
A pouco mais de um m�s do Natal, as fam�lias j� come�am a pensar nas confraterniza��es de fim de ano, que, desta vez, ser�o de forma nunca imaginada devido �s medidas sanit�rias impostas pela pandemia do coro- nav�rus. Ser� poss�vel festejar sem abra�os, beijos, apertos de m�os e votos de felicidades desejados bem perto do rosto? Cada um tem seu roteiro para celebrar: distanciamento, uso de m�scara, "cotoveladas" � meia-noite e entrega de presentes bem de longe."� dif�cil celebrar sem abra�os, mas vamos fazer o qu�? E os presentes ser�o entregues de longe. Nunca na minha vida pensei que f�ssemos enfrentar uma situa��o assim"
Lindalva Silveira Carneiro, designer de moda, ao lado do marido, Anat�lio Carneiro
Membro do Observat�rio COVID-19 BR, o f�sico Vitor Mori, p�s-doutorando na Faculdade de Medicina da Universidade de Vermont (EUA), destaca que a confraterniza��o familiar apresenta um risco elevado, uma vez que pessoas estar�o pr�ximas dentro de um mesmo ambiente. Apesar disso, o especialista d� dicas para diminuir as chances de cont�gio.
O primeiro passo, de acordo com Mori, � adotar a quarentena 14 dias antes da noite de Natal. O isolamento no prazo citado – que � considerado por especialistas o tempo em que os sintomas da COVID-19 costumam aparecer – garante uma seguran�a maior aos parentes no dia da confraterniza��o.
“D� para fazer isolamento mais curto, mas isso tende a aumentar os riscos e diminuir a efici�ncia da quarentena. Eu n�o recomendo isolamentos menores do que sete dias. Fazendo o isolamento de 14 dias, tomando todos os cuidados, d� para encontrar todo mundo tranquilo, n�o precisa se preocupar tanto, d� para garantir uma seguran�a maior”, pontua Vitor.
“D� para fazer isolamento mais curto, mas isso tende a aumentar os riscos e diminuir a efici�ncia da quarentena. Eu n�o recomendo isolamentos menores do que sete dias. Fazendo o isolamento de 14 dias, tomando todos os cuidados, d� para encontrar todo mundo tranquilo, n�o precisa se preocupar tanto, d� para garantir uma seguran�a maior”, pontua Vitor.
A quarentena de 14 dias, para quem puder, tamb�m � fundamental, de acordo com o especialista, para pessoas que v�o visitar parentes em outras localidades. Nesse caso, segundo Mori, o isolamento tem que ser feito j� na cidade dos familiares. A dica � v�lida sobretudo para pessoas que v�o utilizar �nibus ou avi�o como meios de transporte.
“Para quem n�o puder, uma dica que dou � tentar fazer um encontro com menos gente. Eu sei que � o momento que a gente quer trazer toda a fam�lia, mas � um ano at�pico e que a gente tem que tomar certos cuidados. Ent�o, � tentar fazer um encontro com um n�mero de familiares mais pr�ximos, como pai, m�e e irm�”, ressalta.
Outra op��o para diminuir os riscos durante a confraterniza��o de Natal � a realiza��o de testes, com exce��o do teste r�pido. “Tem que ser o RT-PCR ou o RT-LAMP, que pegue a presen�a do v�rus no momento. Mas, mesmo assim, n�o � risco zero. Tem muito falso- negativo”, alerta Mori. Ele tamb�m lembra que � fundamental escolher um im�vel com espa�o amplo para realizar a ceia de Natal – de prefer�ncia, uma casa que tenha um espa�o ao ar livre, como um quintal.
Caso a fam�lia seja recebida em um apartamento, olho na ventila��o, com todas as janelas abertas. Uma boa t�tica para a troca de ar � a ventila��o cruzada, quando um ventilador fica pr�ximo da janela puxando o ar de fora para dentro, enquanto outro aparelho, em outra janela, faz o movimento inverso: puxando o ar de dentro para fora.
Caso a fam�lia seja recebida em um apartamento, olho na ventila��o, com todas as janelas abertas. Uma boa t�tica para a troca de ar � a ventila��o cruzada, quando um ventilador fica pr�ximo da janela puxando o ar de fora para dentro, enquanto outro aparelho, em outra janela, faz o movimento inverso: puxando o ar de dentro para fora.
Mesmo em fam�lia, Vitor Mori destaca que � fundamental o uso da m�scara enquanto estiver havendo di�logo, uma vez que � na fala que got�culas s�o expelidas, o que aumenta o risco de cont�gio. Nesse caso, s�o exigidos acess�rios de boa qualidade, sobretudo para quem � do grupo de risco, que deve usar m�scaras modelo N95.
Ao alimentar, os parentes devem evitar compartilhar utens�lios como talheres, pratos e copos. “Na troca de presentes, o mais importante � estar de m�scara. Se for num local aberto, voc� tem uma seguran�a maior. Eu recomendo usar m�scara at� em local aberto, pois � um cuidado que vale a pena ter”, diz o especialista.
Ao alimentar, os parentes devem evitar compartilhar utens�lios como talheres, pratos e copos. “Na troca de presentes, o mais importante � estar de m�scara. Se for num local aberto, voc� tem uma seguran�a maior. Eu recomendo usar m�scara at� em local aberto, pois � um cuidado que vale a pena ter”, diz o especialista.

"Talvez seja at� uma comemora��o virtual. � fundamental ficarmos conscientes de que se trata de um momento para o qual devemos estar protegidos contra a doen�a"
Gilka Maria de Moraes Oliveira, moradora do Bairro Novo Gl�ria
Tradi��o alterada
Na casa de Anat�lio Carneiro, de 85 anos, procurador federal aposentado, e Lindalva Silveira Carneiro, de 83, designer de moda, a comemora��o do nascimento de Jesus sempre foi motivo para rezar em fam�lia e compartilhar a alegria de reunir os cinco filhos, noras e netos, num total de 27 pessoas. Desta vez, tudo ser� bem diferente, "sem aglomera��o, como � necess�rio", diz dona Lindalva, que fez anivers�rio na �ltima sexta-feira e achou melhor adiar o almo�o comemorativo na casa do bairro Jaragu�, na Regi�o da Pampulha, em Belo Horizonte. "Vai ficar l� para o fim do ano", avisa com tranquilidade.
Casados h� 60 anos e muito cat�licos, Anat�lio e Lindalva mant�m a tradi��o de, na passagem de 24 para 25 de dezembro, ajoelhar e rezar o ter�o com os filhos Cl�udia Fernanda, Edmilson Tadeu, K�tia Mar�lia, Paulo Henrique e Allan C�sar. "Faltando 10 minutos para a meia-noite, come�a- mos. � muito importante, tenho todos os meus filhos bem, com sa�de, � o que importa", conta Lindalva, que gosta de cuidar de todos os detalhes.
Depois, � hora de saborear a ceia preparada no capricho. Com as restri��es sanit�rias, apenas o casal e os filhos estar�o em casa neste Natal. "E vamos rezar o ter�o, se Deus quiser. � dif�cil celebrar sem abra�os, mas vamos fazer o qu�, n�? E os presentes ser�o entregues de longe. Nunca na minha vida pensei que f�ssemos enfrentar uma situa��o assim."
Depois, � hora de saborear a ceia preparada no capricho. Com as restri��es sanit�rias, apenas o casal e os filhos estar�o em casa neste Natal. "E vamos rezar o ter�o, se Deus quiser. � dif�cil celebrar sem abra�os, mas vamos fazer o qu�, n�? E os presentes ser�o entregues de longe. Nunca na minha vida pensei que f�ssemos enfrentar uma situa��o assim."
Hor�rio marcado
Janelas bem abertas, m�scaras de prote��o, distanciamento social e hor�rio marcado. Assim ser� a comemora��o de Natal do casal Luiz Carlos Ferreira, m�dico, e Paola Maria Carvalho Potenza, dona de casa, com os filhos Mariana, de 29, Lucas, de 26, e Juliana de 23, residentes no bairro Serra, na Regi�o Centro-Sul da capital. O costume da fam�lia � celebrar o Natal na casa dos pais de Luiz Carlos, o tamb�m m�dico Carlos Eduardo Ferreira, de 85, e Clene Lemos Ferreira, de 84. "No total, somos sempre 15 pessoas na casa dos meus sogros, entre familiares e agregados. Felizmente, incluindo meu marido, que atua na linha de frente em hospital, ningu�m desse grupo teve COVID-19", conta Paola.
As orienta��es do especialista Vitor Mori soam um pouco exageradas para Paola Potenza, especialmente quanto � necessidade de teste negativo para a doen�a e quarentena pr�via, embora esteja ciente da necessidade de respeito, mesmo em ambiente familiar, ao distanciamento nos festejos de fim de ano.
"N�o podemos aglomerar de jeito nenhum. Por isso, de comum acordo, resolvemos marcar hor�rio: a ceia vai come�ar �s 21h e terminar �s 23h. Desse jeito fica mais tranquilo para todo mundo."
"N�o podemos aglomerar de jeito nenhum. Por isso, de comum acordo, resolvemos marcar hor�rio: a ceia vai come�ar �s 21h e terminar �s 23h. Desse jeito fica mais tranquilo para todo mundo."
A fam�lia n�o abre m�o das suas ora��es na v�spera do dia 25. "Todos os anos, fazemos quest�o de rezar e agradecer a Deus pela vida, pedindo gra�as para todos", revela Paola diante de uma imagem antiga do Menino Jesus, herdada da m�e, Maria Izabel Po- tenza. "Com o hor�rio marcado para a reuni�o natalina, cada um ficar� livre para celebrar o nascimento de Jesus como achar me- lhor. Uns poder�o ir � igreja e outros rezar em casa, como faremos � meia-noite."

Criatividade para comemorar
"Sejamos criativos." Essa � a mensagem, em tempos pr�-natalinos, da professora Gilka Maria de Morais Oliveira, moradora do bairro Novo Gl�ria, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. Casada e sem filhos, Gilka e o marido t�m o costume de se reunir na resid�ncia dos pais dela, onde os sete irm�os (cinco mulheres e dois homens), acompanhados de filhos, netos e tr�s bisnetos, participam da celebra��o do nascimento de Jesus. N�o faltam ora��es e mesa farta com pernil, farofa "deliciosa", segundo ressalta Gilka, bacalhau assado, muita salada e frutas. "� sempre alegre", orgulha-se.
O "card�pio" desta vez ser� diferente. "Ainda est� cedo para decidir como faremos, mas certamente haver� nova din�mica, ainda mais porque meu pai, Belis�rio Elias de Moraes, est� com 84 anos, e minha m�e, Maria Helena de Moraes, com 80. "Ent�o, o mais importante � sermos criativos", diz a professora, lembrando que o ponto alto da confraterniza��o da fam�lia, que � evang�lica, est� no momento de ora��o: “Em todo Natal, agradecemos a Deus pelos alimentos, pela uni�o e por mais um ano. Festejar o nascimento de Jesus Cristo � tradi��o na casa dos meus pais”.
A pandemia do novo coronav�rus n�o vai impedir que a fam�lia se encontre na v�spera do dia 25 do jeito que for poss�vel. "N�o sabemos o que vai acontecer at� l�. Talvez seja at� uma comemora��o virtual. Mas creio que n�o precisaremos chegar a extremos, a exemplo de pedir teste para a COVID-19 ou exigir quarentena dos familiares. � fundamental ficarmos conscientes de que se trata de um momento para o qual devemos estar protegidos contra doen�a."
Dicas de preven��o
Orienta��es para confraterniza��o familiar
» Isolamento por 14 dias antes do Natal, prazo considerado por especialistas para aparecerem os sintomas da COVID-19
» Confraterniza��o com o menor n�mero poss�vel de pessoas
» Fazer testes RT-PCR ou RT-LAMP, que peguem a presen�a do v�rus no momento
» Fazer a ceia de Natal em im�vel amplo, de prefer�ncia em casa com espa�o ao ar livre ou quintal
» Confraterniza��o em apartamento deve ter muita ventila��o, todas as janelas abertas
» Em apartamento, uma boa pr�tica para a troca de ar � a ventila��o cruzada, um ventilador pr�ximo da janela puxando o ar de fora para dentro e outro em outra janela fazendo o movimento inverso, puxando o ar de dentro para fora
» � essencial o uso de m�scara durante as conversas e na troca de presentes entre familiares, porque got�culas expelidas aumentam risco de cont�gio
» N�o compartilhar pratos, talheres e copos