevenir?


A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�



Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus.

 

V�deo explica porque voc� deve aprender a tossir



VIDEO1]

Mitos e verdades sobre o v�rus


Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:



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