
Puni��o com cabo de vassoura, rem�dio de uso veterin�rio e tortura. Assim eram tratados os idosos de uma casa de repouso em Taquara�u de Minas, na Regi�o Central do estado. E de repouso n�o tinha nada, aponta a Pol�cia Civil, que indiciou nesta quarta-feira (26) a s�cia-administradora do local como principal suspeita de cometer crimes de maus-tratos contra 34 internos.
De acordo com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), o abrigo “Sol Nascente” vem sendo investigado desde 2014 e outros propriet�rios j� haviam sido afastados. No entanto, em junho deste ano, novas den�ncias chegaram � pol�cia e foi instaurado novo inqu�rito.
Durante as investiga��es, a pol�cia realizou exames de corpo de delito, ouviu 11 pessoas e chegou � conclus�o de que houve maus-tratos e dois epis�dios de tortura no local.
O delegado respons�vel pelo caso, Robert Steven Vieira Taves, conta que, em um dos casos, um idoso com alzheimer havia se desentendido com essa s�cia-administradora e ela o agrediu com cabo de vassoura e ainda estimulou que outros internos praticassem agress�es contra ele.
“Numa outra ocasi�o, uma portadora de sofrimento mental foi amarrada numa cadeira por mais de duas horas”, diz Taves, com base nos relatos de testemunhas, que tamb�m apontam que a gerente da casa, mesmo sem forma��o na �rea da sa�de, praticava m�todos medicinais. “N�o havia m�dico no local. Por falta de estrutura para cuidar dos idosos, um dos senhores tinha uma ferida e n�o foi conduzido para atendimento m�dico devido. Ela cortou peda�os da carne da orelha do senhor, desinfectou com �gua sanit�ria depois deu rem�dio de uso veterin�rio.”
Em outros casos, segundo a investiga��o, os internos eram punidos com tapas. “A dona, de 65 anos, era respons�vel por castigo cruel a quem n�o tem condi��o de se defender. Ela pr�pria deveria ter empatia com as pessoas de idade pr�xima”, disse o delegado.
A mulher foi indiciada por quatro crimes de maus-tratos, tr�s de maus-tratos a idosos e dois de tortura, mas n�o foi presa. A investiga��o ainda est� em curso e avalia omiss�o de pelo menos outros tr�s funcion�rios.
Respons�vel nega pol�cia
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com a respons�vel pelo abrigo "Sol Nascente", que negou a vers�o apresentada pela Pol�cia Civil.
“Que barbaridade!”, disse a empres�ria ao ser questionada sobre os fatos relatados pela pol�cia. “Isso tudo � mentira. Jamais faria uma coisa dessas. Tem 48 anos que eu mexo com isso”, defende.
Ela disse que ainda n�o havia sido informada do indiciamento e que as den�ncias fazem parte de uma briga familiar pelo terreno em que a cl�nica particular est� instalada.
“Quem fez isso foi uma pessoa que briga comigo h� 20 anos. Um tio nosso passou a fazenda pra mim. Outro primo meu n�o gostou. A menina que casou com ele (primo) fez est�gio l� e inventou isso tudo que no fim das contas isso que ela t� me ferrando. Estou muito cansada, muito sofrida”, conta.
A indiciada disse ainda que pretende fechar a casa em setembro. “N�o existe nada. � tudo mentira. J� fui na pol�cia depor. Quando o delegado foi l�, ele entrou escondido e depois pediu desculpa. Agora vou fechar a cl�nica e vai ficar 15 funcion�rios desempregados”, finaliza.
Pedido de Interdi��o
Na semana passada, o MPMG pediu � Justi�a a interdi��o total do abrigo. Segundo a den�ncia, o abrigo atua sem alvar� sanit�rio e de funcionamento, al�m de acolher, ilegalmente, pessoas com transtornos mentais.
Hist�rico de abusos
De acordo com o MPMG, o abrigo “Sol Nascente” vem sendo investigado desde 2014, ap�s den�ncias de maus-tratos, e por abrigar, sem autoriza��o, pessoas com transtornos psiqui�tricos e sofrimento mental. Segundo o MPMG, os atos de viol�ncia eram praticados por propriet�rios do local.
Em 2018, a Justi�a determinou a interdi��o parcial do abrigo, e proibiu a institui��o de acolher pessoas com menos de 60 anos e pacientes psiqui�tricos. Por�m, segundo o Minist�rio P�blico, a institui��o n�o cumpriu as determina��es e somente afastou um funcion�rio que seria respons�vel por abusos. (Com informa��es de Daniel Vilela)