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Estado de Minas TRAG�DIA

Trag�dia em Brumadinho: ribeirinhos e produtores ainda lutam por �gua pot�vel

Fornecimento de �gua depende de caminh�es pipa em 16 comunidades. Trag�dia completou 1 ano 8 meses com 11 desaparecidos


26/09/2020 15:20

(foto: 22/01/2020 - Douglas Magno/AFP)
(foto: 22/01/2020 - Douglas Magno/AFP)


Quem vive nas margens do Rio Paraopeba ainda enfrenta dificuldades para tocar a vida devido aos efeitos do rompimento da barragem da mina C�rrego do Feij�o, da mineradora Vale, trag�dia que completou 20 meses nesta semana.

O fornecimento de �gua depende de caminh�es pipa em 16 comunidades situadas em Brumadinho (MG) e em cidades vizinhas. Isso porque a capta��o direta no trecho do rio mais polu�do pelos rejeitos de minera��o continua proibida pelo Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam), �rg�o vinculado ao governo de Minas Gerais.

Ao mesmo tempo em que ribeirinhos e produtores rurais tentam retomar suas produ��es, agricultores de �reas que n�o foram afetadas pela lama e que utilizam �gua de outros mananciais ainda enfrentam o receio em rela��o a contamina��o de seus produtos.

A �rea atingida n�o representa sequer 0,01% do territ�rio de Brumadinho. Em meio a uma variedade de situa��es e diversas reivindica��es, a Vale responde anunciando programas de repara��o e de compensa��o dos danos: o mais recente promete fomentar toda a cadeia produ��o e comercializa��o da agricultura familiar.

Meu pai n�o est� fazendo mais irriga��o. Est� contando com �gua da chuva e n�o planta nem 10% do que plantava

lamenta a auxiliar administrativa e estudante Nayane Fran�a, filha do agricultor Eust�quio Gomes Pereira



Ap�s o rompimento da barragem ocorrido na mina C�rrego do Feij�o em 25 de janeiro do ano passado, uma onda de 11,7 milh�es de metros c�bicos de rejeitos destruiu comunidades e retirou a vida de 270 pessoas. Boa parte desse volume alcan�ou a calha do Rio Paraopeba, que margeia a propriedade de Eust�quio.

O terreno n�o chegou a ser invadido pela lama, mas o agricultor perdeu mudas que havia encomendado e pago, porque a estufa do fornecedor foi destru�da. Sem poder captar �gua do rio, tamb�m n�o conseguiu manter o vigor da produ��o de mexerica, jil� e piment�o, entre outras culturas agr�colas.

Mesmo nas comunidades onde vem ocorrendo fornecimento por meio de caminh�es pipa, a irregularidade incomoda. H� queixas relacionadas � perda de autonomia, uma vez que o trabalho se d� em fun��o da periodicidade de abastecimento.

Na comunidade da Reta do Jacar�, em M�rio Campos, produtores chegaram a protestar alegando uma recente redu��o no volume do fornecimento, o que estaria amea�ando a planta��o. Como alternativa, alguns atingidos tentaram furar po�os artesianos. A capta��o subterr�nea � autorizada pelos �rg�os ambientais para quem est� a mais de 100 metros da margem do rio. Mas nem sempre essas tentativas s�o bem sucedidas.

O fornecimento de �gua tem sido feito pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), empresa estatal respons�vel pelo abastecimento da maioria das cidades mineiras. Segundo a estatal, entre janeiro de 2019 e julho de 2020, foram distribu�dos mais de 800 milh�es de litros de �gua pot�vel �s 16 comunidades. Este volume, captado em tr�s esta��es de tratamento situadas nos munic�pios de Juatuba, Pomp�u e Curvelo, � transportado diariamente por meio de 50 caminh�es pipas.

Entre as medidas que a Vale vem adotando para melhorar a qualidade da �gua, est� a instala��o de duas novas esta��es de tratamento de �gua. De acordo com a mineradora, as obras j� foram conclu�das e permitiram, at� o julho de 2020, a devolu��o ao Rio Paraopeba de 15 bilh�es de litros de �gua limpa.

Tamb�m est� sendo conclu�da a instala��o de 250 filtros de alta performance para tratar a �gua de po�os subterr�neos que atendem a 10 mil pessoas que vivem nas comunidades ribeirinhas. Exclusivamente para 70 produtores rurais que tiveram impacto na sua produ��o, a Vale se comprometeu a construir 120 po�os exclusivos at� o fim do ano. 

O mais novo programa se volta para a agricultura familiar nos munic�pios de Brumadinho e M�rio Campos. Espera-se que sejam atendidas, em uma primeira fase, 50% das 583 propriedades dos dois munic�pios que foram mapeadas no �ltimo senso agropecu�rio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A ades�o, no entanto, � volunt�ria.

A Vale acredita na receptividade, pois afirma que a proposta leva em conta di�logos com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de M�rio Campos, a Associa��o dos Produtores Rurais de Brumadinho (Asprub) e o Assentamento das Pastorinhas. Tamb�m foram ouvidas as secretarias de agricultura dos dois munic�pios e a Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater-MG), estatal do governo mineiro.

"� um programa que ainda est� bem no in�cio. Temos participado das reuni�es. Est� tendo espa�o de conversa para colocarmos as necessidades reais", pondera Elisa Milanez, produtora do Assentamento das Pastorinhas, que re�ne 20 fam�lias de Brumadinho que plantam verduras e legumes.

Poder�o ser beneficiadas tanto propriedades que est�o na �rea diretamente afetada, como aquelas que est�o distantes da mina C�rrego do Feij�o. Um dos destaques de Brumadinho hoje � a produ��o de mexerica. J� M�rio Campos, tem uma produ��o consider�vel de verduras.

Os participantes contar�o, ao longo de tr�s anos, com uma consultoria direta de agr�nomos, veterin�rios, engenheiros e outros profissionais. E receber�o aux�lio para melhoria do processo de produ��o e cumprimento de regras, por exemplo, em rela��o ao controle dos n�veis permitidos de agrot�xicos.

"A redu��o do uso de defensivos agr�colas ser� inclusive uma meta, o que pode agregar valor aos produtos", diz Luiz Augusto Bronzatto, analista da ger�ncia de fomento econ�mico da Vale.

O programa tamb�m se preocupar� com a cadeia de comercializa��o, atrav�s da cria��o de marcas, r�tulos, c�digos de barra e embalagens para melhor acondicionamento. Prev� ainda est�mulo para a organiza��o de cooperativas, disponibiliza��o de material de divulga��o e apoio para participa��o em eventos gastron�micos.

Rastreabilidade
Todos os objetivos do programa estar�o interligados na aplica��o da rastreabilidade da produ��o agr�cola das propriedades, que � uma exig�ncia legal da Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) desde 2018. Ela possibilita, atrav�s de um QR Code, identificar a origem do alimento e acompanhar a sua movimenta��o.

A mineradora acredita que a mudan�a beneficia os agricultores, pois trar� mais confian�a em rela��o ao produto.

"N�o adianta a Vale fazer milh�es de an�lises do solo e publicar que as pessoas n�o v�o acreditar. Existe uma quest�o de credibilidade dos dados gerados sobre contamina��o que dificulta a desmistifica��o em torno da contamina��o. A rastreabilidade traz mais seguran�a porque permite checar a qualidade daquele produto especificamente", avalia Fl�via Soares, gerente de fomento econ�mico da Vale.

As prefeituras das cidades atingidas t�m reivindicado, nas negocia��es em torno das indeniza��es, apoio da mineradora e do estado para diminuir a depend�ncia da minera��o.

Qualidade da �gua
A qualidade da �gua do Rio Paraopeba vem sendo monitorada pelo Instituo de Min�rio e Gest�o das �guas (Igam). Desde a trag�dia, boletins do �rg�o ambiental revelaram que n�veis de chumbo e merc�rio, por exemplo, se elevaram embora n�o fizessem parte da composi��o do rejeito.

"O merc�rio total, que n�o tinha sido detectado historicamente na bacia do Rio Paraopeba, passou a ser identificado em valores tamb�m acima do permitido pela legisla��o logo ap�s o rompimento da barragem. A presen�a desses contaminantes est� associada ao arraste de materiais que se misturaram � lama durante a passagem da frente de rejeito", apontou relat�rio do Igam.

Para intensificar a��es vinculadas � constata��o, repara��o ou compensa��o dos danos, o Igam e outros �rg�os ambientais do governo mineiro costuraram um acordo com a Vale para contrata��o tempor�ria de 40 profissionais. Paralelamente, a mineradora d� andamento ao programa Marco Zero anunciado no in�cio do ano, que prev� a reconstitui��o das condi��es originais do Ribeir�o Ferro-Carv�o e a revegeta��o com plantas nativas da regi�o das matas ciliares, al�m da recupera��o do Rio Paraopeba.


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