
Na publica��o, Gabriela narra como foram as aproxima��es do funcion�rio. Ela conta que o primeiro contato com o homem foi no setor de p�es, quando ele se aproximou de forma invasiva, dando ind�cios de que estava organizando uma prateleira. Em seguida, ela afirma que desviou do suspeito, pegou um produto e foi em dire��o a outra g�ndola. J� na sess�o de enlatados, o funcion�rio continuou a acompanh�-la, aproximou-se novamente, parando ao seu lado, indicando que estava arrumando mais alguns produtos. Ela afirma que a todo tempo o homem se inclinava em sua dire��o. Ela narra como em determinado momento a situa��o ficou insustent�vel e a deixou constrangida e assustada.
“Novamente, mudei de setor, mas a persegui��o continuou e sua presen�a tornou-se intimidadora e este foi at� o final do supermercado, na sess�o de frios, atr�s de mim. Me seguindo a cada passo, tocando os produtos que eu avaliava e n�o levava. Na sess�o de frutas a sua presen�a se tornou insuport�vel e amedrontadora”, diz trecho do relato.
A estudante estava acompanhada do namorado, que ficou em um setor espec�fico do supermercado enquanto ela fazia as compras. Ap�s as investidas, a jovem relata que foi at� o companheiro e contou a ele o que havia ocorrido e, juntos, eles procuraram a ajuda de funcion�rios do local, que em um primeiro momento se mostraram prestativos em receber sua queixa e orientaram que Gabriela escrevesse uma carta de pr�prio punho, colocando suas informa��es pessoais e contando o que tinha acontecido. Inclusive, segundo ela, um dos funcion�rios deu a entender que n�o era a primeira vez que algo assim acontecia. No entanto, ela afirma que a situa��o mudou quando decidiu chamar a pol�cia e fazer um boletim de ocorr�ncia.
“A partir deste momento, sofri uma das maiores invalida��es da minha vida, e acredito que a maior humilha��o que j� senti: a da descredibilidade. A partir deste momento, fui considerada quase como uma louca diante das autoridades policiais pelos mesmos funcion�rios que antes estavam me apoiando. Ningu�m mais viu nada, s� eu”, relatou no Instagram. Veja a postagem na �ntegra:
Em conversa com a reportagem do jornal Estado de Minas, a estudante afirmou que a mudan�a de comportamento dos funcion�rios perante a chegada da PM a surpreendeu. “A partir do momento que era uma situa��o pequena e interna o apoio estava l�, quando eu decidi levar para frente e dei a devida relev�ncia, quando eu acionei a pol�cia, tudo mudou. Me colocaram como louca como se eu estivesse inventando. Quando eu demonstrei que a minha dignidade era importante, eles come�aram a me descredibilizar”, disse.
Ela afirma que para a pol�cia, os funcion�rios n�o confirmaram que o homem trabalhava no a�ougue do supermercado e mudaram por v�rias vezes as vers�es do fato. Eles foram questionados pela PM quanto as imagens do circuito de seguran�a e “falaram que o sistema estava estragado e que nada foi filmado”, relembra.
Para ela o relato nas redes sociais veio como a oportunidade de encorajar outras mulheres que possam vir a sofrer algum tipo de ass�dio. “Eu queria que as mulheres tivessem mais voz. Ele fazia quest�o de ficar nas mesmas g�ndolas. Era um supermercado grande, ele andou comigo muito tempo. A partir do momento que uma mulher sente medo isso n�o pode ser considerado normal”, finalizou.
A ocorr�ncia
Consta no registro da ocorr�ncia que dois militares compareceram ao hipermercado e se depararam com a jovem que aparentava estar chorosa e constrangida. Tamb�m de acordo com o boletim, Gabriela chegou a apontar quem era o indiv�duo para uma funcion�ria do caixa momento em que ele se abaixou tentando se esconder.
Gabriela relatou aos policiais que durante o atendimento no SAC o indiv�duo insistia em observ�-la e que mesmo fora do estabelecimento e na presen�a do namorado ele a seguiu at� a sa�da.
O companheiro da mulher confirmou a vers�o dela aos policiais e disse que presenciou parte dos fatos e que viu o homem tentando observ�-la de canto e, que ao contactar o gerente, foi informado que se tratava de um funcion�rio do a�ougue. O gerente no entanto n�o quis informar a identidade do funcion�rio.
J� o chefe de portaria do estabelecimento n�o manifestou interesse em falar com as autoridades policiais alegando que n�o presenciou os fatos. Disse ainda que n�o sabia informar o nome da pessoa, nem confirmar se ele era funcion�rio da rede.
J� o fiscal da loja afirmou � pol�cia que o funcion�rio n�o estava mais no local, porque j� havia encerrado o expediente e que n�o pediu para que ele aguardasse porque a cliente havia sa�do da loja ap�s formalizar a reclama��o no SAC.
Tamb�m consta no boletim que os funcion�rios afirmaram que as c�meras da loja estavam inoperantes, j� que o sistema estava passando por uma manuten��o. Os militares ent�o orientaram para que o quadro de funcion�rios do hipermercado fosse mantido atualizado, bem como o nome dos que estavam de servi�o no dia para uma averigua��o futura.
Resposta do hipermercado
Em nota, o Extra afirmou que “tomou conhecimento do relato na noite dessa segunda-feira (28) e imediatamente abriu um processo interno de apura��o que consiste em levantar mais informa��es da unidade em quest�o e contatar a cliente, o que foi realizada na manh� desta ter�a-feira (29). Al�m do pedido de desculpas pela experi�ncia relatada, a rede coletou mais detalhes para a investiga��o, garantindo a apura��o com rigor. At� que o Extra conclua a apura��o interna, o colaborador citado pela cliente est� afastado. A rede contribuir� ainda com as investiga��es das autoridades competentes".
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.