Dia da Visibilidade Bissexual: veja relatos de jovens mineiros

“A comunidade bissexual cresceu na for�a, mas de muitos modos somos ainda invis�veis”, disse Gigi Raven Wilbur, ativista e escritora em 1999, quando se estabeleceu o Dia da Visibilidade Bisexual. Depois de 21 anos, o dia comemorado nesta quarta-feira (23), ainda continua sendo alvo de diversos preconceitos. Isso porque a classe sofre tamb�m com estere�tipos dentro da pr�pria comunidade LGBTQIA+. Para celebrar a data e comemorar a bisexualidade sem nenhum tipo de preconceito, diversos jovens mineiros relatam como � ser “bi” na modernidade. 

"O dia serve para mostrar que o bissexual n�o tem que provar sua sexualidade para ningu�m. � uma sexualidade v�lida, apesar de que muitas pessoas duvidam que exista”, explicou o Alan Liro, de 21 anos.

De acordo com um estudo feito pela American Institute of Bisexuality, as pessoas que se identificam como heterossexuais t�m mais atitudes negativas sobre bissexuais (especialmente homens bissexuais) do que t�m quanto a gays e l�sbicas. Isso acontece porque muita gente enxerga a bissexualidade como uma orienta��o conveniente e inventada, usada por homens em nega��o quanto a sua homossexualidade e por mulheres que s� querem experimentar.

Caracterizada pela capacidade de atra��o, seja sexual ou rom�ntica, por mais de um sexo, n�o necessariamente ao mesmo tempo, da mesma maneira ou na mesma frequ�ncia, a bissexualidade tem como sua maior carcat�ristica a liberdade. 

"Esse dia � muito importante tendo em vista a falta de inclus�o dos bissexuais dentro do movimento LGBTQIA+. Al�m disso, existem v�rias formas de bi-fobia no mundo inteiro. Por mais que hoje seja o dia da visibilidade Bi, n�o � um dia que muitas pessoas falam sobre isso. � como se fosse, para a comunidade gay e l�sbica, algo que n�o tenha for�a”, afirma Nathalia Aimorim, 22 anos.

Segundo pesquisadores da Northwestern University, foi encontrado diversas evid�ncias cient�ficas de que alguns homens que se identificam como bissexuais s�o, de fato, sexualmente excitados por homens e mulheres. No estudo, publicado em 2005, existe a comprova��o que "em rela��o � excita��o sexual e atra��o er�tica, a bissexualidade masculina existe e pode ser comprovada."

“Eu vejo a luta da nossa comunidade na sociedade hoje em dia como uma luta melhor. Desde que eu me assumi, h� 6 anos, muita coisa mudou. Eu era jovem, estava na escola, cheguei a perder amigos e sofrer preconceito. Hoje, eu sinto que, apesar de tudo, as pessoas t�m uma cabe�a mais aberta, at� nossos familiares. Existe um debate e uma oportunidade”, diz Gabrielle Aires, 21 anos.

 

"N�s, bissexuais, temos que ser lembrados tanto dentro da comunidade da LGBTQI+ quanto fora. Por isso as pessoas levam pro lado de: ou voc� � bi ou voc� � h�tero. N�s n�o temos que ser 50% e 50%, a sexualidade � um espectro. Nossa sexualidade n�o � uma porcentagem ", comenta Gabriel Costa de 21 anos.

 

Outra quest�o levantada pela comunidade � a percep��o preconceituosa de que pessoas bisexuais t�m maior desejo sexual. Segundo um artigo publicado em 2007 na revista cient�fica Archives of Sexual Behaviour, essa afirma��o n�o � verdadeira. A pesquisa revelou que numa amostra de cerca de 200.000 participantes, que se auto identificaram como bissexuais, o desejo sexual era muito semelhante a outras orienta��es sexuais.

"� uma data em que a gente tem que colocar em quest�o pautas que deveriam ser tratadas no dia a dia como a hiper-sexualiza��o das mulheres bissexuais. Muitas vezes, as pessoas n�o as reconhecem. Falam que � por divers�o ou s�o indecisos. Acho que datas assim s�o importantes para a gente lembrar dessa luta e falar sobre esses assuntos", relata Nath�lia Farnetti, 20 anos. 

"O bi � sempre visto como o indeciso. � o parceiro de menaje do casal, o desejo de um casal. � muito sexualizado. Quando voc� tem uma visibilidade, voc� � reconhecido no meio social. Nesse dia, apesar do preconceito, a gente recebe muito apoio”, tamb�m explica Henrique de Paiva, 23 anos.

Questionados pela reportagem, os entrevistados reponderam quais falas eles mais escutam ao revelarem ser bissexuais. 

Veja algumas:

Em 1999, tr�s ativistas americanos bissexuais, Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur, decidiram criar uma data para comunidade em resposta aos ataques preconceituosos dentro da pr�pria comunidade LGBTQIA+. A ideia era criar um dia para que pessoas bissexuais debatessem a import�ncia da visibilidade da classe. O dia foi escolhido por ser data da morte do psicanalista Sigmund Freud, o primeiro a tratar a quest�o da bissexualidade.