Casos de s�ndrome respirat�ria aguda grave disparam em Minas, sob press�o da COVID-19
Como apurou reportagem do Estado de Minas, aumento substancial das notifica��es da SRAG � observado em v�rias regi�es, da Grande BH ao Sul e Norte do estado
Fen�meno das s�ndromes respirat�rias gripais graves � t�pico da mudan�a de esta��es, mas, neste ano, coronav�rus deve justificar 70% das ocorr�ncias
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 10/8/20)
Terminologia t�pica do jarg�o da medicina, a s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) entrou para o vocabul�rio recente da popula��o brasileira, em meio � pandemia do novo coronav�rus. A express�o, que vem se popularizando, designa, de fato, um conjunto de sintomas, quando o paciente apresenta dispneia/desconforto respirat�rio; press�o persistente no t�rax e satura��o de oxig�nio inferior a 95% em ar ambiente, entre outros. Diversas doen�as respirat�rias podem evoluir para um quadro de s�ndrome aguda grave, como pneumonia, asma, e a pr�pria COVID-19.
Passados seis meses do in�cio da pandemia, a evolu��o das hospitaliza��es e mortes por SRAG em Minas Gerais assusta. O Estado de Minas apurou informa��es que mostram a explos�o de casos em diversas regi�es do estado, da Grande Belo Horizonte ao Centro-Oeste e ao Sul e Norte. Os registros de hospitaliza��o e mortes ocorrem em fontes diversas de informa��o, das secretarias municipais ao Sivep Gripe, plataforma do Sistema �nico de Sa�de (SUS).
Na regi�o Central de Minas, as interna��es provocadas pelas s�ndromes gripais graves cresceram 898,6% nesta semana, considerada a 36ª epidemiol�gica, que termina amanh�, segundo os dados do Sistema de Informa��o de Vigil�ncia da Gripe (Sivep Gripe), plataforma do SUS. Elas subiram a 23.249, ante 2.328 na 36ª semana epidemiol�gica de 2019.
Dram�tico � tamb�m o aumento dos n�meros de mortes por SRAG. Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, os �bitos tiveram eleva��o de 80%, ao alcan�ar 221 registros de 16 de mar�o a 1º deste m�s, frente a 121 verificados no mesmo per�odo do ano passado. BH lidera os �bitos, com 3.040% de eleva��o das notifica��es, de 5 registros em 2019 para 152 neste ano.
''Um aumento nesta curva (das s�ndromes gripais agudas graves) pode significar tamb�m um aumento no n�mero de casos de COVID. Por isso, devemos ficar atentos � flutua��o desses valores''
Carlos Starling, infectologista
O aumento das ocorr�ncias de SRAG � comum nesta �poca do ano e na transi��o das esta��es, mas, agora, trouxe um fen�meno inesperado do novo coronav�rus, que turbinou os registros. O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, afirma que para ter certeza de qual doen�a justifica os �bitos por SRAG � necess�rio fazer um inqu�rito de cada caso. “� uma s�ndrome que qualquer pessoa que est� com dificuldade respirat�ria, se n�o tem o diagn�stico definido, pode ser cadastrada com essa [denomina��o] mais gen�rica”, diz.
O infectologista Carlos Starling observa que, neste momento da pandemia, a maioria das SRAGs, cerca de 70%, � resultado de COVID-19. “Um aumento nesta curva (das s�ndromes gripais agudas graves) pode significar tamb�m um aumento no n�mero de casos de COVID. Por isso, devemos ficar atentos � flutua��o desses valores”, afirma.
O avan�o expressivo das s�ndromes respirat�rias agudas graves se propaga pelo interior, como a reportagem do EM verificou. No Centro-Oeste do estado, as interna��es explicadas por casos de SRAG aumentaram 1.620% em Divin�polis, polo da regi�o, entre janeiro e 28 de agosto, na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado. Elas passaram de 34 para 585, segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Sa�de (Semusa).
Montes Claros, no Norte de Minas, notificou desde janeiro 777 interna��es, frente a 87 em id�ntico per�odo do ano passado. A secret�ria de Sa�de do munic�pio, Dulce Pimenta, afirma que, com a pandemia do coronav�rus (COVID-19), houve o aumento das notifica��es das SARGs em 2020. Na Regi�o Sudeste do estado, h� notifica��es tamb�m impressionantes. Nessa por��o do estado, formada por 94 munic�pios, h� informa��es de que mais de 3.800 pessoas foram hospitalizadas neste ano, aumento de 17 vezes, com a concentra��o de registros nas cidades de Al�m Para�ba, Cataguases, Juiz de Fora e Leopoldina.
A aten��o a essas doen�as respirat�rias se deve ao fato de que, em muitos quadros cl�nicos, elas indiquem complica��es da doen�a respirat�ria. Com as subnotifica��es, especialistas alertavam para esse guarda-chuva gen�rico, as SRAGs, como uma esp�cie de esconderijo do diagn�stico de contamina��o pelo coronav�rus.
Notifica��es exigem aten��o redobrada
O aumento no n�mero de mortes pelas s�ndromes respirat�rias agudas foi observado em pelo menos 17 dos 33 munic�pios que integram a Associa��o dos Munic�pios da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel). Ao todo, houve 221 �bitos em BH e entorno, entre 16 de mar�o e 1º deste m�s, em compara��o aos 121 registros verificados no mesmo per�odo do ano passado.
Os dados do Sistema de Informa��o de Vigil�ncia da Gripe (Sivep Gripe), plataforma do Sistema �nico de Sa�de (SUS), ratificam esse aumento. Embora em per�odo diferente, o mesmo fen�meno ocorre na Regi�o Central do estado, na qual est�o inseridos a capital e os munic�pios da regi�o metropolitana. As hospitaliza��es associadas a essas s�ndromes gripais subiram 898,6% nesta semana, considerada a 36ª semana epidemiol�gica, que engloba dados de 30 de agosto a este s�bado. As interna��es evolu�ram de 2.328 para 23.249.
Os n�meros de mortes pela s�ndrome, que constam no Portal da Transpar�ncia a partir da base de dados dos cart�rios de registro civil do Brasil, s�o referentes ao per�odo de 16 de mar�o, quando foram registrados os primeiros casos da doen�a, a 1º de setembro. Ao todo, 33 munic�pios fazem parte da Granbel, mas n�o havia dados de 17 deles no Portal da Transpar�ncia.
Dos munic�pios que apresentaram eleva��o, a mais expressiva ocorreu em Belo Horizonte, onde os registros evolu�ram de 5 casos para 152, acr�scimo de 3.040% frente a 2019.
''� uma s�ndrome que qualquer pessoa que est� com dificuldade respirat�ria, se n�o tem o diagn�stico definido, pode ser cadastrada com essa [denomina��o] mais gen�rica''
Estev�o Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estev�o Urbano, afirma que s� um inqu�rito de cada caso pode dar a certeza de qual doen�a justifica os �bitos por SRAG. “� uma s�ndrome que qualquer pessoa que est� com dificuldade respirat�ria, se n�o tem o diagn�stico definido, pode ser cadastrada com essa [denomina��o] mais gen�rica. Qualquer doen�a, que puder chegar a uma insufici�ncia respirat�ria e n�o tivermos uma defini��o sobre se � COVID, pneumonia, acaba caindo no registro de s�ndrome respirat�ria aguda grave”, diz.
No entanto, o especialista pondera que a alta nos n�meros pode resultar de uma maior sensibilidade no processo de notifica��o nos servi�os de sa�de.
Estev�o Urbano destaca ainda que pode haver a subnotifica��o de alguma doen�a que � notificada como SRAG.
Possibilidades
De acordo com o infectologista Carlos Starling, SRAGs podem resultar da COVID-19, como tamb�m de outras doen�as respirat�rias, como a relativa ao H1N1, v�rus sincicial respirat�rio, metapneumov�rus. “� um grande conjunto de infec��es respirat�rias que, �s vezes, n�o � poss�vel fazer o diagn�stico de todas elas do ponto de vista virol�gico. Ent�o, entram neste contexto”, afirma. O especialista lembra que, neste momento da pandemia, a maioria das SRAGs, cerca de 70%, � COVID-19. “Um aumento nesta curva pode significar tamb�m um aumento no n�mero de casos de COVID. Por isso, devemos ficar atentos � flutua��o desses valores”, afirma.
Em nota, a Secretaria de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) informou que, neste ano, em fun��o da pandemia do novo coronav�rus, a rede de sa�de est� mais sens�vel para notificar os casos de s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG), o que justifica o aumento nos registros em 2020. “Importante destacar, ainda, que diversas doen�as respirat�rias podem evoluir com quadro de s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG), desde uma asma, bronquite, passando por uma pneumonia, tuberculose, intoxica��o ex�gena, edema agudo de pulm�o, c�ncer, outros v�rus respirat�rios.”
(foto: Arte EM)
Coronav�rus explica 44% em Divin�polis
As interna��es por s�ndrome respirat�ria aguda grave (SRAG) aumentaram 1.620% em Divin�polis, no Centro-Oeste de Minas Gerais, entre janeiro e 28 de agosto, na compara��o com o mesmo per�odo do ano passado. Elas passaram de 34 para 585, segundo dados divulgados pela Secretaria Municipal de Sa�de (Semusa). A estat�stica se refere pacientes residentes na cidade e nos demais munic�pios da Macrorregi�o Oeste do estado.
O balan�o inclui informa��es de toda a rede hospitalar de Divin�polis, composta pelas unidades Santa L�cia, Santa M�nica, S�o Jo�o de Deus, S�o Judas Tadeu e a unidade de pronto-atendimento (UPA).
O m�dico pneumologista Jander Castro destaca que o aumento das doen�as respirat�rias � comum nesta �poca do ano e tamb�m na transi��o das esta��es. Elas englobam a gripe H1N1, bronquite e a COVID-19. “O inverno, por ser um �poca muito fria, muito seca, quando o ar est� muito sujo, leva as pessoas a ficar mais aglomeradas em locais fechados. Isso facilita a propaga��o de v�rus e aumenta a incid�ncia”, explica. Entretanto, o crescimento exponencial tem outra explica��o: a COVID-19.
“� um v�rus que est� causando uma pandemia, e, al�m disso, todo mundo, os m�dicos, os enfermeiros, os pacientes, ficaram atentos a esse quadro. Ent�o, o que acontece? Qualquer quadro hoje que aparece com patologia respirat�ria, uma pneumonia, uma crise de bronquite, uma faringite, um resfriado mais forte, � classificado, inicialmente, como suspeito de uma SRAG, depois vai fazer exames e confirmar se o paciente a tem ou n�o”, explica Castro.
A Secretaria de Sa�de de Divin�polis associa o aumento das interna��es � COVID-19 e � amplia��o das notifica��es pela rede hospitalar. “Uma parcela da responsabilidade � a subnotifica��o que hoje foi reduzida porque estamos vivendo uma pandemia.” Dos 585 casos registrados desde o in�cio do ano, 44,2% s�o de pacientes diagnosticados com o novo coronav�rus (259). Uma notifica��o foi confirmada para influenza, duas para outro agente etiol�gico (parasita) e outros 309 n�o foram especificados. Quatorze ainda aguardam resultado laboratorial.
O que � o coronav�rus
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.