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Estado de Minas

Pela primeira vez, Candombe em homenagem a Nossa Senhora ser� fechado ao p�blico

Celebra��o com mais de 100 anos � realizada no Quilombo do A�ude, em Jaboticatubas


11/09/2020 07:37 - atualizado 11/09/2020 10:37

(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)

Com a tradi��o secular de manter a "casa aberta" para a festa de Nossa Senhora do Ros�rio, que acontece sempre no segundo s�bado de setembro, ao final da novena desta, que � a santa dos pretos, membros do Quilombo do A�ude, em Jaboticatubas, na Serra do Cip�, a 100 quil�metros de BH informam que, no ano da pandemia e, pela primeira vez em sua hist�ria, o Candombe ser� feito de portas fechadas e somente quem mora na comunidade poder� participar presencialmente. Os descendentes de escravos e guardi�es da tradi��o sincretista, por outro lado, apontam como um dos anos mais importantes para a propaga��o da f� e, mesmo n�o permitindo a entrada de pessoas, que anualmente v�m de todos os cantos do Brasil e de outros pa�ses tamb�m, garantem que v�o rezar em nome de todos, inclusive de quem ainda n�o conhece o Candombe.

Em maio, a reportagem do Estado de Minas esteve no quilombo e constatou uma comunidade cuidadosa com o momento.  Na ocasi�o, a matriarca Maria das Merc�s dos Santos, Dona Merc�s, e outras lideran�as adotaram, com sabedoria, as medidas preconizadas pela ci�ncia para proteger as 128 pessoas que vivem l�. Todos t�m se mantido em casa, usam m�scaras e n�o deixam de aplicar o �lcool em gel nas m�os. O local � uma das comunidades mais tradicionais de Minas, de onde vem a origem do congado. "Estamos pensando na prote��o e na sa�de de todos que viriam e, com certeza, vamos rezar por todas as pessoas que s�o fi�is ao candombe e que sempre participam de festa”, explica Florisbela Santos, moradora do A�ude e candombeira de ber�o.

Uma das preocupa��es da comunidade com a aglomera��o no dia que seria a festa, se deve ao fato da Serra do Cip� estar no processo de reabertura do turismo, principal atividade local, por�m, o A�ude continua fechado. "Pedimos encarecidamente que n�o venham ao local para n�o termos que impedir o acesso de ningu�m, n�o precisa disso", atenta Florisbela, que ainda completa: "Estamos nos protegendo e, embora a Serra do Cip� esteja reabrindo, a comunidade continua fechada. Estamos em celebra��o da novena de Nossa Senhora, mas este ano ser� uma coisa �ntimas, s� para fam�lia que j� convive. Estamos ainda tentando entender o momento, pois nunca houve uma situa��o dessa de n�o abrir ao p�blico", pasma.

(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


A esperan�a � de que no ano que vem, a festa possa voltar ao seu formato original, com o acesso de qualquer pessoa que quiser chegar. "Para todas a pessoas que ainda n�o conhecem e que vinham planejando vir, podem firmar o pensamento, pois ser� um momento de muita f� e, no ano que vem, se deus quiser, a festan�a vai ser maravilhosa e todos poder�o vir se abra�ar e cantar ao som dos tambus. � esta a energia e a alegria que o Candombe tr�s para todo o mundo.

O ritual


O candombe surgiu nos �ltimos anos da escravid�o, quando as pessoas j� haviam assimilado v�rios aspectos da cultura colonial e incorporado elementos da religi�o cat�lica. Se antes foi reprimido pelos senhores, hoje o candombe � motivo de orgulho para as fam�lias e uma manifesta��o de f� e esperan�a. As ora��es, tantas vezes repetidas, s�o formas de agradecer a Nossa Senhora do Ros�rio, m�e do candombe, por todas as b�n��os concedidas � comunidade. E os batuques dos tambus, por sua vez, transmitem a f� e a alegria do povo. No ritual sagrado n�o faltam can��es com versos em portugu�s e muita cacha�a, para descontra��o de quem vai prestigiar a festa.

(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


� a manifesta��o mais primitiva do Congado e tem uma reza em forma de canto em grandes rodas que se formam durante a noite para que todos possam participar do louvor. A devo��o a tradi��o do Candombe � algo que comp�e as formas de viver do Quilombo do A�ude. Desde cedo, meninos e meninas aprendem os cantos, dan�as e rezas em homenagem � Nossa Senhora do Ros�rio.
  
"Ah eu vi, eu vi, eu vi. Ah, eu vi, eu vi, eu vi, o Menino de Jesus Tilel� tilel� eu vi". "N�s viemos, viemos, viemos, Oi viemos do lado de l�. P�e um la�o de fita amarela na ponta da palha eu n�o tirar, na ponta da palha eu n�o posso tirar...". "O senhor me d� licen�a, de eu cantar nesta baixada...". "T� caindo ful�". Os cantos s�o entoados ao som dos tambus, instrumentos seculares.  Todos, homens e mulheres, crian�as e adultos, seguem a bandeira de Nossa Senhora do Ros�rio. O caminho recebe flores de papel e � iluminado por velas.


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