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Estado de Minas LINHA F�RREA

Minas pode ganhar linha de trem ligando Belvedere, em BH, ao Inhotim

Custos da obra podem ser assumidos pela mineradora Vale, dentro do processo de repara��o dos danos causados no rompimento da barragem ocorrido em 2019


21/11/2020 13:31 - atualizado 21/11/2020 14:54

Brumadinho sedia o Instituto Inhotim, considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Brumadinho sedia o Instituto Inhotim, considerado o maior centro de arte ao ar livre da Am�rica Latina (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
O governo de Minas Gerais avalia que a constru��o da linha f�rrea que ligaria Belo Horizonte ao Instituto Inhotim , em Brumadinho (MG), ainda carece de estudos mais aprofundados sobre a sustentabilidade econ�mica da opera��o.

Os custos da obra podem ser assumidos pela mineradora Vale, dentro do processo de repara��o dos danos causados no rompimento da barragem ocorrido em 2019. O assunto foi discutido nesta semana em audi�ncia na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

“Hoje, mais do que o investimento inicial, � preciso que se tenha tamb�m uma engenharia financeira que permita ao projeto ficar de p�”, disse o secret�rio adjunto de Planejamento e Gest�o de Minas Gerais, Luis Ot�vio Milagres de Assis.

Tamb�m participaram da audi�ncia outros integrantes do governo estadual, deputados estaduais, diretores do Inhotim e representantes da comunidade e de organiza��es n�o governamentais.

A barragem que se rompeu em Brumadinho em janeiro 2019 liberou uma onda de aproximadamente 12 milh�es de metros c�bicos de rejeitos, causando 170 mortes e devastando comunidades e meio ambiente de cidades da calha do Rio Paraopeba.

Uma das frentes de repara��o em discuss�o envolve a recupera��o econ�mica da regi�o. O turismo � visto como um dos caminhos, j� que a cidade tem atrativos de ecoturismo, al�m de sediar o Instituto Inhotim, considerado o maior centro de arte ao ar livre da Am�rica Latina.

Mas a constru��o da linha f�rrea depende ainda de um acordo com a mineradora .

Segundo a Vale , o assunto vem sendo discutido com os �rg�os competentes. "Por se tratar de tema sens�vel a todos, os encontros ocorrem periodicamente e levam em conta um processo de escuta ativa, buscando formas de atender �s necessidades e demandas da popula��o”, diz em nota a mineradora.

Com uma �rea de 140 hectares, que re�nem mais de 20 galerias com obras contempor�neas, o Inhotim abriu as portas em 2006 e anunciou, meses antes da trag�dia, ter atingido a marca de 3 milh�es de visitantes.

Apesar de n�o ter sido diretamente atingido pela onda de lama, o espa�o precisou fechar por meses em 2019, enquanto a cidade buscava se recuperar dos primeiros impactos e, neste ano, novamente suspendeu as atividades por um per�odo em decorr�ncia da pandemia de COVID-19.

Inhotim est� a cerca de 60 quil�metros do centro de Belo Horizonte. H� apenas um �nibus executivo que sai �s 8h15 da rodovi�ria de Belo Horizonte e vai at� o p�tio do centro art�stico , retornando �s 16h30.

O trajeto leva quase duas horas. Vans saindo da Savassi, na regi�o centro-sul da capital mineira, s�o um pouco mais r�pidas. O trem encurtaria o percurso e acredita-se que ele possa se tornar mais atraente ao turista, oferecendo um bilhete de custo mais baixo e gastando menos tempo at� o destino.

Vagões do Vera Cruz, que eram usados entre as décadas de 1950 e 1990 em viagens para o Rio de Janeiro: projeto prevê recuperação de seis carros para transportar passageiros entre Belo Horizonte e Brumadinho(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press 31/10/12)
Vag�es do Vera Cruz, que eram usados entre as d�cadas de 1950 e 1990 em viagens para o Rio de Janeiro: projeto prev� recupera��o de seis carros para transportar passageiros entre Belo Horizonte e Brumadinho (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press 31/10/12)


Uma das propostas da linha f�rrea � defendida pela Associa��o de Amigos do Bairro Belvedere e foi apresentada na Assembleia Legislativa.

O projeto foi constru�do pelo escrit�rio Prosdocimi Arquitetura. Ele sugere que a esta��o final em Belo Horizonte seja no Bairro Belvedere e inclua um parque com �rea verde e equipamentos de lazer. "Teria um custo insignificante frente ao que a Vale causou a Brumadinho”, afirma Benny Cohen, integrante do Movimento Parque Linear Belvedere.

O projeto prev� o reaproveitamento de uma ferrovia atualmente desativada, que corta a Serra do Curral e liga Brumadinho � antiga Mina de �guas Claras, tamb�m pertencente � Vale.

Os trilhos abandonados estariam ainda em bom estado. Os defensores do projeto afirmam que ele seria viabilizado financeiramente, atendendo diariamente a popula��o local.

Isso porque o trem n�o seria exclusivamente tur�stico e contribuiria para o deslocamento entre cidades da regi�o metropolitana, j� que o seu tra�ado englobaria n�o apenas Brumadinho e Belo Horizonte, mas tamb�m territ�rios de Nova Lima, Ibirit�, Sarzedo e M�rio Campos.

Na vis�o de Ant�nio Grassi, diretor executivo do Instituto Inhotim, a linha f�rrea teria papel importante n�o apenas para o desenvolvimento de Brumadinho, mas de todo o estado. “A pandemia evidenciou ainda mais a import�ncia da arte e da cultura para a sa�de mental e para a economia , e o incentivo do Poder P�blico � importante”, afirmou.

Tra�ado mais extenso

No final de outubro, um plano de a��o para a cria��o da linha f�rrea foi aprovado no F�rum de Mobilidade e Conectividade Tur�stica (Mob-Tur), inst�ncia do Minist�rio do Turismo dedicada a propor pol�ticas e estrat�gias para aperfei�oar as liga��es que d�o acesso a destinos e atrativos tur�sticos .

A proposta analisada, constru�da pela Associa��o de Preserva��o das Tradi��es e do Patrim�nio Cultural de Santa B�rbara (Apito), existe h� mais de 10 anos.

Ela traz um tra�ado mais extenso do que o previsto no projeto apresentado pela Associa��o de Amigos do Bairro Belvedere. A �ltima parada seria criada com a revitaliza��o de uma antiga esta��o, pr�xima ao Museu de Artes e Of�cios (MAO), no centro de Belo Horizonte.

O reaproveitamento dos trilhos abandonados na Serra do Curral tamb�m consta na proposta. No ano passado, o pr�prio Minist�rio do Turismo j� havia obtido uma carta de anu�ncia da MRS Log�stica, concession�ria respons�vel pela opera��o do trecho ferrovi�rio . A empresa manifestou concord�ncia com a continuidade do projeto.

Segundo o Minist�rio do Turismo, a proposta � que a linha f�rrea tenha capacidade para transportar 1,4 mil pessoas por dia, em duas locomotivas com dez vag�es cada. O trajeto seria feito em cerca de uma hora.

A pasta quer agora criar um grupo de trabalho com representantes do Minist�rio da Infraestrutura, do governo mineiro, da Vale, da Ag�ncia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

O Minist�rio P�blico Federal (MPF) tamb�m acompanha a situa��o desde o primeiro momento. Em abril do ano passado, uma recomenda��o foi destinada � ANTT para que fossem agilizados os processos necess�rios para a libera��o da cria��o da linha f�rrea.

Tamb�m foi sugerido que cess�es de bens m�veis fossem avaliadas pelo Dnit, �rg�o respons�vel pela ger�ncia do patrim�nio ferrovi�rio herdado da antiga Rede Ferrovi�ria.

De acordo com o MPF, h� vag�es de passageiros estacionados no p�tio ferrovi�rio da cidade de Santos Dumont (MG) que podem ser usados no projeto, j� que precisam ter alguma destina��o para n�o se deteriorarem.

Depend�ncia

A constru��o da linha f�rrea entre Belo Horizonte e Brumadinho � discutida como uma poss�vel medida compensat�ria que poder� ajudar a contornar o impacto econ�mico causado pela interrup��o definitiva da Mina de C�rrego do Feij�o, que n�o voltar� a operar.

As prefeituras das cidades atingidas t�m reivindicado, nas negocia��es em torno da indeniza��es, apoio da Vale e do estado para diminuir a depend�ncia da minera��o .

Um estudo desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e apresentado meses antes da trag�dia, mostrava que a minera��o respondia por 35% da massa total de remunera��es em Brumadinho.

O cientista social Tadzio Coelho, respons�vel pela pesquisa, constatou que a atividade miner�ria contribuiu para que o Produto Interno Bruno (PIB) per capita de Brumadinho fosse, em 2016, o 51º mais alto entre os 853 munic�pios mineiros.

Ele, no entanto, observa que essa depend�ncia tamb�m cobra um pre�o e re�ne dados que abrangem a dimens�o da desigualdade da riqueza proporcionada por essa op��o econ�mica.

Em 2016, 33,5% da popula��o viviam em domic�lios com rendimentos mensais de at� meio sal�rio m�nimo por pessoa, o que posicionava Brumadinho em 611ª entre as 853 cidades do estado", registra o estudo.

O pesquisador acredita que uma das dificuldades da busca por alternativas econ�micas est� ligada ao intenso direcionamento dos investimentos p�blicos para a manuten��o e incentivo da atividade principal.

Ele defende que a constru��o dessas alternativas se d� a partir da cria��o e utiliza��o de canais de delibera��o onde a popula��o possa se manifestar .


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