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Estado de Minas TRATAMENTO

"N�o queremos volta de manic�mios, mas atendimento humanizado para casos graves", diz psiquiatra

Refer�ncia em atendimento hospitalar psiqui�trico, Hospital Galba Veloso est� fechado e provoca debates sobre destina��o de pessoal, pr�dio, equipamentos e servi�os


01/10/2020 14:13 - atualizado 01/10/2020 19:36

O Galba Veloso dispunha de 130 leitos para casos de urgência e emergência(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press)
O Galba Veloso dispunha de 130 leitos para casos de urg�ncia e emerg�ncia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press)
Refer�ncia no atendimento de casos de psiquiatria, o Hospital Galba Veloso, fundado em 1961, passou por readequa��es no atendimento  desde ent�o, sob um novo olhar quanto ao acolhimento a pacientes com transtornos mentais. As den�ncias de tratamentos desumanos, torturas e at� assassinatos  em unidades manicomiais brasileiras, na d�cada de 1970, levaram ao surgimento de um movimento pela reforma psiqui�trica no Brasil e posteriomente � Luta Antimanicomial, que questionava procedimentos no tratamento.

Situado no Bairro Gameleira, Regi�o Oeste de Belo Horizonte, o Galba Veloso dispunha de 130 leitos para casos de urg�ncia e emerg�ncia. Em 2017, a ala ortop�dica, que atendia a pacientes de traumas oriundos do Hospital Jo�o XXIII que precisavam de interna��o prolongada, foi desativada pelo governo do estado.

Para alguns servidores, foi a sinaliza��o do in�cio do "desmonte". A unidade iniciou o ano de 2020 com cerca de 90% de seus 115 leitos ocupados na ala psiqui�trica.
 
Uma mensagem transmitida por WhatsApp, em 23 de mar�o, pela dire��o do hospital, determinava que funcion�rios deixassem o pr�dio em 48 horas e os 12 pacientes internados tivessem os quadros cl�nicos reavaliados, para que recebessem alta ou fossem transferidos para o Instituto Raul Soares.

A justificativa comunicada aos servidores era de que a baixa ocupa��o dos leitos tornaria a unidade uma retaguarda para os casos da COVID-19 na cidade, ap�s uma r�pida reforma. 
 
A determina��o foi recebida com surpresa, uma vez que, dias antes, logo no in�cio da pandemia do novo coronav�rus, a institui��o foi notificada sobre a necessidade de diminui��o da ocupa��o de seus leitos, a fim de se preparar para receber pacientes psiqui�tricos positivos para a infec��o. 

A unidade iniciou o ano de 2020 com cerca de 90% de seus 115 leitos ocupados(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press)
A unidade iniciou o ano de 2020 com cerca de 90% de seus 115 leitos ocupados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press)
 

O Galba Veloso, assim como o hospital de campanha instalado a poucos metros dali, nunca recebeu paciente com o novo coronav�rus. "O pedido de readequa��o para atendimento de pacientes psiqui�tricos testados positivos foi prontamente atendido, com mobiliza��o da equipe e adequa��o de equipamentos e utens�lios para atendimento", relata a m�dica psiquiatra Dagmar Abreu, que presta servi�os � Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) h� 35 anos. 
 
Luciana da Concei��o Silva, diretora do Sindicato �nico dos Trabalhadores da Sa�de de Minas Gerais (Sind-Sa�de), relata que, desde o fechamento das vagas psiqui�tricas, a entidade tenta retomar um entendimento com as autoridades: "Nenhum paciente foi atendido no local e as obras nem foram conclu�das, inclusive o hospital de campanha, a poucos metros do Galba, nem sequer foi utilizado".
 
A dirigente sindical chama a aten��o para a falta de refer�ncia para atendimentos de urg�ncia e emerg�ncia psiqui�trica na capital, ficando apenas o Raul Soares sobrecarregado com casos que v�m do interior "uma vez que o entendimento � que esses casos sejam tratados pelo munc�pio, mas muitos deles n�o t�m estrutura para tanto".

Crises psqui�tricas

 
Dagmar recha�a a "falsa informa��o" que trata a reabertura da unidade como "retorno ao manic�mio". 

"N�o h� qualquer conflito com a Luta Antimanicomial, o atendimento hospitalar de casos psiqui�tricos est� previsto na Rede de Aten��o Psicossocial (RAP) que tamb�m disp�e de diversos n�veis de atendimentos, como os Cersam (Centros de Refer�ncia em Sa�de Metal) os Caps (Centro de Antedimento Psicossocial), hospitais-dia, entre outros", afirma.

De acordo com a m�dica, um hospital especializado � necess�rio para enfrentar situa��es de crise grav�ssimas "quadros delirantes, depressivos intensos, situa��es que o indiv�duo n�o consegue conter a agressividade".
 
Dagmer compara o atendimento hospitalar psiqui�trico a uma unidade coronariana, em que, diante de uma situa��o de crise card�aca grave, o paciente tem uma equipe e equipamentos especializados � sua disposi��o.

"H� casos em que a pessoa est� em situa��o de colocar em risco a sua pr�pria vida ou a de terceiros. � preciso um atendimento com olhar especial nesse momento."
 
Ela chamou a aten��o tambem para as campanhas de preven��o ao suic�dio que circularam, com o Setembro Amarelo. "O Galba Veloso tem nesses acolhidos um de seus principais p�blicos. Todos somos contra situa��o manicomial", adverte a m�dica.

Os pacientes s�o acompanhados desde o momento de interna��o e durante todo o tratamento por um familiar, a quem � oferecida orienta��o para casos de surto e informa��es de procedimentos e mediamentos. As interna��es s�o de curto per�odo e n�o h� isolamento, garante Dagmar.
 
O Galba Veloso nunca recebeu paciente com o novo coronavírus(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press)
O Galba Veloso nunca recebeu paciente com o novo coronav�rus (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A press)
 

CPI para apurar fechamento

 
A C�mara Municipal de Belo Horizonte instalou uma Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) para apurar as motiva��es do fechamento da unidade.

Em depoimento � comiss�o na segunda-feira (28), F�bio Baccheretti, presidente da Fhemig, disse que a decis�o sobre o Galba Veloso foi tomada durante  reuni�o que n�o contou com a presen�a de dirigentes dos hospitais envolvidos.

A determina��o foi fruto de remanejamentos que vinham sendo feitos em toda a rede hospitalar para o atendimento aos pacientes da COVID-19, e o Galba seria ent�o retaguarda para os pacientes em tratamento do HIV e de doen�as pulmonares.

“Foi decidido que o (hospital) Eduardo de Menezes, que atende HIV, atenderia 100% de COVID-19, e que o (hospital) J�lia (Kubistchek) tamb�m teria leitos para COVID. Ent�o, usar�amos os leitos do Galba para esta retaguarda do HIV e das doen�as pulmonares”, explicou. 

Ele diz que antes da chegada da pandemia provocada pelo novo coronav�rus nenhuma conversa tinha sido iniciada para o fechamento do hospital. 
 
Na d�cada de 1990, novas solu��es foram aplicadas para a sa�de mental. Gradativamente o Minist�rio da Sa�de substituiu o tratamento em hospitais por atendimentos comunit�rios. As Leis Federais 8.080/1990 e 8.142/90, institu�ram a rede de aten��o � sa�de mental, junto com a cria��o do SUS (Sistema �nico de Sa�de).

Foi atribu�do ao Estado a responsabilidade de promover um tratamento em comunidade, possibilitando a livre circula��o dos pacientes e n�o mais a interna��o e o isolamento, contando com os servi�os de Centros de Aten��o Psicossocial (CAPS); os Servi�os Residenciais Terap�uticos (SRT); os Centros de Conviv�ncia e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de aten��o integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS).



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