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Estado de Minas EFEITOS DA COVID-19

Pandemia deixou um ter�o dos motoristas de aplicativo sem renda, diz estudo

Pesquisadores do Observat�rio Social da UFMG revelaram tamb�m que somente 8% desses profissionais tinham outra ocupa��o e que isolamento social reduziu drasticamente seus ganhos


30/10/2020 16:27 - atualizado 30/10/2020 16:55

Pesquisa mostra também que, para compensar perdas, motoristas tiveram que trabalhar mais horas do que habitual na pandemia(foto: Fernanda Carvalho/Fotos Públicas/Divulgação)
Pesquisa mostra tamb�m que, para compensar perdas, motoristas tiveram que trabalhar mais horas do que habitual na pandemia (foto: Fernanda Carvalho/Fotos P�blicas/Divulga��o)
Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou os impactos da pandemia do novo coronav�rus na vida dos motoristas de aplicativo em todo pa�s. Pesquisadores do Observat�rio Social da COVID-19 utilizaram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios COVID-19 (Pnad-COVID), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), e notaram que no primeiro m�s das medidas de distanciamento social, 36% desses trabalhadores estavam afastados do trabalho – ou seja, mais de um ter�o dos motoristas perdeu sua fonte de renda. 

Apenas ambulantes, cabeleireiros, manicures, cozinheiros, gar�ons e professores apresentaram percentuais mais elevados de trabalhadores afastados em abril, segundo os pesquisadores.

Entre aqueles motoristas que continuaram nas ruas, a m�dia de horas trabalhadas por semana, que era de 45, caiu para 20 em m�dia. Trabalhadores de outras ocupa��es tiveram redu��o de 39 para 27 horas semanais de trabalho com a pandemia.

“Podemos perceber que, mesmo antes da pandemia, o rendimento dos motoristas de aplicativo era inferior � m�dia de mercado, ainda que eles trabalhassem seis horas a mais em m�dia do que os outros trabalhadores", registram os pesquisadores.

"Segundo as Pnads, houve perda de 12% do rendimento dos trabalhadores desse setor entre 2015 e 2020, fen�meno agravado pela pandemia. Em abril de 2020, o rendimento m�dio dos motoristas equivalia a menos de 80% da renda m�dia do trabalho no pa�s”, continua a an�lise.

O Observat�rio Social da COVID-19 tamb�m constatou que apenas 8% dos motoristas tinham outra ocupa��o, o que indica a depend�ncia da categoria em rela��o aos aplicativos de mobilidade.

Em rela��o ao v�nculo com a Previd�ncia Social, apenas 32% deles afirmaram contribuir para o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) no per�odo. Dezoito por cento tinham n�vel superior completo.

Renda caiu pela metade


Vagner (nome fict�cio) trabalha como motorista de aplicativo h� tr�s anos e, com medo de repres�lias da plataforma, prefere n�o revelar sua identidade. Ee conta que de mar�o a junho, per�odo em que as medidas de isolamento social foram mais restritivas, viu seu faturamento cair mais da metade.
 
Relata ainda que, antes, conseguia receber at� R$ 3,2 mil por uma jornada de at� 10 horas de trabalho di�rias. Com a pandemia, seus ganhos n�o passam de R$ 1,5 mil.

“A pandemia trouxe medo nas pessoas de sair de casa e, mesmo com v�rias medidas de higiene que tenho no meu carro, as corridas ca�ram demais. Teve dia de ficar o dia todo esperando por uma chamada. �s vezes, havia uma, duas. At� hoje ainda n�o consegui recuperar o que ganhava. Melhorou de agosto para c�, mas ainda est� longe de ser como era”, confirmou o motorista.

Duas realidades

O projeto de pesquisa Novas sociabilidades na era digital, desenvolvido no Departamento de Sociologia da UFMG, tem acompanhado um grupo de motoristas de aplicativo em Belo Horizonte e traz mais detalhes dos impactos da pandemia sobre a atividade.

O monitoramento mostra que os profissionais entrevistados se depararam com duas situa��es distintas no in�cio na pandemia. Quem dispunha de outras fontes de rendimento ou contava com algu�m na fam�lia que conseguia manter a renda domiciliar parou imediatamente de trabalhar assim que foram decretadas as medidas de distanciamento social na capital, na semana do dia 18 de mar�o. 

Profissionais enquadrados no grupo de risco da doen�a ou que se sentiram amea�ados pela pandemia tamb�m pararam de trabalhar imediatamente. Segundo os pesquisadores, uma entrevistada chegou a relatar que teve v�rias crises de ansiedade que a impediram de sair de casa. 

Outro grupo de motoristas afirmou que n�o podia cruzar os bra�os, pois dependia do trabalho com o aplicativo para sobreviver. Acrescentaram, assim, outra camada de risco ao seu dia a dia, j� marcado pelos recorrentes relatos de incerteza financeira e viol�ncia.

Ainda segundo o levantamento, os motoristas afirmaram que foi necess�rio trabalhar mais horas para tentar auferir uma renda mais pr�xima poss�vel do que recebiam antes da pandemia.

Os dados mais recentes do acompanhamento dos motoristas, referentes a outubro, revelam que muitos deles voltaram a trabalhar. Os rendimentos ainda dependem dos decretos sobre funcionamento do com�rcio e assim devem permanecer enquanto durar a pandemia.

“Em s�ntese, tanto os dados das pesquisas domiciliares como o projeto de pesquisa desenvolvido na UFMG mostram as principais facetas do trabalho digital: sua enorme vulnerabilidade em rela��o a aspectos conjunturais, vivendo (os profissionais) uma situa��o em que se sobrep�em diversos n�veis de inseguran�a, tanto em rela��o aos rendimentos quanto � seguran�a e, recentemente, quanto aos perigos de adoecimento. A cont�nua precariza��o das condi��es de trabalho que vem ocorrendo ao redor do mundo todo e que tem sido acelerada pelo trabalho em plataformas digitais parece ter ganhado um novo impulso com a pandemia do novo coronav�rus”, concluem os pesquisadores. 


N�mero crescente de trabalhadores informais


Apesar dos riscos, eles observam que o trabalho nas plataformas digitais, impulsionado pelas crises econ�micas, continuar� atraindo cada vez mais profissionais alijados de outros setores.

Segundo a Pnad 2011, havia 614 mil condutores de ve�culos para transporte particular que trabalhavam por conta pr�pria no Brasil, n�mero que se manteve praticamente est�vel at� 2015, quando estavam registrados 643 mil trabalhadores na mesma condi��o.

Nos anos seguintes, com a chegada dos aplicativos de transporte, houve enorme crescimento do n�mero de trabalhadores do setor.

Na Pnad-Cont�nua de 2019, havia 1,145 milh�o de condutores de autom�veis, caminhonetes e motocicletas que trabalhavam por conta pr�pria, indicando aumento de mais de 500 mil trabalhadores no per�odo.

Na Pnad-COVID referente a abril de 2020 foram contabilizados 1,124 milh�o de trabalhadores por conta pr�pria na categoria motorista de aplicativo, de t�xi, de van, de motot�xi ou de �nibus.


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