
As informa��es, da bi�loga, pesquisadora do herb�rio do Jardim Bot�nico do Rio de Janeiro e estudiosa do parque desde 1992, Rafaela Campostrini Forzza, d�o a dimens�o de como o fogo na mata do parque � um acidente, em princ�pio, irrepar�vel. Segundo ela, 70% da �rea, cerca de 1.400 hectares, s�o campos rupestres, vegeta��o t�pica do cerrado e da caatinga.
Por�m, salpicados entre esses campos, no meio da unidade, associam-se pequenas matas, manchas de Mata Atl�ntica. “Dentro do parque, essas florestas s�o chamadas nebulares, porque adquirem caracter�sticas espec�ficas, poss�veis apenas ali, devido ao relevo, � umidade relativa do ar, altitude e ao clima”, explica.
Nas matas nebulares de Ibitipoca, nascem ep�fitas – plantas que crescem umas sobre as outras – brom�lias, samambaias, orqu�deas, cactos; �nicos. “N�o estamos falando apenas da unicidade em termos de beleza c�nica, indiscut�vel, mas da biodiversidade. Por haver a floresta estacional, que tamb�m s�o resqu�cios de Mata Atl�ntica, no entorno do parque e, no miolo, esses campos com as matas nebulares, temos uma condi��o muito especial”, esclarece Forzza.
O bi�logo Marco Aur�lio Fontes, professor do Departamento de Ci�ncias Florestais da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e tamb�m estudioso da �rea, acrescenta a especialidade de a regi�o ser considerada como a mais importante do Hemisf�rio Sul para o estudo de l�quens. “Isso sem falar na fauna, nos sapos, pererecas, aves; enfim, � um ecossistema riqu�ssimo e muito sens�vel. A situa��o � dram�tica”, lamenta.
Ele chama aten��o para a dificuldade de a vegeta��o do parque recuperar-se, pois, anualmente, s�o registrados inc�ndios de grandes propor��es. “A conta n�o fecha. � dific�limo fazer a reintrodu��o de plantas em campos rupestres, cultiv�-las para replant�-las e qualquer outra muda, mesmo que da regi�o, seria ex�tica para o parque. No entanto, a vegeta��o n�o consegue ter tempo para se recuperar”, frisa.
Para Fontes, mesmo com os inconvenientes causados pelo inc�ndio, o parque n�o deveria permanecer fechado. Assim, os �rg�os ambientais e administra��o do parque teriam a chance de mostrar aos turistas e visitantes, por meio das equipes de educa��o ambiental, os danos e as consequ�ncias para a natureza de comportamentos que, muitas vezes, podem ser evitados.
Conforme o Major Leonardo Nunes, subcomandante do 4º Batalh�o dos Bombeiros de Juiz de Fora e coordenador da opera��o de combate ao inc�ndio, no in�cio da noite de ter�a-feira (29), todos os focos dentro do parque haviam sido debelados. Por�m, uma �rea maior, vizinha � unidade de conserva��o, ainda queimava e inspirava cuidados. “Esse ponto pode evoluir e voltar com o fogo para o parque, por isso, vamos nos manter vigilantes. Al�m desse ponto, h� outros menores, pequenos, mas esperamos extinguir todo o inc�ndio at� a quarta-feira, pela manh�”, afirma.