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Estado de Minas Tempo de Natal

Artes� renova a tradi��o dos pres�pios com antigo of�cio de decorar tecidos

Para garantir a arte da representa��o do nascimento de Jesus, artes� de Santa Luzia, na Grande BH, confecciona panos decorados usados na moldagem das montanhas de Bel�m


24/11/2020 06:00 - atualizado 24/11/2020 07:12

Nice Lima da Silva se dedica a encomendas para entrega em dezembro, mantendo o delicado e complexo trabalho manual que aprendeu com a mãe
Nice Lima da Silva se dedica a encomendas para entrega em dezembro, mantendo o delicado e complexo trabalho manual que aprendeu com a m�e (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


Dezembro ainda n�o come�ou e muitos artes�os j� est�o trabalhando com devo��o para manter vivas as tradi��es bem mineiras do per�odo natalino , entre elas a montagem dos pres�pios que ocupam lugar de destaque em casas da capital e do interior. Senhora de um of�cio desconhecido por muita gente, especialmente das novas gera��es, a aposentada Nice Diniz Lima da Silva, a Nicinha, de 71 anos, est� a postos para fazer os “panos de pres�pio ” que, moldados pelas fam�lias, v�o se transformar nas montanhas de Bel�m , onde o Menino Jesus nasceu.

 

“Se o sol ajudar, o pano seca bem r�pido, mas, do contr�rio, leva algumas horas”, conta Nicinha na varanda de sua casa no Bairro Bom Jesus, em Santa Luzia , na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Na confec��o das pe�as, ela usa pedras brancas, caquinhos de vidro, de prefer�ncia verdes ou azuis, sacos alvejados para a base, grude caseiro feito com polvilho e �gua, e tinta em p� dessas pr�prias de roupas. H� quem prefira com esmeril, ent�o ela manda comprar o p� de min�rio no Mercado Central de Belo Horizonte. “Antigamente, as pessoas traziam as pedras da Serra da Piedade (em Caet�, na Grande BH) e a gente quebrava para tirar o esmeril . Mas foi proibido, a� o jeito � inventar.”

 

Enquanto prepara mais uma pe�a e se mostra satisfeita com tantas encomendas, Nicinha explica que aprendeu a t�cnica totalmente artesanal com a m�e, Zilda Torres Lima, que morreu aos 86 anos em 2003. “Ela aprendeu com minhas tias e sempre gostou de fazer pres�pios, desde o tempo em que mor�vamos na fazenda, em Andrequic�, onde nasci, um lugarejo aqui em Santa Luzia. J� minha av� n�o gostava de jeito nenhum”, revela com um jeito bem mineiro.

 

Lembrando que na inf�ncia tinha verdadeira fascina��o pelos pres�pios da fazenda do pai, Jos� Diniz, Nicinha foi surpreendida, aos 4 anos, ao ganhar um de presente. “Meu pai foi vender as mercadorias, frutas e verduras no Mercado Central, e voltou com o pres�pio para mim. Fiquei muito feliz. Sobraram poucas figuras, foi se desgastando, pois era fr�gil.”

 

 

Sem cortar


O processo para fazer os panos de pres�pio exige paci�ncia e concentra��o. Antes de tudo, Nicinha coloca sobre brasas as garrafas – de prefer�ncia casco verde de cerveja e refrigerantes, que recebe em doa��o de amigos. Ap�s retir�-las do fogo, a artes� d� “um choque” com �gua fria, o que faz o vidro trincar. A pr�xima etapa � quebrar bem e fazer dos caquinhos a mat�ria-prima da sua arte. “Agindo assim, o vidro fica sem pontas e n�o corta a m�o da pessoa que monta o pres�pio”, avisa.

 

 

Com o pano de saco alvejado estendido sobre a mesa, Nicinha passa uma grossa camada de grude com a tinta na cor desejada: “Pode ser vermelha, marrom, verde, azul ou at� mesmo branca. Outro dia, uma pessoa pediu todo branco, mas n�o gosto muito, deixa o pres�pio triste. Cada um tem um gosto. J� um casal, que monta o pres�pio h� anos, encomendou v�rios panos vermelhos.” Uma orienta��o importante � que o saco precisa ser alvejado, sen�o o grude n�o pega.

 

Com a base pronta, est� na hora de salpicar os caquinhos de vidro, os maiores primeiro, depois os menores, e as pedras. “Antes, eu catava as pedrinhas no quintal, mas hoje encontro na floricultura, o que facilita demais.” Servi�o terminado, agora � torcer para o sol brilhar.

 

Interesse Vi�va e sem filhos, Nicinha lamenta que poucas pessoas se interessem, hoje, em aprender o of�cio que a acompanha h� mais de seis d�cadas. “Tamb�m fa�o am�ndoas para coroa��o de Nossa Senhora, algo que aprendi quando crian�a, mas vejo que pouca gente tem vontade de aprender como se faz”, acrescenta.

 

Mas, m�os � obra, pois Nicinha est� preocupada, neste m�s, com as encomendas. “Mais adiante � que vou fazer meu pres�pio. As pessoas n�o deixaram de lado a tradi��o com a pandemia do novo coronav�rus, os pres�pios continuam presentes nas casas”, revela. Com tantos anos de experi�ncia, a artes�, que � muito cat�lica e ajuda no Santu�rio Arquidiocesano Santa Luzia, na sua cidade, tem uma certeza: as fam�lias n�o fazem pres�pios para receber visitas, mas para celebrar o nascimento de Jesus. 

 

Circuito para visita��o

Em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, h� forte tradi��o de pres�pios e um circuito especial para visita��o �s casas no per�odo natalino. No total, s�o 42 resid�ncias cadastradas pela Secretaria Municipal de Cultura que abrem as portas para receber gente de todo canto. Desta vez, devido � pandemia do novo coronav�rus, a tradi��o ser� mantida, mas a prefeitura local ainda estuda os protocolos sanit�rios a serem adotados, porque 50% das pessoas respons�veis pelos pres�pios t�m mais de 60 anos, estando, portanto, no grupo de risco. Informa��es com Marco Aur�lio Fonseca, pelo telefone (31) 3641-4791. 


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