Combate ao inc�ndio na Serra do Cip� chega ao quinto dia
Tempo seco e altas temperaturas, que continuam hoje, dificultam combate �s chamas. Casas est�o em risco. Volunt�rios arrecadam mantimentos para ajudar brigadistas
Fuma�a � vista de �rea residencial na serra, onde chamas amea�avam casas ontem: combate exigiu empenho tamb�m de volunt�rios (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Chega hoje ao quinto dia um dos maiores inc�ndios da hist�ria no Parque Nacional da Serra do Cip� e nas �reas lim�trofes, na Regi�o Central do estado. E o tempo � de muita apreens�o na regi�o: moradores relatam medo de que o fogo avance para casas, enquanto o Corpo de Bombeiros atua dia e noite para conter as chamas. Em solidariedade, um grupo de volunt�rios de Belo Horizonte forma rede de apoio para recolher mantimentos para brigadistas que est�o atuando continuamente no combate ao inc�ndio. O tempo seco e o calor, que propiciam a propaga��o das chamas, n�o devem dar tr�gua hoje. Na Zona da Mata, o Minist�rio P�blico determinou apura��o de responsabilidades por inc�ndio no Parque do Ibitipoca.
Nesta quinta-feira, o Corpo de Bombeiros informou que as equipes v�o atuar nas quatro maiores frentes do parque: Serra da Caetana, Serra Confins, Serra Altamira e Casa de T�buas. O deslocamento come�ou �s 5h ap�s uma reuni�o de planejamento de estrat�gias entre os bombeiros e colaboradores do Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio).
Participam da opera��o 24 bombeiros, seis policiais militares, 51 brigadistas, seis administradores e dois volunt�rios. Ainda h� o apoio de duas aeronaves das corpora��es militares.
Desde o dia 27, o combate �s chamas vem sendo feito incessantemente. Segundo apura��o preliminar oficial, de acordo com dados de sat�lite, o inc�ndio come�ou por volta das 18h30 de domingo, em uma �rea externa do parque. Em nota, a assessoria do ICMBio Cip�-Pedreira, em parceria com o Corpo de Bombeiros e volunt�rios, informou que na madrugada de segunda-feira foi feito o primeiro ataque ao fogo em um ponto localizado a 500 metros do limite do Parque Nacional da Serra do Cip�. Na mesma manh�, brigadistas se dirigiram para as �reas de Lagoa Dourada, V�rzea do Garrote e Cap�o dos Palmitos. Da manh� at� o final da tarde de segunda, opera��es de combate foram feitas da base na portaria Areais pelo Esquadr�o Serra do Cip�, sendo brigadistas, volunt�rios, bombeiros, entre eles a tripula��o do helic�ptero Arcanjo. Um novo boletim com atualiza��es sair� hoje, �s 10h.
Militares se preparando para o combate ao inc�ndio na manh� desta quinta (foto: Corpo de Bombeiros/Divulga��o)
"Estamos em tr�s grandes linhas de combate ao fogo. O combate tem evolu�do bem, com o aux�lio de um helic�ptero e uma outra aeronave. Estamos trabalhando dia e noite e s� vamos sair daqui quando o fogo for completamente extinto", disse o capit�o do Corpo de Bombeiros Tiago Costa. O sol forte e as altas temperaturas devem permanecer hoje em Minas Gerais, devido � a��o de uma massa de ar seco, em clima desfavor�vel ao combate aos inc�ndios. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), hoje o c�u fica parcialmente nublado com n�voa seca no Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce e Zona da Mata. Nas demais regi�es, c�u claro a parcialmente nublado com n�voa seca. A m�xima pode chegar a 40 graus. J� em BH, o c�u deve ficar claro com previs�o de n�voa seca. As marca��es dos term�metros devem variar entre 20°C e 35°C. E a umidade relativa do ar permanecer� entre 15% e 35%.
O capit�o Tiago explica que, al�m do tempo seco, o grande complicador � o acesso aos focos de inc�ndio. "O deslocamento � muito complicado, o relevo muito acidentando. Muitas pedras soltas", acrescentou. Ele ainda esclarece que as causas do inc�ndio s�o desconhecidas e que a �rea queimada ainda n�o foi calculada. "Estamos trabalhando diretamente para o controle da situa��o. Posteriormente, tudo isso ser� levantado", disse. Mas ressalta que � um inc�ndio de grandes propor��es e que causar� enorme preju�zo � fauna e � flora.
Frederico Aristides Alves Marques, de 29 anos, � morador de S�o Jos� da Serra – nas proximidades do parque – desde que nasceu e conta que h� pelo menos sete anos os residentes n�o se deparavam com fogo de tamanha propor��o. "A situa��o ainda � muito complicada. O fogo est� chegando perto de algumas casas", relatou. "Os bombeiros est�o trabalhando muito, mas n�o conseguiram controlar as chamas. Est� ventando muito, acho que a situa��o se agravou", acrescentou.
Uni�o
Moradores se organizaram para, mesmo sem treinamento, ajudar a defender suas casas e as de parentes em meio ao caos instalado por conta dos in�meros focos de inc�ndio registrados em v�rios distritos dos munic�pios de Lagoa Santa, Jaboticatubas, Santana do Riacho e imedia��es. Na manh� de ontem, o ICMBio comunicou o fechamento do parque "at� que o inc�ndio seja debelado".
Na Lapinha Jo�o Congo, a situa��o ainda era considerada grav�ssima desde ter�a-feira, quando a reportagem esteve no local e acompanhou uma equipe do Corpo de Bombeiros tentando defender a nascente que abastece o lugarejo. Por�m, de madrugada o fogo avan�ou e bombeiros e moradores n�o tiveram sucesso na tentativa de evitar que a linha de fogo chegasse � nascente daquele peda�o de �rea rural, localizado no distrito de S�o Jos� de Almeida.
Ver galeria . 44 FotosO inc�ndio que come�ou h� tr�s dias na Serra do Cip� atingiu resid�ncias e estabelecimentos na noite desta ter�a-feira, �s margens da Rodovia MG-10, pr�ximo ao km 54, nas imedia��es de Lagoa Santa
(foto: Leandro Couri/EM/D. A. Press )
Risco � sa�de
Segundo a moradora Ana Paula Pereira, que mesmo com problemas de sa�de lutou a noite de ter�a-feira toda para apagar o fogo perto da casa de seu av� e de sua irm�, apesar da boa vontade e ajuda comunit�ria solid�ria a tristeza tomou conta de todos. "A coisa l� est� feia, vamos lembrar que 520 pessoas dependem da �gua da nascente para sobreviver. Hoje os meninos que est�o combatendo fogo desde domingo tiveram que ser hospitalizados. Minhas l�grimas descem. Agora que vim um pouco para minha casa, porque sa�mos �s 3h30. Para se ter ideia da trag�dia, t�nhamos �gua em abund�ncia at� o domingo e hoje andamos cinco quil�metros para pegar", lamenta.
Ontem, grupo de volunt�rios de Belo Horizonte estava reunindo mantimentos para distribuir entre os mais de 50 brigadistas que est�o atuando continuamente no combate ao inc�ndio na Serra do Cip�. As doa��es devem ser levadas a uma loja no Centro de Belo Horizonte, localizada na Rua da Bahia, 856, esquina com a Avenida Afonso Pena. Os volunt�rios est�o recolhendo itens de hidrata��o e de alimenta��o r�pida, como �gua mineral, isot�nico e barrinha de cereal. O grupo de volunt�rios vai destinar os itens doados diretamente para as equipes que est�o atuando nas imedia��es do Parque Nacional e na APA Morro da Pedreira.
MP determina apura��o sobre queimada no Ibitipoca
O Minist�rio P�blico de Minas Gerais determinou, ontem, a instaura��o de inqu�rito para apurar a responsabilidade civil sobre o inc�ndio que devastou 350 hectares – 490 campos de futebol – do parque mais visitado de Minas Gerais, o Estadual de Ibitipoca, na Zona da Mata, nos munic�pios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca. O equivalente a quase um quarto (23%) da unidade de conserva��o, cuja �rea total � de 1.488 hectares, foi destru�do pelas chamas. Na zona de amortecimento do entorno da �rea, reduto de mata atl�ntica, outros 150 hectares foram consumidos pelo fogo.
Ainda segundo o promotor de Justi�a de Defesa do Meio Ambiente de Juiz de Fora e de Lima Duarte, Alex Fernandes Santiago, a Pol�cia Militar e o Corpo de Bombeiros j� haviam feito as devidas comunica��es ao MP, mas � necess�rio a finaliza��o dos registros das ocorr�ncias policiais (Reds) para que a Promotoria e a Pol�cia Civil possam dar prosseguimento aos trabalhos.
Ontem, o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Ant�nio Malard, deu declara��o que refor�a a import�ncia das investiga��es. “Cerca de 99% dos inc�ndios s�o provocados pelo homem e nesse caso, especificamente, n�o sabemos se foi intencional ou criminoso. Isso precisa ser melhor apurado, mas sempre � muito dif�cil identificar a pessoa que provocou esse inc�ndio florestal”, destaca.
De acordo com o IEF, at� o momento, o balan�o parcial aponta que 70% da �rea queimada � de campos de altitude, 20% de campos rupestres e 10% de mata nebular, um dos mais ricos biomas brasileiros, onde se encontram esp�cimes end�micas e amea�adas de extin��o. Conforme o major Leonardo Nunes, comandante da opera��o de combate ao inc�ndio e subcomandante do 4º Batalh�o do Corpo de Bombeiros (BBM) de Juiz de Fora, um foco, a 10 quil�metros da unidade de conserva��o, ainda era motivo de preocupa��o.
A boa not�cia � que o parque ser� reaberto em 7 de outubro, na pr�xima quarta-feira. Diariamente, 500 visitantes v�o ser recebidos. A limita��o se deve �s medidas preventivas de cont�gio � COVID-19.
Para garantir a entrada, vai ser necess�rio fazer agendamento, a partir de segunda-feira (5), em plataforma digital a ser informada pela ger�ncia do parque e pelo IEF. As informa��es estar�o dispon�veis no site do IEF, no link www.ief.mg.gov.br/unidades-de-conservacao/-orientacoes-de-reabertura-ucs.
Reabertura da Serra da Canastra
(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press - 6/4/12)
Ap�s oito meses fechado devido � pandemia do novo coronav�rus (Sars-CoV-2), o Parque Nacional da Serra da Canastra, na altura do munic�pio de S�o Roque de Minas, na Regi�o Centro-Oeste do estado, ser� reaberto � visita��o do p�blico hoje. Segundo o an�ncio feito pelo Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade (ICMBio), a retomada das atividades ser� feita de forma parcial e gradativa.A visita��o s� poder� ser feita por agendamento virtual, no m�nimo com tr�s dias de anteced�ncia. O limite da capacidade di�ria ser� dividido em turnos.