
“Meu mundo se restringe ao meu quarto e banheiro. Preciso preservar todos e contribuir para que o v�rus n�o se espalhe.” O relato de uma administradora de empresas de Divin�polis, feito ap�s se sentir mal no retorno de uma viagem � It�lia, preocupou os mineiros, que at� ent�o s� tinham not�cias distantes da pandemia do novo coronav�rus (Sars-CoV-2) pela m�dia. Primeiro caso confirmado da COVID-19 no estado, com exame feito em 6 de mar�o, dessa testagem positiva at� a �ltima quarta-feira somaram-se 250 dias de afastamento social em v�rios n�veis, suspens�o de aulas e outras atividades com potencial de aglomera��o. A varia��o de cont�gios e �bitos avan�a de forma desigual, caindo na maioria dos munic�pios e na capital, mas ainda subindo em locais como Juiz de Fora, na Zona da Mata, que se mantiver o atual ritmo de cont�gio pode apresentar novo pico da doen�a.
No total, os 250 dias de pandemia em Minas Gerais contabilizam 374.651 casos confirmados (ontem eram 381.310), entre os quais 9.204 mortos (ontem, 9.504). O resultado positivo da primeira paciente foi oficializado em 7 de mar�o. Em 20 do mesmo m�s, veio o decreto de situa��o de calamidade p�blica estadual. Cinco dias depois, a Secretaria de Estado da Sa�de j� declarava que o v�rus se encontrava em circula��o social no estado. Observando as m�dias de contamina��es e �bitos di�rios desses 250 dias (veja o quadro), o estado enfrentou a fase mais aguda da COVID-19 em agosto. Nesse pico, os cont�gios por dia chegaram a 2.802 e os �bitos a 83 a cada 24 horas.

No m�s seguinte, os �bitos sofreram grande retra��o, chegando a 68 por dia (-18%), o que se acentuou em outubro (54) e novembro (26). Neste �ltimo m�s, o ritmo das mortes pela doen�a respirat�ria em Minas se encontra pouco acima do que se via em junho, que tinha m�dia di�ria de 23 casos. A raz�o di�ria de diagn�sticos positivos tamb�m encolheu m�s a m�s, chegando � m�dia de 1.740 por dia em novembro, volume 38% abaixo do pico de cont�gio.
Mas o comportamento de desacelera��o estadual ainda n�o � acompanhado por todos os munic�pios. Em Juiz de Fora, quarta cidade mais populosa de Minas, com 573 mil habitantes, o pico de cont�gios foi em julho, com 57 exames positivos todos os dias, enquanto o de �bitos, que sempre foi baixo, atingiu o maior �ndice em setembro, com 1,93 registros di�rios. At� novembro, a tend�ncia de mortes se manteve nivelada e a de dissemina��o em queda, mas nos 11 primeiros dias deste m�s o cont�gio subiu com vigor e a m�dia de registros a cada 24 horas j� � a maior de todos os meses, com 73 novos diagn�sticos, volume 28% superior ao pico de julho.
De acordo com a Sa�de estadual, a Macrorregi�o Sudeste se mant�m na onda verde, que dentro do Plano Minas Consciente confere a maior possibilidade de flexibiliza��o de atividades n�o essenciais de alto potencial de cont�gio, com as devidas precau��es. “Mas (a regi�o) apresentou �ndices que demonstram uma piora na situa��o epidemiol�gica, o que exigir� uma avalia��o criteriosa nos pr�ximos dias”, adverte a �rea. A macrorregi�o � sediada por Juiz de Fora, seu maior munic�pio, e tem popula��o estimada em 1,6 milh�o de habitantes.
Quadro melhora, mas preven��o se mant�m
Doze das 14 macrorregi�es de Sa�de do estado est�o na onda verde do programa Minas Consciente, fato que o governador Romeu Zema (Novo) comemorou justamente no dia em que se completaram 250 dias do primeiro cont�gio pela COVID-19. “Minas � o estado com a menor taxa de �bitos por 100 mil habitantes. Mas a batalha ainda n�o terminou. Temos que continuar usando m�scara e tomando todas as medidas preventivas, porque o v�rus continua entre n�s e, infelizmente, fazendo v�timas”, alertou.
Os tr�s munic�pios mais populosos e que apresentam maior n�mero total de casos de COVID-19 seguem em trajet�ria descendente em rela��o ao pico. Em Belo Horizonte, apesar de o registro de 327 diagn�sticos di�rios nos 11 primeiros dias de novembro estar acima de setembro (280) e outubro (188), ainda se encontra inferior ao pico em julho (464) e ao m�s de agosto (413). O �ndice di�rio de seis �bitos deste m�s � o menor desde julho (13) e do pico em agosto (15).
A Secretaria Municipal de Sa�de da capital sustenta que, com a redu��o no �ndice de transmiss�o (Rt) da doen�a, diminui��o expressiva na taxa de ocupa��o de leitos de UTI e enfermaria, foi poss�vel reabrir, gradualmente, as atividades na cidade. “O Rt tem oscilado em torno de 1,00 – dentro da faixa aceit�vel para a capacidade de resposta da prefeitura (abaixo de 1,20). Qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento ser� tratado da forma devida, com o objetivo de preservar vidas”, informa a pasta.
A��es como a capacita��o e qualifica��o das equipes da �rea, a institui��o do Comit� de Enfrentamento � COVID e a implanta��o de medidas de isolamento e afastamento social, como o fechamento do com�rcio, de servi�os n�o essenciais e de escolas, permitiram esse controle, diz a secretaria. Em paralelo, buscou-se a abertura de leitos e de servi�os especializados, amplia��o de ambul�ncias do Samu, o abrigamento provis�rio de moradores em situa��o de rua e idosos, o investimento em exames por laborat�rio pr�prio e da Funda��o Ezequiel Dias, a fiscaliza��o em locais com grande circula��o e a contrata��o de profissionais de sa�de.
A SES-MG considera que julho e agosto foram meses de plat�, ou seja, const�ncia em grandes volumes de casos de COVID-19, e ressalta a��es preventivas do governo contra a doen�a desde a notifica��o dos pri- meiros casos na China. Entre elas, cita a instala��o do Centro de Opera�oes de Emerg�ncia em Sa�de (Coes), em janeiro, do plano de conting�ncia, em fevereiro, al�m de investimentos em equipamentos, campa- nhas, hotsite, coletivas � imprensa, amplia��o recorde do n�mero de leitos e repasses de R$ 30 milh�es aos munic�pios para aten��o prim�ria.
O alerta na Zona da Mata
Apesar do baixo registro de �bitos, um dos agravantes de um poss�vel novo pico de cont�gio em Juiz de Fora � que a segunda maior parcela de infectados ocorre entre pessoas com idade acima de 60 anos, representando 19,47% dos testes positivos dentro de 250 dias, de acordo dados da Secretaria Municipal de Sa�de. A idade avan�ada � considerado fator de agravamento do estado de sa�de de doentes de COVID-19, bem como pessoas que sofrem de doen�as cr�nicas respirat�rias, circulat�rias e diab�ticos, entre outras condi��es. A faixa et�ria de maior registro de cont�gio � a de 30 a 39 anos, com 24,33% dos positivos. Entre os testes positivos, 53% s�o de mulheres e 47% de homens.
Mapeamento da prefeitura mostra que a �rea central da cidade concentra os casos que testaram positivo para o novo coronav�rus. O Centro � o bairro que tem mais casos, somando 7%, seguido dos vizinhos S�o Mateus e S�o Pedro, com 4,4% e 3% do total, respectivamente. As taxas de ocupa��o de UTIs s�o altas, tanto pelo SUS, chegando a 78,61%, quanto no sistema privado, com 72%.
Por causa da inconst�ncia de controle da doen�a, quatro ag�ncias banc�rias j� interromperam o atendimento, por precau��o, desde a reabertura da atividade, diante de funcion�rios que testaram positivo. O ex-p�roco da Catedral Metropolitana de Juiz de Fora monsenhor Falabella � um dos novos casos de doentes em estado mais grave. Ele est� internado desde segunda-feira, na Santa Casa. De acordo com informa��es do arcebispo metropolitano, dom Gil Ant�nio Moreira, o religioso n�o passou bem no domingo e foi internado. “Est� tranquilo, foi bem orientado, n�o apresenta sintomas de agravamento do quadro de sa�de e segue respirando espontaneamente”, afirma o arcebispo.
Segundo a prefeitura, h� diversas medidas de enfrentamento � epidemia no munic�pio, auxiliado pelo Comit� Municipal de Enfrentamento e Preven��o � COVID-19, instalado em 17 de mar�o, que orienta decis�es como o uso obrigat�rio de m�scaras pelos cidad�os. Em 7 de abril, foi declarado estado de calamidade. Caminh�es-pipa fazem a desinfec��o de locais p�blicos com hipoclorito de s�dio (solu��o usada na limpeza hospitalar), enquanto equipes de limpeza seguem um cronograma pr�prio.
Uma for�a-tarefa foi organizada para atuar pontualmente em locais de maior contamina��o ou desrespeito a posturas preventivas. As empresas de transporte p�blico foram orientadas a descontaminar todos os ve�culos com solu��o de di�xido de cloro pulverizada por 30 minutos, e depois enxaguada com �gua limpa.