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Estado de Minas

Depois da trag�dia de Brumadinho, casal consegue superar a COVID-19

Foram 40 dias esperando o encontro do corpo do filho morto na trag�dia, e depois veio a contamina��o pelo novo coronav�rus


21/09/2020 06:00 - atualizado 21/09/2020 07:38

Dorvelino e Conceição e outro filho ficaram doentes. Ela chegou a passar 10 dias internada por causa do novo coronavírus, inclusive dois num centro de tratamento intensivo(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Dorvelino e Concei��o e outro filho ficaram doentes. Ela chegou a passar 10 dias internada por causa do novo coronav�rus, inclusive dois num centro de tratamento intensivo (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)


Brumadinho – A impot�ncia diante dos 40 dias sem not�cias do paradeiro do filho que trabalhava na Mina C�rrego do Feij�o, da Vale, em Brumadinho, � um gosto que Concei��o Maria da Silva, de 69 anos, e o marido dela, Dorvelino Joaquim da Silva, de 75, nunca se esquecer�o. E que juraram n�o permitir jamais. O corpo dele foi encontrado e puderam enterr�-lo. Um pesadelo que teve resposta, funeral e luto. Parecia o fim. A vida prosseguiria. At� vir a pandemia do novo coronav�rus (Sars-Cov-2) e o filho do meio adoecer. “Me disseram que era para ele ficar isolado da gente. Para a gente n�o pegar (COVID-19). Eu n�o ia deixar mais um filho meu sozinho. Isso nunca mais vai acontecer. Nem que eu pegasse a doen�a. Fiquei do lado dele e adoeci do lado dele, por ele”, conta a mulher, que, por causa de complica��es, passou 10 dias internada no hospital Mater Dei, em BH, sendo dois dias no centro de tratamento intensivo (CTI).

Na edi��o de ontem, o Estado de Minas mostrou que os atingidos pela Barragem do Fund�o, operada pela Samarco, em Mariana, apresentavam 29% mais casos positivos de COVID-19 do que a m�dia estadual. Em Brumadinho, esse �ndice salta para 107%. Contudo, as mortes s�o menos da metade, com 2,4% de letalidade em Minas e 1,1% em Brumadinho, o que evidencia, segundo a prefeitura, que o n�mero de testes foi grande. Na �ltima sexta-feira, eram contabilizadas 11 mortes e 1.007 diagn�sticos positivos do novo coronav�rus na cidade da Grande BH.

Concei��o Maria e Dorvelino Joaquim s�o os �nicos moradores da comunidade de C�rrego do Feij�o atingidos pelo rompimento da Barragem B1, da Vale, em 25 de janeiro de 2019, que tamb�m lutaram a batalha pela vida contra a pandemia, segundo registros do posto de sa�de local. A vida deles passa lenta, na tranquila rotina da fazenda onde vivem, afastada do vilarejo e a oito quil�metros do Centro de Brumadinho. No dia que confirmaram a doen�a, antes de irem para o m�dico, Dorvelino Joaquim tirou leite de todas as vacas no curral e Concei��o Maria lavou as roupas da fam�lia inteira.

Ela precisou ser internada, pois os sintomas eram mais graves. “Estava com muita fraqueza e dor no corpo. N�o aguentava comer e ent�o perigava de ficar mais fraca. Por isso, passei dois dias no CTI. Mas Deus foi muito bom com a gente. Voc� veja: tem gente que peleja com essa doen�a e que n�o d� conta”, afirma. J� o marido teve sintomas mais leves e, por isso, conta que n�o deixou de trabalhar na fazenda por um s� dia. “Tinha muita dor no corpo e uma quentura que subia dos p�s e que n�o passava por nada. Mas s� isso n�o me tirou do trabalho para fazer, porque o trabalho � muito aqui”, disse.

"Eu n�o ia deixar mais um filho meu sozinho. Isso nunca mais vai acontecer. Nem que eu pegasse a doen�a. Fiquei do lado dele e adoeci do lado dele, por ele"

Concei��o Maria da Silva, de 69 anos moradora de Brumadinho



Os dois contam que se apegaram muito a Deus em ora��es para superar a COVID-19 e voltar para casa e sua rotina na fazenda. A mesma f� precisou ser evocada quando estavam atormentados pelo desaparecimento do corpo do filho ap�s o rompimento da Barragem B1, da Mina C�rrego do Feij�o. “Aquilo a gente ficava desorientado. Com aquele tanto de gente no centro comunit�rio querendo not�cias dos filhos, da mulher, do marido”, lembra Concei��o.

O filho Gilmar trabalhava de encarregado em uma prestadora de servi�os da Vale e n�o se tinha qualquer pista de sua localiza��o ap�s o rompimento. “Foi ent�o que fizemos uma promessa para o divino pai eterno e no outro dia acharam o corpo do meu filho. Primeiro acharam a caminhonete onde ele estava e depois ele, a uns seis quil�metros da mina. Um amigo dele viu que era ele, que estava inteirinho, de crach� no peito e com os documentos na carteira. Esse amigo disse para todo mundo. Esse � meu amigo. Vou levar a not�cia eu mesmo para os pais dele. E assim ele veio aqui”, se recorda Dorvelino.

"Tinha muita dor no corpo e uma quentura que subia dos p�s e que n�o passava por nada. Mas s� isso n�o me tirou do trabalho para fazer, porque o trabalho � muito aqui"

Dorvelino Joaquim da Silva, de 75 anos, morador de Brumadinho



Concei��o diz que por pouco n�o foi v�tima da barragem. “Estava em Brumadinho resolvendo as coisas que a gente tem de resolver na cidade, no m�dico e no banco. O �nibus atrasou, sen�o ia passar pela estrada na hora que desceu a lama. Mas ia ser o normal, porque os filhos � que enterram os pais e n�o os pais que enterram os filhos”, desabafou. A dor deles continua, ap�s a trag�dia com o filho e superada a doen�a. Isso porque debaixo dos rejeitos ainda est�o 11 pessoas desaparecidas e procuradas pelos bombeiros. Entre elas, dois muito queridos. “Minha prima Lenilda e a minha comadre Angelita ainda est�o ali, debaixo daquela lama toda, sendo procuradas. Deus ajude que os bombeiros n�o parem at� achar o �ltimo deles”, deseja Concei��o.

Hospital de campanha com 20 leitos


A Prefeitura de Brumadinho informou que, com as obras de repara��o da Vale e a chegada de trabalhadores terceirizados, a circula��o do v�rus na cidade foi ampliada. O munic�pio conta com 20 leitos com suporte de ventila��o em um hospital de campanha que custou R$ 8 milh�es. Um servi�o de atendimento domiciliar tamb�m ajudou quem estava em isolamento. No in�cio da pandemia foi criado o Centro de Opera��es Especiais da prefeitura, que instalou os protocolos de atividades para impedir a dissemina��o do v�rus.

� frente dos trabalhos de repara��o pelo rompimento da Barragem B1, em Brumadinho, a mineradora Vale informa que vem oferecendo suporte t�cnico � Rede Municipal de Aten��o B�sica � Sa�de de Brumadinho por meio do Programa Ciclo Sa�de, com a entrega de equipamentos, capacita��o de servidores e apoio � gest�o local. Unidades B�sicas de Sa�de (UBS) de M�rio Campos e Sarzedo tamb�m receberam equipamentos para refor�ar o atendimento m�dico e odontol�gico.

“A Vale reconhece a responsabilidade em reparar de forma abrangente, justa e r�pida os danos causados �s fam�lias, � infraestrutura das comunidades e ao meio ambiente de Brumadinho e regi�o. Desde o rompimento da Barragem I, tem realizado diversas a��es para mitigar, reparar e ressignificar as vidas das pessoas e as comunidades impactadas”, informa a assessoria de imprensa da empresa.

Mariana

Na reportagem na edi��o de ontem sobre a trag�dia em Mariana, o Estado de Minas informou que at� hoje a maioria dos atingidos pelo rompimento da barragem n�o foi indenizada e vive de aluguel. A Funda��o Renova afirmou o seguinte a respeito: “A Funda��o Renova obteve autoriza��o para iniciar os atendimentos de indeniza��o em Mariana em outubro de 2018 e, at� 31 de julho de 2020, 1.323 fam�lias estavam cadastradas. No munic�pio, o pagamento de indeniza��es passou por um processo diferente do restante da regi�o impactada, por fatores que incluem o ajuizamento de a��o civil p�blica pelo Minist�rio P�blico e decis�es dos pr�prios atingidos, que escolheram que o cadastro fosse realizado pela Assessoria T�cnica C�ritas. Cerca de R$ 153,4 milh�es foram pagos em indeniza��es em Mariana.”

O que � o coronav�rus


Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
V�deo: Por que voc� n�o deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 � transmitida? 

A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

V�deo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronav�rus?


Como se prevenir?

A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
V�deo: Flexibiliza��o do isolamento n�o � 'liberou geral'; saiba por qu�

Quais os sintomas do coronav�rus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas g�stricos
  • Diarreia

Em casos graves, as v�timas apresentam:

  • Pneumonia
  • S�ndrome respirat�ria aguda severa
  • Insufici�ncia renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avan�am na identifica��o do comportamento do v�rus. 

V�deo explica por que voc� deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o v�rus

Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o v�rus Sars-CoV-2 ï¿½ transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.

Coronav�rus e atividades ao ar livre: v�deo mostra o que diz a ci�ncia

Para saber mais sobre o coronav�rus, leia tamb�m:

 



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