
Mesmo com a op��o de manter o com�rcio aberto em Belo Horizonte, os infectologistas que integram o Comit� de Enfrentamento ao Coronav�rus na capital fazem novamente um apelo para que as pessoas sigam as medidas de isolamento orientadas no in�cio da pandemia. Com base nos indicativos do munic�pio (taxas de transmiss�o por infectado e ocupa��o de leitos), a prefeitura optou por manter a flexibiliza��o das atividades, embora tenha advertido que poder� fechar a cidade a qualquer momento - mantendo apenas os servi�os essenciais.
A PBH autorizou que o com�rcio funcione nos pr�ximos tr�s domingos para se beneficiar das compras do Black Friday e tamb�m de Natal. Mas o m�dico Estev�o Urbano alerta que Belo Horizonte vive um cen�rio perigoso acerca do crescimento de casos e mortes.
"Essa abertura � justamente para diluir as compras, para que as pessoas n�o se aglomerem e obviamente diminuam a chance de transmiss�o cruzada no com�rcio. Agora, por outro lado, estamos vivendo momento decisivo em rela��o � possibilidade ou n�o de termos que adotarmos medidas r�gidas, inclusive fechamento. Belo Horizonte tem que defender um legado constru�do durante a pandemia de ser uma das capitais com o menor n�mero de mortes por 100 mil habitantes", afirma o infectologista.
Ele volta a frisar que o comit� adotar� as medidas que s�o necess�rias para preservar a vida dos belo-horizontinos: "A pandemia continua e a ci�ncia continua sendo o carro-chefe do prefeito em rela��o � orienta��o das condutas. O comit� n�o abrir� m�o de recomendar medidas que valorizam a vida em primeiro lugar".
Carlos Starling chamou a aten��o das pessoas que j� tiveram o v�rus, mas que deixam de manter os cuidados com a doen�a: "Tenho dito h� bastante tempo que a pandemia n�o � para sprintista. E sim para maratonista, ou seja, de longo prazo. Temos que exercitar tudo o que fizemos: distanciamento, isolamento, higiene, fundamentalmente usar m�scaras. E um aspecto que n�o cont�vamos com ele e n�o � boa not�cia: a possibilidade de nova infec��o. Aquelas pessoas que tiveram quadros brandos e que acham que est�o livres n�o est�o liberadas. N�o sabemos o tamanho desse problema, mas certamente j� foi comprovado. A partir dos tr�s meses, a corrente de anticorpos na corrente sanguinea cai de forma progressiva e n�o sabemos o papel da imunidade celular na prote��o".
Sa�de em colapso
Una� Tupynamb�s lembrou que a expans�o da COVID-19 ocorre simultaneamente ao aumento das demais enfermidades, que trazem colapso para o sistema de sa�de: "Esse momento � mais tenso do que a primeira fase em mar�o. Temos visto press�o no sistema de sa�de de outras doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis. Diabete, hipertensos, renal e pessoas com doen�as no pulm�o. Com a pandemia, o controle dessas doen�as fica prejudicado. E agora essas doen�as est�o cobrando, com maior risco para elas. Isso tudo aumentou durante o segundo semestre. E agora temos as doen�as de virose, que chegam agora com o ver�o, como dengue, zika e chikungunya. E mais o tr�nsito � quase normal. Tem impacto quase normal nos acidentes. O SUS est� sendo bombardeado por v�rias doen�as".
Segundo ele, o fechamento das atividades pode ser a solu��o para o controle das taxas de ocupa��o de leitos e da sa�de em geral na cidade: "A popula��o est� cansada. Ela banalizou e perdeu o medo, o que fez aumentar a taxa de transmiss�o. Muitos jovens n�o impactam na assist�ncia, mas levam a doen�a para os mais idosos. Come�a a ter um impacto. A a��o tem de ser r�pida. Numa semana, o sistema entra em colapso. Na quest�o do fechamento, ele pode ser amanh�. Podemos come�ar por esses lugares de transmiss�o mais intensa, como butecos, bares, restaurantes, igrejas e academias".
Sem vi�s pol�tico
Estev�o Urbano lembrou que a abertura ou o fechamento da cidade n�o tem a ver com o per�odo das elei��es. Ele garantiu que, se a cidade tivesse aumento de casos e mortes fora do normal, o comit� n�o teria medo de adotar medida mais en�rgica: "O comit� � absolutamente t�cnico, sem conota��o pol�tica. O cont�gio aumento um ou dois dias antes das elei��es. Foi apenas uma coincid�ncia. Se tiv�ssemos que chamar essa reuni�o antes da elei��o, n�o teria nenhum impedimento para que houvesse preju�zo de A, B ou C. Flexibiliza��es, viagens, feriados e o cansa�o da popula��o coincidiram com o aumento dos casos em todo o pa�s".
O secret�rio municipal de Sa�de, Jackson Machado Pinto, completou o pensamento de Urbano: "Ci�ncia n�o pode ser influciada por pensamentos pol�ticos, ideol�gicos, partid�rios ou religiosos. Nenhum de n�s tem vi�s nesse sentido".